A porra do filho da puta do taxista acha que a avenida é toda dele e anda como se fosse o dono da rua. Se essa merda desse caminhão fosse meu, já tinha enfiado ele na traseira daquele santana velho. Quer ver raça que eu tenho ódio é essa de taxista, os caras dirigem todo o dia e mesmo assim não aprendem, só fazem cagada.
Mercadoria toda entregue e vamos tomar uma gelada no bar da Valdete, bem em frente ao deposito. Eu chamo de bar, mas ela põe umas mesas e umas cadeiras na calçada e abre a janelinha que fez na garagem para vender bolo de fubá tijolo, café horrível, pastel gordurento e cerveja Cristal morna.
Fazer o que se a turma do caminhão adora aquele troço e ficar colocando ficha na maquininha de música para ouvir forró. É tudo mundo mano então tá todo mundo junto, não posso ficar dando uma de fresca, trampo com eles, me divirto com eles.
O foda é que depois da sexta Cristal morna eu fico no veneno e aí entro numa de agarrar o Anaílsson, um paraíba barrigudo, mas forte pra caramba. Ô homem de uma peste, feio que dá dó, mas eu to velhinha, mas não estou morta.
Eu, Maria das Dores Pereira, 75 anos, Motorista de caminhão das Casas Bahia, Workaholic.