Muitas doses depois e com a garrafa ainda pela metade, meus olhos tiveram uma visão meio estranha. Uma deusa de ébano parada a minha frente me encarava como se eu tivesse feito algo de muito, mas muito errado. De fato eu tinha acabado de pisar na bola com a Ângela por causa de um beijo na Brenda, mas será que isso era motivo para essa desconhecida me encarar assim?
De certo havia bebido demais, só podia ser. Brenda era uma ruiva de se tirar o chapéu, mas não era motivo para eu estar sendo tão castigado assim. Sempre tive uma queda por uma ruiva e queria provar um exemplar da espécie.
A Brenda era ruiva original e não de farmácia. Ruivas de fato não se acham na esquina, portanto, na primeira chance que eu tive, não perdoei. Mas essa negra deliciosa na minha frente eu não sabia quem era.
- Bebes com vontade! Ou está feliz porque ganhou alguma coisa ou está afogando as mágoas. Com essa cara de bunda que você está, só pode estar afogando as mágoas. Acertei?
- Depende do ponto de vista, pois nem sempre quando se termina com alguém afogamos as mágoas, muitas vezes comemoramos.
- Com essa cara?
- Nasci com ela, não tinha como comemorar com outra.
- Certo. Desculpe-me pela indelicadeza e pelo abuso de chegar assim, mas não pude deixar de lhe notar da minha mesa e resolvi verificar o que um cara como você faz sozinho com uma garrafa de Black Label a tiracolo.
- Em geral eu sei com quem estou falando...
- Cristina, toda sua.