Ser comida com os olhos todos os dias, a cada minuto, por cada homem diferente que passa por mim, não é um privilégio. Já gostei disso, de me sentir desejada, de ser o sonho de consumo de todos eles, mas hoje não estou mais nessa energia. Não quero mais ser mero objeto, brinquedo de gente grande. Passei da fase da necessidade para a fase da qualidade. Incomoda a sensação de que para eles, não passo de um pedaço de carne, porque sou muito mais do que isso.
Eu, graças a Deus, nasci ruiva, virei morena, mas sou loira por vocação. Essa coisa de fêmea fatal sempre me instigou e resolvi por a prova. Funcionou até melhor do que eu esperava e foi bom, mas acabou. Ainda estou em forma, até mais gostosa do que antes e sei que se quisesse teria muitos aos meus pés.
Abandonei as roupas curtas, os decotes e os vestidos justos. Estou tranquila, sem necessidade de aparecer. Sigo a vida sem maiores sobressaltos, faço o que tem que ser feito, sem pressa. Estou sozinha porque quis assim, não vejo motivos para aparecer de braços dados com alguém que em nada me acrescenta.
E é isso, sou o que sou sem tirar e nem por. Continuo despertando a inveja das mulheres e a cobiça dos homens.
