Fomos almoçar todos juntos no japonês do outro lado da rua, a turma do trabalho faz da hora do almoço um momento cheio de diversão e muito falatório. Era no almoço que malhávamos os políticos, o perna de pau do time, elogiávamos a gostosa da TV e é claro, comiamos e bem.
Eu já estava de olho na Lígia faz um tempo, desde que ela aportou no escritório para ser estagiária do Marques, o gordo do oitavo andar é que eu me liguei que aqueles olhinhos fechados tinham de ser apreciados mais de perto.
Nunca fui muito de nipônicas e congêneres, mas mulher é mulher e como diz o meu amigo Abreu, caiu na área é pênalti.
Lance melhor que a Lígia somente a Lílian e com ela, a porca torcia o rabo porque ela nunca foi de me dar confiança, o que dirá outras coisas mais. Nem babava em cima da carniça porque não sou de ficar valorizando mercadoria, mesmo ela merecendo. Isso é o que fazia a nossa intenção de relação ficar mais forte.
Eu queria, mas fazia que não queria. Ela já sabia da minha fama e fingia que não sabia ou que não estava doida para tirar a dos nove. Jogo de gato e rato é para os fracos.
Em uma certa idade você perde o direito de ficar fazendo joguinhos e ceninhas, você tem que ser reto e direto, quem faz curva é o vento. As mulheres não têm mais paciência para aturar barbado de frescurinha. Ou você é ou passa a vez para outro mais competente.
A Lígia, apesar de novinha já sabia disso e quando eu coloquei a mão na perna dela, na maior cara de pau mesmo, no meio do restaurante, ela apenas alertou:
- Não comece aquilo que não pode terminar!
Se a copiadora do quinto andar pudesse falar, descreveria a foda mais visceral que eu já tive nos últimos tempos. Tenho de me lembrar sempre, a partir de agora, que comida japonesa dá um tesão da porra.
Na minha cabeça veio o filme inteiro de todas as loucuras que eu fiz nos últimos dias e mesmo tenho dado duas maravilhosas com a Inês e a Ivete juntas, a Lígia no alto dos seus dezoito aninhos, fez as duas parecerem freiras do convento mais próximo.
Flexibilidade para alcançar os lugares mais inusitados é a chave da coisa toda e quando você tem apenas dezoito anos e um corpinho preparado, tudo fica mais fácil. Nem fiquei tentando imaginar como ela fazia aquilo, apenas curti o lance e me preocupei em não deixar a peteca cair.
Toda a empresa devia adotar a transa vespertina. Depois do almoço, você dá aquela relaxada e trabalha com dez vezes mais disposição e energia. O stress vai todo embora, a pele fica renovada e o sorriso no rosto transforma o ambiente.
- Lílian! Tem um segundo?
Comer a estagiária me deu animo para vôos mais altos, hoje eu vou passar a Lílian.