sábado, abril 09, 2011

Neide

neide

Pequenos atos de loucura cometidos em meio ao caos cotidiano transformam a vida em algo lúdico demais para ser sentido. Pequenos atos de loucura são a nossa fuga das transformações pelas quais passamos todos os dias.

Neide sempre lutou contra isso e contra todos os que insistiram e conseguiram interná-la no melhor hospital psiquiátrico do país. Ela não sofria de esquizofrenia e muito menos era louca, mas eles achavam que sim e por isso ela foi parar lá.

Sem direito de defesa e nem chances de reclamação, ela apenas foi jogada lá no meio dos outros malucos e tinha tudo para surtar como eles. Mas pelo contrário, se comportou como uma boa moça tomou todos os remédios tarja preta que lhe davam e depois de três anos trancada viu a luz do sol pela janela do carro de seus pais.

Nunca mais foi a mesma. Passou a usar maconha e dela para o crack foi um pulo, não passou pela cocaína, foi direto ao mais forte e nocivo. Não sei como não se viciou em nenhuma dessas drogas

Fugiu de casa seis meses depois e nunca mais foi vista, pelo menos não por aqueles que ela não queria que a vissem. A encontrei em saquarema, sentada em uma calçada recitando um poema para dois cachorros vira latas e com um sorriso arrebatador.

Não ousei interromper o momento, apenas fiquei de longe observando e quando me dei por satisfeito, segui em frente com a certeza de que louco éramos nós que não compreendíamos a beleza das coisas simples.

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