Passando devagar pelo caminho que pode levar ao final da jornada, encontrei pétalas de rosa e margaridas espalhadas pelo chão, eu estava certo, o fim existe e não é tão ruim quanto eu pensava. Alias, por pensar demais, ainda não cheguei a lugar algum, mas descobri que preciso de mais suprimentos, a viagem é longa.
Como nem só de flores e suprimentos vive o homem, vou precisar também de um pouco de sorte e alguma pequena dose de ousadia para não ser surpreendido no exato momento da chegada. Será que a porta estará aberta? Será que vou encontrar as mesmas coisas que deixei? Será que todas as suposições, teorias e pensamentos desconexos vão me ajudar nesta hora? Acho que não, melhor mudar o foco e me concentrar no que realmente importa.
Coelhos de olhos azuis passam por mim e escondem-se atrás dos arbustos, o sol já se põe e ainda não alcancei a metade do caminho. O resto de forças que ainda tenho não será suficiente para um ultimo abraço e por isso vou descansar dois dias antes de prosseguir. Ainda é cedo para ter medo de escuro e tarde para voltar atrás.
Confesso que já me esqueci do seu sorriso, mas lembro-me com ternura da ultima vez que demos as mãos e caminhamos pela cidade olhando as cores, os detalhes, as pessoas apressadas e tudo aquilo que nunca fez parte da nossa vida. Balões ainda são frágeis, você ainda é linda e eu tolo demais a ponto de me perder. Não, eu não vou mais sofrer.
