O café bem quente soltando fumaça e exalando seu odor característico por todos os lados teimava em lembrar aos envolvidos que era hora de levantar, tomar uma decisão e fazer as coisas acontecerem. Os envolvidos não estavam distantes da realidade, apenas haviam perdido a noção da hora e não queriam ter que voltar às mesmas responsabilidades de antes.
Ele, 45 anos, divorciado.
Ela, 38 anos, solteira.
Ele, dono de uma confecção e workaholic assumido, tem plena convicção de que foi isso que acabou com seu casamento e que pode também minar suas futuras relações.
Ela, gerente de processos de uma grande empresa e boa vivant assumida, tem plena convicção de que isso a afasta de muitos homens, que inseguros não conseguem lidar com uma mulher bonita, inteligente e independente.
Estavam em uma festa de um amigo em comum e por obra do acaso conheceram-se, encantaram-se e ficaram juntos na festa, no bar, no carro e por fim na casa dela. Fizeram sexo no quarto, não necessariamente apenas na cama, na sala, na cozinha e no banheiro. Beberam vinho, três garrafas, água e champanhe. Tomaram folego, perderam a respiração, tiveram calafrios, arrepios e muito prazer.
Ao meio dia, ao acordar, ela se lembrou da reunião importante com o diretor, ele se lembrou da compra urgente de tecidos para a nova coleção e decidiram então, apenas tomar aquele café bem quente, relaxar e esquecer o mundo lá fora.