Peladão na porta do quarto vendo Inês e Ivete dormir abraçadinhas. Meio dia de domingo e depois de um inesperado ménage, a imagem das duas ali era a prova cabal da existência de Deus ou de algo que me queria muito bem.
Eu nem precisava roubar um cigarro da Inês e matar as saudades do vicio, mas o que fazer diante de uma cena tão contemplativa como aquela, uma baforada apenas não me faria mal. Uma dose de uísque também vai bem para acompanhar, mas depois de dois dias na bagaceira do álcool, fui só de cigarro mesmo.
Deixei as meninas dormindo porque a fome bateu e fui catar recheio para a barriga. Vou mandar uma massa porque assim quando elas acordarem já vão estar na fome mesmo e tudo se resolve.
- Que noite hein...
- Nem me lembro como saímos da boate, eu estava meio mal com aquela tal bebida refrescante que você pediu.
- Nem foi Ivete, você ficou mal foi de tanto dançar e achar que o mundo ia acabar.
- É, mas a Inês estava tão frenética na pista que eu tentei acompanhar.
- Eu? Frenética? Você não me conhece gata, aquilo foi a metade do que eu posso produzir. Se o DJ não for um martelo daqueles que deixam a gente pregada na pista, eu vou à lua e volto.
- Eu que sou eu, nunca consegui acompanhar esse pique da Inês para dançar.
- Esse macarrão é safado, mas com a fome que eu estou, comeria até areia da praia com água do mar sem reclamar.
- Então porque ta reclamando do macarrão? Come, repõe as energias que eu vou deixar as madames em casa.
- E a nossa saideira?
Vai vendo... Lá fomos nós para cama de novo.
Depois deixei cada uma no seu respectivo lar, peguei os contatos da Ivete e já agendei para a semana que vem. É sempre bom ter uma engatilhada para não correr o risco de ficar na pista à toa no final de semana.
Oito da noite sempre bate aquela deprê no domingo, entra a musiquinha do fantástico e você se lembra que amanhã é segunda e o mundo vai girar de novo naquela velocidade chata. Não tem jeito, é sempre segunda, terça, quarta e a mesma lenga lenga. De diferente só mesmo a Lígia, a estagiária de 18 aninhos lá do trabalho.
Nunca fui muito de menina novinha, mas a Lígia tem cara de quem sabe das coisas e aí eu pensei: “Porque não?”
Primeiro estou cercando o terreno, avaliando a estrutura e preparando o bote. Pelo pouco que conversamos na semana passada e pelo tamanho da sua saia, acho que vai rolar tranqüilo.