Consegui me disfarçar no meio da multidão e enquanto todos estavam ali fingindo ser o que nunca foram, vivendo suas vidas medíocres, eu disfarçado de mim mesmo permaneci inerte a tudo e a todos. Comprei bilhetes de ida, pipocas e refrigerante diet. Comi salada, bebi uísque e voltei a pé.
Sempre que isso acontece, que me disfarço de mim escondendo-me do mundo é porque alguma coisa deu errado, eu falhei. Sou humano e sei que vou falhar uma hora ou outra, mas tento evitar estar sempre a mercê de dias iguais com pessoas iguais a minha volta.
Perfumei o ar que respiro com o seu cheiro e viajei no azul dos seus pensamentos, mas me enganei quando achei que estava certo em apostar todas as fichas em uma única máquina, em uma única jogada. Errei por ser eu mesmo quando todos fingiam ser quem nunca serão dia algum.
Paguei por ser sincero com meu coração, com meus sentimentos e com a minha paz. Paguei por estar alheio às nuvens que já cobriam o céu e aos poucos ofuscavam o sol. Paguei por querer o que talvez nunca mereci.
Hoje é fácil sorrir enquanto quero chorar, mas é difícil chorar quando se tem que sorrir. Por tudo isso, eu agradeço por todo o nada que estou vivendo e por tudo o que ainda vai passar.