Falou que ia e foi, disse que não voltava e não voltou. Tem palavra essa mulher, tem peito essa pequena. Atitude de verdade não é para qualquer um, independente de qualquer coisa.
A filha da mãe, e do pai também, largou-me as cinco no cais e foi para o aeroporto dar entrevista para maluco. Pretensão minha achar que ela viajaria comigo naquele cruzeiro interminável em que fui me meter.
Finda as entrevistas ela pegou o primeiro avião para bem longe e a ideia inicial era me encontrar na chegada do cruzeiro à ultima cidade do tour. Erramos a data, planejamos mal e ela foi para em outro lugar enquanto eu, lá, no fim do mundo, a esperava em vão.
O telefone que nunca chamou ou que sempre chamou, mas ninguém atendeu, nem eu e nem ela, os e-mails que nunca foram lidos ou foram e não tiveram resposta, nem minha e nem dela. A comunicação não foi das melhores, mas o desejo ainda era forte e por isso continuamos a tentar, tínhamos que nos encontrar.
Ela disse que ia, ela disse que não voltava. Ela foi e não voltou. Eu não fui, mas deveria ter ido. Voltei, mas não deveria ter retornado. Nos desencontramos mais uma vez e ela fez valer a sua lei, me deixou definitivamente.
O cais foi só um pretexto, a entrevista e a viagem também. O cruzeiro foi meu erro adolescente, minha fantasia de carnaval antecipada. O que vivemos foi um sonho mágico que não se concretizou.