domingo, junho 30, 2013

E não é

e não é

Santinha do pau oco aquela lá. Santinha do pau oco literalmente. Não sei quem cunhou essa expressão, mas nela se encaixa como uma luva. Ela tem essa carinha de moça pura, inocente, frequentadora dos cultos matinais, mas a noite se transforma e sai do plumo.

Sobe a saia até o meio das coxas, e que coxas. Ajeita o decote o máximo que pode até os peitos saltarem para fora, pinta a boca de um vermelho mais quente que fogo e sai fogosa e faceira atiçando os homens por aí. Trabalha na zona mais popular da cidade, que alguns chamam de casa da luz vermelha, mas que de fato só tem uma lâmpada azul turquesa piscando sem parar.

Ela ia se casar com o Geraldo, o mais carola da cidade, mas de repente ele resolveu fazer teologia e se tornar pastor. Não que pastor não possa casar, até pode e o faz, mas o Geraldo achou por bem dela se separar. Com a rama de galhos que ele já tinha, foi melhor assim.

Tabata, nomezinho de puta, mas que todo mundo acha que é santa. Nada contra ela ser isso ou ser aquilo, cada um faz o que acha melhor da sua vida. O que acho interessante observar é que mesmo com todo o histórico, ela ainda consegue mexer com o meu coração.

sábado, junho 29, 2013

Papo de maluco

papo de maluco

“Trim, trim, trim, trim”
“Trim, trim, trim, trim”
“Trim, trim, trim, trim”
“Trim, trim, trim, trim”
“Trim, trim, trim, trim”.

Porra! Que raios de merda de barulho irritante, só pode ser mulher!

Mulher é que tem essa mania de não acreditar nas coisas e achar que a pessoa pode estar esperando o décimo quinto toque para se certificar que o telefone está mesmo tocando e atender. Mulher acha que a quantidade de toques influencia em alguma coisa e por isso, enquanto aparelho não desiste de gritar, ela continua ali firme e forte tentando fazer com que alguém atenda.

Será que elas não pensam que a pessoa pode ter morrido? Ou sei lá, estar em qualquer outro lugar menos perto do telefone? Chamou, não atendeu, desliga!

“Alô...”
“Oi, boa noite, com quem eu falo?”
“Com quem a senhora gostaria de falar?”
“Não sei, com quem eu falo?”
“A senhora fala comigo e como assim não sabe com quem quer falar?”
“Não sabendo, eu só queria mesmo era falar com alguma pessoa.”
“Porra! Você me faz perder o meu tempo atendendo a sua ligação e nem sabe com quem você quer falar.”
“Saber eu sei, queria falar com uma pessoa, qualquer uma que me atendesse.”
Vai, eu joguei pedra na cruz, cuspi nos pratos da santa ceia e fui muito desobediente no ano passado, só pode para isso estar acontecendo comigo. Não bastasse a merda do telefone ficar berrando insistentemente por horas, agora atendo e descubro que a louca não sabe nem com quem quer falar.

Tinha mesmo de ser mulher, pois são as únicas criaturas que conseguem e se prestam ao papel de ligar para um desconhecido, apenas por ligar, achando isso à coisa mais normal do mundo.

“Já lhe atendi, ouvi que você não sabe com quem quer falar e agora vou desligar porque tenho mais o que fazer.”
“Não, não desliga! Por favor, me escuta!”
“Como? Você quer que eu fique aqui te escutando? Não sou psicólogo ou bom ouvinte e tenho muita coisa para fazer, coisas estas melhores do que ficar aqui conversando com uma maluca.”
“Não sou maluca. Me escuta!”
“Então fala diacho! Você quer me vender o que? Quer me colocar em uma corrente? Quer que eu ajude a sua ONG? Você é da suipa? Médicos sem fronteira?”
“Não, eu sou apenas alguém que ligou para um numero qualquer e acabou sendo atendida, apenas isso”
“E por acaso este infeliz alguém que lhe atendeu fui eu.”
“Sim e é por isso que quero falar com você.”
“Então porque não fala logo.”
“Sei lá sabe, gostei de você e acho que vamos nos dar bem.”

A pior parte de se conversar com uma mulher é quando o instinto maternal delas aflora e elas acham que vão cuidar de você. É um saco isso. Eu, perdendo o meu precioso tempo com uma desconhecida ao telefone e ela com esse papo de que vamos nos dar bem.

Para inicio de conversa, o que ela aprecia eu adoro. Em segundo lugar, se eu quisesse me dar bem com alguém não ia ser por telefone e ainda mais com uma maluca qualquer.

“Filha, fala logo o que você deseja e me livra desse sofrimento.”
“Não sou sua filha, mas dependendo da sua idade, poderia.”
“Cruzes! Ainda não nos foi dado esse poder menina.”
“Como assim esse poder?”
“Querida. Hello. Não podemos engravidar, só vocês.”
“Claro, homens ajudam na concepção.”
“Só que eu amorzinho, não vou ajudar ninguém na concepção de nada. Sai de mim coisa ruim.”
“Como assim? Você não gosta de mulher?”
“Claro, adoro, minhas clientes são vocês.”
“Clientes? O que você faz? É vendedor de joias? De calçados? Roupas? É garoto de programa?”
“Não meu bem, eu sou hair stylist.”
“Hair o que?”
“Ih, já vi que esse papo não vai nos levar a lugar algum, passe bem e faça-me o favor de esquecer o meu numero.”
“Não moço!”
“Não é o inferno! Você já me alugou demais por hoje! Vá se catar!
“ Nossa, que falta de educação! Agora não quero mais falar com você! Tchau!”

“Tu, tu, tu, tu, tu...”

Filha de uma égua! E esse bina desgraçado que não funciona para eu pegar o numero dela e ligar para essa cachorra... Aí que ódio, deligou na minha cara!

sexta-feira, junho 28, 2013

Anos perdidos

anos perdidos

A informação inserida no sistema foi apagada meses depois do óbito. Ela perdeu muito sangue no caminho para o hospital central e não pôde ser salva pela equipe médica. Um dia após o outro tudo muda de lugar e ela, infelizmente, não vai estar lá para comprovar essa linda teoria.

Tolos vão tentar lhe convencer de que tudo não passou de brincadeira e você vai acreditar, não neles, mas naquilo que seus olhos não conseguem ver. O tão alto quanto for a sua vontade, será o seu desejo de viver e de sonhar.

Todos os anos devotados à causa, nobre, de tentar salvar o mundo, não lhe serviram de nada, pois ela não pôde ser salva por aqueles a quem dedicou à vida. Cartas, registros em locais distintos, fotos e mensagens de computador, servem de memoria daquilo que ela foi e do que ainda poderia ter sido. Alguém se esqueceu de contar as estrelas no momento em que ela morreu.

Hoje a poeira acumulada na estante registra as dores de uma vida em não conformidade com o que dizem ser o certo. Os móveis espalhados pela sala, a cama vazia no quarto e o monte de porta retratos com fotos de um casal sem rosto. Tudo é nada ao mesmo tempo em que o nada se parece com o pouco que temos.

Ah vamos nós – Por Ana Beatriz

ah vamos nos

Ah vamos nós, no calor da emoção, coração, peito aberto.

Ah vamos nós, nos entregar ao amor, a dor, a felicidade...

Sem pudor, sem rancor, sem pensar em nada, apenas vivendo...

quinta-feira, junho 27, 2013

Ele e ela

ele e ela

Ele era um cara tão legal, metido a intelectual, sempre deu pinta de maioral, cantava Beatles no karaokê e assistia a séries que ninguém vê.

Ela era uma menina tão normal, cursava historia em uma federal, usava saia até o joelho e não gostava de batom vermelho.

Eles se encontraram em um festival, curtiram juntos até o final, trocaram telefones e até uns beijos, mas não pensaram que seria tão legal.

Continuaram então a se ver todos os dias, até quando ele não tinha academia ela saia de manhã e só voltava ao meio dia.

Formaram um casal sensacional, muito amor, promessas, sexo e coisa e tal. Um dia se casaram, tiveram filhos e viajaram para Londres. Hoje são felizes proprietários de uma pousada em Ubatuba e todos os finais de semana vão passear em angra dos reis.

quarta-feira, junho 26, 2013

Ponto de observação

ponto de observacao

O meu ponto de observação não é igual ao seu e nunca será, porque focamos em pontos diferentes. Você já começou a terceira guerra mundial e eu ainda estou pensando em como sair da primeira. Você já deu a volta ao mundo e eu ainda as voltas com o 14 bis.

Para você é mais fácil ir à lua no final de semana do que lembrar que eu existo. Para mim é tudo igual porque nunca fui à lua sem você. Racionalmente eu sou normal, intimamente me pareço com alguém que você conhece e na realidade sou apenas o produto do que não se pode explicar.

Quando nos conhecemos em 65, naquele momento conturbado, eu não pensava em outra coisa que se não a liberdade. Você caiu em meus braços e lá permaneceu até que tivesse força o suficiente para seguir seu próprio rumo.

Casamento marcado, igreja pronta, convidados a postos, eu de pé no altar e nada de você chegar. Lembro-me como se fosse hoje de todos os angustiantes minutos que esperei em vão por algo que não iria acontecer e todos sabiam, menos eu, que nunca quis acreditar.

Voltamos a nos encontrar nos anos 80, casamos, cuidamos de nossos filhos e nos separamos. Dizer que foi bom enquanto durou não expressa o sentimento real e nem dá a exata dimensão de tudo o que aconteceu. Não vou tomar partido e nem me sentir perdido, todo fim tem seu começo e todo começo tem o seu fim.

terça-feira, junho 25, 2013

Politica, futebol, religião e sexo

politica futebol religiao sexo

“- Eu apoio a causa do PXWY, torço para o bicolor, sou católico e no sexo prefiro de quatro! Pronto falei!”

Agora para o João conseguir convencer o pessoal que suas preferencias são umas e não outras ficou difícil. Eu diria que mesmo que ele consiga, vai ouvir piadinhas por muito tempo e elas não têm nada haver com preconceito ou coisas do tipo.

Há tempos atrás todo mundo sempre dizia que politica, futebol e religião não se discutiam e hoje, com todas as mudanças, podemos incluir o sexo entre os assuntos que não devem ser discutidos. Cada um tem a sua preferencia quando o assunto é sexo e não adianta o papo de liberdade, novos conceitos e afins.

O sexo passou a ser debatido na mesa do bar, na sala de jantar e em qualquer lugar. Os programas, em qualquer horário, destilam “ensinamentos” e com isso as pessoas tomam posição e fazem suas escolhas.

O que antes era consenso e todos concordavam, agora é assunto que não entra em pauta de discussão igual à politica, futebol e religião, onde cada um defende o seu e pronto.

segunda-feira, junho 24, 2013

Com o coração

com o coracao

Por segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos felizes. Por mim, por você, por nós e por toda a felicidade que houver neste mundo. Pelo que sei e por aquilo que ainda estou aprendendo, ao seu lado, com você.

Por tanto tempo perdido, por tantas lágrimas derramadas, pelos beijos roubados e pelos sorrisos que inebriam. Pelo seu olhar mirando o meu, pela sua boca beijando a minha, por tudo o que há.

Por muito menos e mais do que realmente é verdade. Partimos no trem da vida, descemos na estação da saudade e não mais encontramos o caminho do amor. O que se espera do fim é aquilo que não se imagina no começo.

Melhor assim quando vem de dentro, quando é real o sentimento. Melhor sem amarras, sem destino, apenas com o coração.

domingo, junho 23, 2013

A olho nu

a olho nu

Quero ver você sair ao mar
Amar o precipício solto numa boa
E deixar atrás o velho cais
E na distância ver a olho nu
Com asa fechada ninguém voa
Vamos juntos nessa lição aprender

Arriscar até secar as lágrimas
E deixar atrás todo o cais...

Quero ver você dormir em paz
Amar sem perguntar o nome da pessoa
E deixar atrás o velho lar
Na solidão e ver a olho nu
Na falta de céu ninguém voa
E cantar alguma canção é a toa

Arriscar até a lágrima inundar
Todo o cais...

Lô Borges

Caos

caos

Caóticos imbecis vão dizer que faremos tudo o que for possível para não ver a luz do dia. Irritadas, as pessoas vão mostrar que sabem o que estão fazendo, mesmo que para isso tenham que fazer aquilo para o qual não foram preparadas. O fim está próximo e eu não vou estar lá para assisti-lo.

A tensão solta no ar informa que aquilo que não existe, vai continuar a não existir e se por acaso algum dia vier a existir, é porque tudo mudou. Sempre acreditei na existência do nada como forma de comprovação do todo, mas não vou mais perder meu tempo com teorias infindas.

Critérios inúteis e outras tantas bobagens que ainda não foram ditas. Meu corpo exposto em um museu londrino na tarde do dia seguinte a minha morte. A sorte de todos os que se foram é não ter que ver o que vai acontecer.

Caóticos imbecis, tensão solta no ar, critérios inúteis. Onde vamos parar se tudo o que temos é o que nos convém?

sábado, junho 22, 2013

Como o machado

como o machado

Por que ando triste eu sei
É que eu vivo na rua
Espero algo mais deste frio
Espero um pouco mais e aprendi

A ser como o machado,
Que despreza o perfume do sândalo
A verdade é negra, eu sei
E o homem é mau

Espero algo mais desse ódio
Espero um pouco mais e aprendi
A ser como o meu gato,
Que descansa com os olhos abertos

Lô Borges

A conta que não fecha

a conta que nao fecha

“Passei na prova da vida com muito louvor. À custa de muito suor conquistei o meu quinhão e tenho orgulho disso. Parabéns para mim e para todos aqueles que conseguiram. Merecemos por tudo o que fizemos.”

É com esse discurso que muitos se aproveitam do clima de insatisfação reinante para dizer a plenos pulmões que são “fodões” porque não precisam protestar contra nada ou que protestaram correndo atrás e que hoje podem comodamente de seus sofás de couro assistir a tudo sem se preocupar.

Existem os que não fazem discurso, mas que tem medo que as manifestações acabem com as bolsas beneficio do governo.

O bom e velho cada um por si de sempre, nunca sai de moda e nem vai sair. Convicções distintas, necessidades distintas, pessoas distintas. A realidade é diferente para todo mundo, as oportunidades também e a forma como cada um lida com elas, essa, é a mais diversificada possível.

A situação declaradamente não é a melhor, estamos pagando a conta de tanto desmando e descaso, resta saber quem vai querer e conseguir continuar pagando esta conta por mais tempo. Alguns já não querem ou conseguem mais e estão nas ruas dizendo isso com todas as letras.

sexta-feira, junho 21, 2013

Taras e manias 2

taras e manias 2

O parque de diversões em que se transformaram alguns motéis não tem limites e eles não estão poupando esforços para fazer com que a experiência do usuário seja a mais prazerosa possível em ambos os sentidos.

A maioria deles já oferecia o “móvel anatômico”, hidromassagem, sauna e piscina, até que alguém inventou uma cadeira erótica e ela virou item especial das melhores suítes. Cheia de “braços” e “entradas” permite que os casais executem milhares de posições, por isso mesmo vem com um manual de uso.

De repente a novela da Globo e a mídia colocaram em pauta o pole dance, uma dança sensual feita em uma barra de ferro e os motéis incorporaram o tal “poste” as suas instalações. No meio disso tudo temos os que oferecem suítes com temas específicos, como Sadomasoquismo e outros.

Tirando todos os “brinquedos” e novidades, o mais importante é quem vai usa-los, o casal e estes devem ter em mente que na substitui a simplicidade de dois corpos juntos.

quinta-feira, junho 20, 2013

Ao meu alcance

ao meu alcance

Parece que não sou mais eu que estou aqui neste lugar, parece que eu não quero mais voltar. É tanto tempo sem saber, que agora que sei não quero mais ficar na escuridão. Um dia foi sonho, outro pesadelo e em instantes eu não sabia mais distinguir o real da ilusão.

Foi como abrir os olhos ao amanhecer. Levantar da cama, correr em volta do nada e acabar sentado em uma estrada que não vai me levar a lugar algum. Eu sei o que fazer, como fazer, mas não quero mudar o que não me faz bem.

Existem flores perto do fim e essas flores são as mesmas que dias atrás estavam ornando o lado mais escuro de minha doce personalidade obsessiva. Descobrir que sou mortal e que como tal, vou sofrer enquanto existir a beleza que não está ao meu alcance.

quarta-feira, junho 19, 2013

Para lembrar de não esquecer

para lembrar de nao esquecer

Para lembrar de não esquecer que um dia fui feliz e que nesse dia você estava ao meu lado, mas não por isso fui feliz, mas sim porque me permiti ver a felicidade dentro de mim.

Esqueci que não era mais o que sempre fui, lembrei que me transformei em uma pessoa melhor e mais consciente daquilo que sempre fui capaz de realizar. Não mais sufoquei os sentimentos, ignorei os bons momentos ou sucumbi nos instantes em que tudo parecia não dar certo.

Passei por cima de inverdades, manifestei minha opinião e fui ouvido. Coloquei minha vida em primeiro lugar e conheci o outro lado daquela que sempre esteve dentro de mim. Você estava ao meu lado, mas não foi por isso que fiz tudo o que fiz, foi por mim.

terça-feira, junho 18, 2013

Ser honesto

ser honesto

Fica... Vai ter bolo!

Você quer que ela fique, ela quer ficar. Você não quer que ela vá e ela não quer ir. Ambos precisam ser honestos um com o outro, ambos precisam dar vazão ao sentimento e se deixar levar.

O momento aparece e quando a oportunidade acontece, eles precisam ser rápidos para decidir, antes que a indecisão sufoque o bem querer, e tomar a decisão de fazer valer o que fala o coração.

Não é pela sobremesa e sim pelo que vem depois, o que fica, o que permanece. Não é pelo prazer de se estar junto, mas pela sensação plena de saber que é maior do que parece ser. Quando é amor tem o poder de multiplicar, florescer, crescer e inundar.

Ela vai ficar, você não permitir que ela se vá. Você será honesto e ela sincera, ambos vão deixar surgir e serão levados a confirmar aquilo que não precisa de confirmação, pois já existe dentro do peito.

Fica... Eu te amo!

segunda-feira, junho 17, 2013

Par ímpar

par impar

Se você me perguntar
Vou responder
Se você não me disser
Vou descobrir
Se você me assistir
Vou te mostrar
Tudo o que há pra saber
E um tanto mais
Se você não me levar
Eu vou atrás
E no jogo de se completar
A gente faz um par ímpar

Mas se você não responder
Vou perguntar
Se você não descobrir
Vou te dizer
Se você quiser mostrar
Vou assistir
Tudo que há pra saber
E um tanto mais
Se você vier atrás
Vou te levar
E no jogo de se completar
A gente faz um par ímpar

Você pede chorando
Eu faço rindo
Se pede sorrindo, gargalhando
Até quando não sabe bem o que quer
Mas se pede carinho, eu me desmancho
É par com par
Como só a gente sabe fazer

Você pede chorando
Eu faço rindo
Se pede sorrindo, gargalhando
Até quando não sabe bem o que quer
Pode apostar, amor esperto
É par com par
Que se embaralha pra dar certo
Amor assim bom de se jogar
Não pode empatar

Mas se você me perguntar
Vou responder...

César Camargo Mariano & Jair Oliveira

Sorriso pra te dar

sorriso pra te dar

Linda, mais do que ninguém pra mim você é linda
Linda de ver, de ouvir e falar
Tudo, mais do que ninguém pra mim você é tudo
A qualquer distância você é meu mundo
O meu porto mais seguro

Força, mais do que ninguém pra mim você é força
Força pra ir, pra vir, e voltar
Sempre, mais do que ninguém pra mim você é pra sempre
Tempo bom, tempo ruim, você é sempre
Minha casa, meu cantinho pra deitar (pra deitar)

Ah! Eu não preciso dizer
Mas esse meu sorriso é pra você
Sei que não preciso contar
Mas esse meu sorriso é pra te dar

Pra te dar...
Sorriso pra te dar

Jair Oliveira

sexta-feira, junho 14, 2013

Coisas que odeio: A constatação do obvio

constatacao do obvio

O ser humano precisa disso, precisa ouvir com todas as palavras aquilo que está explicito e não deveria necessitar de explicações ou constatações. O ser humano precisa do papel passado, do contrato assinado em duas vias e firma registrada em cartório. Ele não sabe para que, mas precisa, e o pior, exige.

Com tantas opções você escolhe uma em detrimento a todas as outras e isso, quando se repete, mostra que você quer realmente aquilo. Diante disso, você não precisa e nem deveria, responder a um questionário explicando os motivos de sua escolha, você quer e pronto, isso basta.

Mas como sempre alguém acha que não basta estar lá, não basta querer, tem que comprovar, falar. Enquanto as pessoas não ouvem o que querem, elas continuam achando que existe uma teoria da conspiração contra elas e que o obvio não está acontecendo.

Você devora o bolo todas as vezes que tem a chance de comê-lo, mas tem que falar que adora o tal bolo, senão acham que está comendo apenas porque é obrigado. Você sempre assiste comédias, mas precisa provar que gosta, não basta o obvio de evitar outros gêneros.

Infelizmente o ser humano não vai mudar e você vai precisar continuar a comprovar seus gostos e suas preferências, por mais obvio que elas sejam.

quinta-feira, junho 13, 2013

A medida da paixão

a medida da paixao

Como se a gente não soubesse
Pra que lado foi a vida
Por que tanta solidão
E não é a dor que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão

Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou

É como se a gente pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração

Foi, o amor se foi perdido

Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou

Pedro Camargo Mariano

quarta-feira, junho 12, 2013

Eu (não) te amo

eu nao te amo

Mandei flores, cartões bonitos com poemas originais, joias das mais caras e presentes inusitados. Disse não a monotonia, fugi do obvio, fui além e fiz diferente do que todo mundo faz. Não ousei pintando a testa de amarelo ousei fazendo coisas realmente novas e inesperadas.

Recebi flores, cartões horríveis com poemas fajutos, joias vagabundas e presentes estranhos. Era sempre a mesma coisa em todos os momentos, o obvio, ele não conseguia ir além e fazer diferente. Nunca foi ousado e quando tentou ou achou que estava sendo, fez coisas totalmente sem sentido.

Ninguém amou ou amará como eu, o que lhe devotei foi meu melhor e maior sentimento. Prometi e dei respeito, carinho, compreensão. Fui sincero em todos os momentos, até naqueles em que a sinceridade machucou e calou fundo o peito.

Ele nunca me amou, apenas estava lá enquanto foi cômoda a situação. Os sentimentos dele para comigo foram os mesmos que ele teria por qualquer uma. Respeito? Não sei se posso dizer que houve. Sempre confundiu grosseria com sinceridade e me machucou muito com suas palavras ditas sempre que ele julgava necessário mostrar-se superior.

Casamos apenas no civil, ela dispensou cerimonias religiosas e coisas afins. Passamos a lua de mel em uma praia paradisíaca e tenho certeza de que serei muito feliz ao lado dela.

Não nos casamos no religioso, pois realmente acho que não precisamos de ninguém nos dizendo que a coisa vai dar certo. Nossa lua de mel foi em uma praia decadente e tenho certeza de que não vou aguentar muito tempo ao lado dele.

terça-feira, junho 11, 2013

Um dia triste de outono

um dia triste de outono

Em um dia triste de outono muitas coisas aconteceram e o que era paz, calmaria, se transformou em tormenta, agonia. Loucos nas ruas caminhavam sem rumo, carros apressados pediam passagem em meio ao caos. Não havia rota de fuga ou plano de sobrevivência, tudo estava em ruinas, perto do fim.

Naquele dia triste de outono, onde muitas coisas aconteceram e a paz e a calmaria se transformaram em tormenta e agonia, os loucos das ruas caminharam sem destino e os carros apressados pediam, mas não conseguiam, passagem. O caos venceu e não houve plano ou rota de fuga que evitasse o fim.

Onze de junho de 1984, o dia em que a tristeza tomou conta de mim e tudo aconteceu. Loucos, carros e caos. Sem fuga, sem planos, vivendo os enganos e esperando o fim.

segunda-feira, junho 10, 2013

Açúcar em mim

acucar em mim

Quando eu nasci não foi bem assim como contam, foi um pouco mais. Quando eu nasci não teve platéia e muito menos aplausos, não teve chuva de confetes ou coisa do tipo, mas teve emoção. O lance do açúcar é invenção da mídia para vender mais e aumentar a audiência.

Em que pese a meu favor apenas o fato de que desde pequena já sabia o que queria da vida e ela também sabia o preço que me cobraria. Paguei cada centavo, mas usufrui tudo o que pude e mais um pouco.

Nunca fui ligada em dinheiro, sempre fiz por prazer, amor a arte de seduzir. Todo mundo gosta, mas poucos admitem. Todo mundo faz, mas grande maioria tem vergonha de dizer. A hipocrisia é grande.

Eu poderia ser complexada, frustrada, inconformada ou até mesmo doente, mas escolhi ser feliz desde que percebi que lutar contra a natureza era inútil. Deixei de perder tempo com dietas milagrosas, exercícios de tortura e comentários invejosos, foquei em mim e no meu bem estar.

Hoje sei que ao mesmo tempo em que sou criticada, sou adorada por aqueles que não têm vergonha de amar e ser amados independente de qualquer coisa.

domingo, junho 09, 2013

Antes de qualquer coisa

antes de qualquer coisa

Ela tinha cara de santa, se é que santa tem cara. Cunharam o termo, disseram que é válido e todo mundo incorpora. Cara de santa, jeito de mundana ou cara de mundana e jeito de santa. A ordem dos fatores altera pouco o produto, pois o resultado final acaba sendo o mesmo.

O certo de tudo isso, é que o certo não existe, o que existe é o querer. Você quer fazer de tal jeito, vai lá e faz. Não deveria existir essa coisa taxativa de isso ou aquilo, mas existe e até mesmo quem é rotulado segue.

Os que rotulam não são os piores, mas muito menos estão livres, cometem os mesmos pecados que todos os outros e em especial os dos rotulados. Pode não parecer, mas somos reflexo do que vemos, daquilo que tanto criticamos.

Entender a dinâmica da coisa leva tempo e exige uma dose de tolerância com tudo a sua volta, as pessoas e as circunstancias mudam a todo instante. O que antes era belo torna-se feio no minuto seguinte e todos pré-conceitos se vão por terra.

Portanto antes de qualquer coisa conheça, entenda e pergunte, se necessário, depois se coloque na balança junto com todas as suas conclusões e avalie se vale mesmo à pena seguir com as suas teorias.

sábado, junho 08, 2013

Taras e manias

taras e manias

Tirando as fantasias e os fetiches, cada um tem alguma mania irritante ou não, considerada normal ou não, quando se trata de sexo. São coisas especificas e que em geral, não afetam o ato em si.

Conheci pessoas que não suportavam e devem ainda não suportar, o cheiro. Isso mesmo, por mais incrível que possa parecer, sexo também tem um odor característico e que não tem nada haver com higiene. Os corpos suados, o atrito, os lençóis e todo o resto faz com que o ambiente adquira um odor típico de pós-ato. Por não gostarem desse cheiro, as pessoas que conheci, assim que o sexo terminava iam correndo para debaixo do chuveiro.

Uma mania muito comum diz respeito à iluminação ambiente, em geral as mulheres têm mais “problemas” com isso. Grande parte prefere luz apagada ou meia luz.

Holofotes a parte tem os adeptos a transar de meia, os que têm vergonha de exibir partes do corpo, os que só transam sob lençóis de seda e muitas outras taras e manias que dentro de quatro paredes tornam-se atos corriqueiros do dia a dia.

sexta-feira, junho 07, 2013

Bom sujeito

bom sujeito

Morreu depois de cinco semanas em coma profundo. Não teve tempo de ver o ultimo por do sol no arpoador, morreu sem mate gelado e biscoito globo. Foi um grande homem e agora é um pesado defunto.

Cinco semanas antes estava com os amigos bebendo no Bracarense, bebeu dois chopes e saiu sem pagar, os amigos cobriram felizes o seu prejuízo. Correu pelo calçadão, tomou banho de mar, conversou com iemanjá e com Alice foi se deitar. Viveu a plenitude enquanto deu e quando se foi só deixou saudades, amores e amigos.

Bom sujeito daqueles saudados quando chegava no bar, camarada daqueles que sempre tinha uma mão estendida, fiel daqueles que nunca fugiam de uma situação ruim, assim ele foi durante o tempo em que pode conviver no meio dos mortais. De certo não foi ao céu e nem ao inferno, ele nunca acreditou na existência de dois mundos paralelos, sempre teve em mente que o que começa termina e pronto, sem prorrogação.

quinta-feira, junho 06, 2013

Antes do amanhecer – Cena 23: Montagem final e encerramento

cena 23

Vemos Celine, só, quando ela entra em um compartimento de passageiros no trem. Vemos Jesse, sozinho indo para a escada rolante na estação de trem, e depois ele entrando no ônibus para o aeroporto.

"Andante" da Sonata para viola Da Gamba em Sol Maior de Bach toca ao fundo enquanto o fechamento da montagem começa a rolar.

Zollamtssteg Bridge, cena 4

Johann Strauss, cena 17

Eck de Johann Strauss, cena 17

A Opera House, cena 16.

O Alley, cena 14.

O cemitério, cena 7.

O Prater, cena 8.

Franziskanerplatz do lado de fora do Kleines Café, cena 9.

Donaukanal perto de Schwedenplatz, cena 12.

He Park, cena 19.

Finalmente, vemos Celine, sentada ao lado de uma janela quando o trem sai da estação. Ela inclina-se contra a parede, parecendo pensar por um momento antes de fechar os olhos.

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 22: Adeus, Tchau, Au Revoir, Later

cena 22

Localização: Esta cena se passa na estação de trem Westbahnhof, mesma da cena 3.
(Na estação de trem. Jesse e Céline caminham lado a lado, juntos segurando sua bolsa entre eles. O alto-falante faz um anúncio inaudível).

Céline: Ok, você sabe o ônibus que vai pegar para o aeroporto?

Jesse: Sim, sim. Sem problemas.

Céline: É aqui que eu devo ficar (Apontando para um terminal. Eles param).

Jesse: Bem aqui? Você quer ficar aqui?

Céline: Yeah.

Jesse: Certo. Hum...

Céline: Ok. Eu acho que é isso, não? (Eles dão as mãos).

Jesse: (respiração pesada, como se fosse depois de um treino ou de ansiedade). Sim. Hum, eu realmente, (Respirações profundas.) Eu, uh, Eu... Quero dizer, você sabe.

Céline: Sim, eu sei, eu também, eu, uh. É, meu... Tenha uma ótima vida. Divirta-se em tudo o que fizer. Trabalhe duro...

Jesse: Yeah. Boa sorte com a universidade, e tudo mais.

Céline: Ok.

Jesse: Eu odeio isso.

Céline: Eu também. O trem está prestes a sair.

Jesse: Sim.

(Eles se beijam, se abraçam. Eles param e, a partir deste ponto em diante as suas vozes são apressadas).

Jesse: Ouça. Ouça. Você sabe, tudo isso besteira, estamos falando sobre... Sobre não nos vermos outra vez? Eu não quero fazer isso.

Céline: Eu não quero fazer.

Jesse: Você não?

Céline: Eu esperei você dizer isso.

Jesse: Bem, por que você não disse alguma coisa?

Céline: Eu estava com medo que você não quisesse me ver.

Jesse: Tudo bem, tudo bem, muito bem olhe. Ouça, ouça. O que você quer fazer?

Céline: Talvez... Talvez devêssemos nos encontrar aqui, em cinco anos, ou algo assim.

Jesse: Tudo bem, tudo bem. Cinco anos. (Desaprovador) Cinco anos? Isso é muito tempo.

Céline: Sim. É horrível. É como um experimento sociológico. Como cerca de um ano?

Jesse: Um ano. Tudo bem, tudo bem.

Céline: Um ano.

Jesse: Como cerca de seis meses?

Céline: Seis meses?

Jesse: Yeah.

Céline: Vai ser zero. (Ela começa a rir).

Jesse: Sim? (Ele começa a rir).

Céline: Yeah.

Jesse: Quem se importa? Nós viemos aqui, vamos para outro lugar.

Céline: Ok. Ok. Hum, daqui a seis meses, ou contando da noite passada?

Jesse: Hum... Ontem à noite. Seis meses após a noite passada, o que foi... 16 de junho. Então... Plataforma nove, daqui a seis meses, às seis horas, durante a noite.

Céline: Dezembro.

Jesse: Dezembro, sim, certo. Agora ouça, É um passeio de trem para você, mas eu tenho que voar até aqui. Mas eu vou estar aqui.

Céline: Ok, eu também.

Jesse: Certo.

Céline: E não vamos telefonar, escrever ou...

Jesse: Na...

Céline: Na.

Jesse: É deprimente.

Céline: Sim, está bem.

Jesse: Certo. (Eles se beijam). Tudo bem, o trem vai sair. Diga adeus.

Céline: Bye.

Jesse: Adeus.

Céline: Au revoir.

Jesse: Later.

(Eles se beijam novamente, e ele a ajuda no trem. Soa o apito e o trem sai).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

quarta-feira, junho 05, 2013

Para sempre o bem querer

para sempre o bem querer

Quando o sol não brilhar e a manhã não surgir, quando tudo for noite e nada mais existir. Quando o vento não soprar e a tempestade não cessar, quando eu não amar e o mundo acabar.

Quando tudo isso acontecer estará consumada a nossa separação, cada um para o seu lado e nada mais há de restar, apenas as lembranças do que vivemos. O seu coração não vai mais bater pelo meu e nem o meu baterá pelo seu.

Será melhor assim, tanto para você quanto para mim. Cada qual fazendo o seu, vivendo em paz e com a sua dor. Lágrimas se forem necessárias, risos quando o tempo permitir e para sempre o bem querer.

Antes do amanhecer – Cena 21: Os anos correm como coelhos (A estatua)

cena 21

Localização: Esta cena se passa em um terraço ao ar livre do Museu Albertina, mesmo da cena 16.

(A câmera mostra vários pontos de vista dos marcos de Vienna, parando em uma estátua em uma praça, na qual Jesse está sentado enquanto Céline está com a cabeça em seu colo, com os olhos fechados).

Jesse: (Com uma voz profunda, gutural) "Os anos correm como coelhos".

Céline: (Abre os olhos e olha para ele). O quê?

Jesse: (Balança a cabeça) Nada, nada. Eu tenho essa gravação de Dylan Thomas, lendo um poema W. H. Auden. Ele tem uma grande voz. Como essa.

Céline: O quê?

Jesse: (Começa com a voz gutural novamente) Todos os relógios da cidade começam a chiar, e gritei: Oh, não deixe o tempo te enganar Você não pode conquistar o tempo. Ter dores de cabeça e, se preocupar Vagamente pela vida a fora. E o tempo fará sua fantasia amanhã ou hoje. (Volta para a voz regular.) Algo assim.

Céline: Isso é bom. (Pausa) Quando você falou anteriormente sobre depois de alguns anos, como um casal começa a se odeiar... Antecipando suas reações... Ou fica cansado de seus maneirismos. Eu acho que seria o oposto comigo. Eu acho que posso realmente me apaixonar quando eu sei tudo sobre alguém. A maneira como ele parte seu cabelo... Qual camisa ele vai usar naquele dia... Sabendo a história exata que ele diria em uma determinada situação. Tenho certeza que é quando eu sei que estou realmente apaixonada. (Eles param e se olham por um tempo).

Jesse: Hey adivinhe?

Céline: O quê?

Jesse: Nós não fomos para a peça daqueles caras.

Céline: Peça?

Jesse: Yeah.

Céline: Com a vaca?

Jesse: Yeah.

Céline: (Risos) Sim, não fomos. Oh não, perdemos. (Risos).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 20: Vou tirar uma foto sua (O Cravista)

cena 20

Localização: Não temos certeza de onde essa cena ocorre. Por favor, avise se tiver informações.

(No parque... Eles acordam com o sol, os pássaros estão cantando. Corte para cenas da cidade, onde Jesse e Celine estão andando por uma rua. Música de cravo toca ao fundo).

Jesse: Qual é a primeira coisa que vai fazer quando voltar para Paris?

Céline: Ligar para os meus pais.
Jesse: Sim.
Céline: E você?

Jesse: Eu não sei... Eu provavelmente vou pegar o meu cachorro. Ele ainda está com um amigo meu.

Céline: Você tem um cachorro?

Jesse: Yeah.

Céline: Eu amo cães.

Jesse: Você tem?

Céline: Sim.

Jesse: Oh merda!

Céline: O quê?

Jesse: Oh, eu não sei. Estamos de volta ao tempo real.

Céline: Eu sei. Eu odeio isso.

Jesse: O que é isso? (Ouve som de música, e caminha em direção a ele).

Céline: Soa como um cravo.

Jesse: Vamos ver isso.

Céline: Alguém tocando.

Jesse: (Sussurra) Isso é legal.

(Eles olham para a janela do porão, onde há um homem tocando um cravo).

(Jesse puxa Celine para o lado da janela).

Jesse: Podemos dançar ao som do cravo?

Céline: Claro. (Eles dançam um pouco).

Jesse: (Olhando para ela, ele para de dançar). Oh, wow.

Céline: O quê?

Jesse: Eu vou tirar uma foto sua (A coloca na distancia de seus braços, e olha para ela) para eu nunca te esquecer... Ou... Ou tudo isso.

Céline: Ok. Eu também vou

(Ela para e olha para ele também. Ele se inclina e eles se beijam. De repente, eles param, e vão embora de mãos dadas).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 19: Eu tenho que dizer uma coisa estupida (O parque)

cena 19

Localização: Não temos certeza, mas acreditamos que essa cena acontece em Auer-Welsbach-Park no décimo quinto distrito, ou em Burggarten no primeiro distrito. Por favor, avise-nos se souber.

(No parque, deitados, no escuro, bebendo vinho).

Céline: Então, muitas vezes em minha vida eu estive com pessoas compartilhando belos momentos, como viagens, ou ficar acordados a noite toda vendo o sol nascer, e eu sabia que aqueles eram momentos especiais. Mas algo estava sempre errado. Eu gostaria de tivesse sido com outra pessoa. (Os dois riem). Eu sabia que o que eu estava sentindo, exatamente o que era tão importante para mim, eles não entendiam. Mas eu estou feliz por estar com você. Você pode não saber por que uma noite como esta é muito importante para a minha vida agora, mas é... Este é um grande dia.

Jesse: É um grande dia. Você acha que nós teremos outros como este? (Céline sorri). O quê?

Celine: E a nossa decisão de adultos racionais?

Jesse: Ah, sim. Sim. Eu sei o que você quer dizer sobre alguém que deseja não estar lá, porém, é apenas, normalmente, de mim mesmo que eu gostaria de poder fugir. Sério, pense nisso. Eu nunca estive em qualquer lugar que eu não estivesse. Eu nunca tive um beijo quando eu não era um dos beijoqueiros. Você sabe, eu nunca, fui ao cinema, quando eu não estava lá na platéia. Eu nunca joguei boliche, quando eu não estava lá, fazendo alguma piada estúpida. É por isso que tantas pessoas se odeiam. Sério. É que elas estão doentes a beira da morte em torno de si mesmas. Vamos dizer que você e eu estivessemos juntos o tempo todo, então você começaria a odiar um monte de minhas manias. O caminho cada vez você ficaria mais insegura, e eu ia ficar um pouco bêbado. Ou... O jeito mais estúpido de toda a história pseudo-intelectual de novo. Veja, eu já ouvi todas essas histórias... Então, é claro que eu estou cansado de mim mesmo. Mas estar com você... Fez-me sentir como se eu fosse outra pessoa. Quero dizer a única outra maneira de perder a si mesmo é... Você sabe, dança... Ou... Álcool ou drogas ou coisas assim.

Céline: Transando?

Jesse: Hum... Transando? Sim. Essa é uma maneira. Sim. (Prende a respiração, vira-se).

Céline: (Voltando-se para Jesse, sussurra). Você sabe o que eu quero?

Jesse: O quê?

Céline: (Coloca cabelo suavemente atrás de seu pescoço e sussurra novamente). Ser beijada.

Jesse: Bem, eu poderia fazer isso. (Eles se beijam, ele começa a descer para o pescoço).

Céline: Espere! (Ela o para, e se senta). Eu tenho que dizer algo estúpido.

Jesse: Certo.

Céline: É muito estúpido.

Jesse: Ok.

Céline: Eu não acho que devemos dormir juntos. Quero dizer, eu quero, mas como nós nunca vamos nos ver outra vez... Vai me fazer sentir mal. Eu não vou saber com quem mais você está. Vou sentir sua falta. (Ela se deita ao lado dele). Eu sei. Não é muito adulto. Talvez seja uma coisa feminina. Eu não posso mudar isso.

Jesse: Vamos nos ver outra vez.

Céline: Não, eu não quero que você quebre o nosso voto, só assim você poderá cumpri-lo. (Eles riem).

Jesse: Eu não quero apenas fazer sexo. Quero dizer... Eu acho que deveríamos. Quero dizer, nós vamos morrer de manhã, certo? Eu acho que deveríamos.

Céline: Não, então é como uma fantasia masculina. Conheça uma garota francesa, transe com ela, e nunca mais a veja novamente. E tem essa grande história para contar. Eu não quero ser uma grande história, eu não quero que essa grande noite tenha sido apenas por isso.

Jesse: Certo. Certo, certo, tudo bem. Ok, ok.

Céline: Ok?

Jesse: Ok. Nós não temos de ter relações sexuais. Não é um grande negócio.

Céline: Ok. (Longa pausa). Você não quer me ver de novo?

Jesse: (Risos) Não, claro que eu quero. Ouça. (Senta-se e inclina-se sobre o cotovelo, pairando acima dela.) Se alguém me dessa a escolha agora, nunca vê-la novamente ou me casar com você, tudo bem, eu me casaria com você, certo? E talvez isso seja um monte de besteira romântica... Mas as pessoas têm se casado por muito menos.

Céline: Na verdade... Eu acho que eu decidi que queria dormir com você quando desci do trem. Mas agora que nós já conversamos muito, eu não sei mais.

(Jesse suspira de frustração e cai no chão novamente. Celine ri, então se inclina para beijá-lo).

Céline: Por que complicamos tudo?

Jesse: Eu não sei.

(Eles se beijam novamente, respirando mais profundamente, e rolando um sobre o outro várias vezes).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

terça-feira, junho 04, 2013

Antes do amanhecer – Cena 18: Para a melhor noite de sua vida (The Wine Bar)

cena 18

Localização: Não sabemos onde esse bar está localizado. Por favor, avise-nos caso tenha informações.

(Descendo as escadas de um bar).

Jesse: Tudo bem, então este é o plano, certo. Você vai pegar as taças, e eu vou pegar o vinho.

Céline: Vinho tinto.

Jesse: Vinho tinto. Certo.

Céline: Você acha que pode fazer isso?

Jesse: Sem problema.

(Eles entram no bar, Céline vai até a mesa, e Jesse vai até o balcão).

Jesse: (Sussura) Deseje-me boa sorte.

Céline: (Sussura) Boa sorte.

Jesse: (Diz para o bartender). Olá.

Bartender: Olá.

Jesse: (Céline vai até uma mesa e abre a bolsa) Uh... Você fala Inglês?

Bartender: Eu, um pouco.

Jesse: Sim, um pouco? Eu estou em uma espécie de situação estranha... E o que seria isto... Isto é... Você vê aquela garota ali? (Indica Céline e ela está colocando taças na bolsa, ela pára e sorri).

Bartender: Yeah...

Jesse: Bem, esta é a nossa única noite juntos. Hum, e ela, ah... Aqui está o problema, o problema é que ela quer uma garrafa de vinho tinto, e eu não tenho dinheiro. (Jesse e o barman começam a rir.) Mas eu estava pensando que talvez você pudesse... Hum, me dar o endereço desse bar. (Bartender recua, e olha para ele com desconfiança). Não, eu sei, e eu prometo enviar-lhe o dinheiro, e você estaria fazendo a nossa noite completa.

Bartender: Você me enviaria o dinheiro?

Jesse: Sim.

Bartender: (Olha para Céline, então olha de volta para Jesse e oferece a mão.). Sua mão?

(Eles apertam as mãos). Ok (Sai).

(Céline rouba duas taças, Jesse faz-lhe um gesto de Ok).

Bartender: (Volta com garrafa, olha para ela, e dá para Jesse). Para a maior noite de sua vida (Sorri)

Jesse: Muito obrigado (Vai embora).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 17: Talvez devêssemos tentar algo diferente (O barco)

cena 17

Localização: A cena do barco acontece a bordo do DDSG Johann Strauss, que está ancorado no Donaukanal perto de Schwedenplatz. Nota: Esta cena não é muito longe de onde a cena 12 (O Poeta) ocorre. Web: http://www.clubschiff.at.

Jesse: Esse amigo meu tinha um filho, e fez o parto em casa, por isso ele estava lá ajudando e tudo mais. E ele disse naquele momento profundo do nascimento, que ele estava assistindo a essa criança, experimentando a vida pela primeira vez, quero dizer, tentando ajudar a sua primeira respiração... Tudo o que ele podia pensar era que ele estava olhando para algo que vai morrer um dia. Ele simplesmente não conseguia tirar isso da cabeça. E eu acho que isso é tão verdadeiro, quer dizer, tudo, tudo é tão finito. Quero dizer, mas, mas você não acha que isso é o que faz com que o nosso tempo, em momentos específicos, seja tão importante?

Céline: Sim, eu sei. É o mesmo para nós, hoje à noite. Depois de amanhã, provavelmente nunca mais vamos nos ver outra vez, certo?

Jesse: Você não acha que a gente nunca vai se ver outra vez?

Céline: O que você acha?

Jessé: Bem, hum, meu Deus, eu não sei. Uh, eu quero dizer, eu não tinha planejado outra viagem para...

Céline: Ah, eu também, você sabe. Eu moro em Paris, você vive nos EUA eu entendo que...

Jesse: Eu quero dizer, eu odiaria fazer você voar. Você entende, você odeia voar, certo?

Céline: Eu não estou com tanto medo de voar. Quer dizer, eu poderia...

Jesse: Eu quero dizer, se você vai vir para os EUA, ou se, você sabe, eu quero dizer, se eu, ou você sabe, eu quero dizer, eu poderia voltar aqui, quero dizer... (Céline começa a sacudir a cabeça). O quê?

Céline: Agora vamos ser apenas adultos racionais pensando sobre isso. Nós, talvez devêssemos tentar algo diferente. Quero dizer, não é tão ruim se hoje à noite for a nossa única noite, certo? As pessoas sempre trocam números de telefone, endereços, eles acabam escrevendo uma vez, ligando uns aos outros uma ou duas vezes...

Jesse: Certo. Estamos fora. Sim, quero dizer, eu não quero isso. Eu odeio isso.

Céline: Eu odeio isso também.

Jesse: Por que você acha que todo mundo acha que os relacionamentos são para durar para sempre?

Céline: Sim, por quê. É estúpido.

Jesse: Então, você acha que hoje é isso, hein? Quero dizer, que hoje é a nossa única noite.

Céline: É a única maneira, não?

Jesse: Bem, tudo bem. Vamos fazê-lo. Não há ilusões, sem projeções. Nós vamos ter hoje à grande noite.

Céline: Ok, vamos fazer isso.

Jesse: Ok.

(Ele aponta para um par de músicos, tocando no barco, em seguida, olha para ela).

Jesse: Nós devemos dar algum tipo de aperto de mão, sabe? Dê-me sua mão. (Eles apertam as mãos uns dos outros, de modo que todas as quatro são entrelaçadas). Tudo bem. Para a nossa primeira e única noite juntos, e as horas que ficam. (Ele beija a mão dela, e ela parece triste). O quê?

Céline: É só que... É deprimente, não? Que... A única coisa que vamos pensar é quando vamos ter que dizer adeus amanhã.

Jesse: Bem, poderíamos dizer adeus agora. Então, não teriamos que nos preocupar com isso na parte da manhã.

Céline: Agora?

Jesse: Yeah. Diga adeus.

Céline: Bye.

Jesse: Adeus.

Céline: (Carinhosa). Você tem a... (Com mais ênfase). Au revoir.

Jesse: Mais tarde!

Céline: Mais tarde, sim.

(Eles param e olham um para o outro por um tempo).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 16: Isso é tão sobrenatural (The Opera House)

cena 16

Localização: Esta cena se passa em um terraço ao ar livre do Museu Albertina, com vista para a Ópera de Viena. O museu está localizado em um Albertinaplatz, ao passo que a Opera House está localizada à saída da estação de metro Karlsplatz. Metro: linhas U1, U2 ou U4, parada Karlsplatz, ou linha U3, parada Stephanslplatz. Bonde: linhas 1, 2, D, ou J, parada Staatsoper. Ônibus: Linha 2A, ponto de Albertina. Web: informações para a Ópera de Viena (Wien Staatsoper) é a http://www.aboutvienna.org/sights/oper.htm; informações para o Museu Albertina estão em http://www.albertina.at.

(Em uma varanda, com vista para a parte baixa da cidade. Jesse está sentado no parapeito, Céline está inclinando-se contra ele).

Jesse: Eu sinto que este é, um mundo de sonho em que estamos, você entende.

Céline: Sim, é tão estranho. É como se o nosso tempo juntos fosse apenas nosso. É a nossa própria criação. Deve ser como se eu estivesse em seu sonho, e você no meu, ou algo assim.

Jesse: E o que é tão legal é que toda esta noite, todo o nosso tempo juntos, não deveria estar oficialmente acontecendo.

Céline: Sim, eu sei. Talvez por isso seja tão sobrenatural. Mas, em seguida, a manhã vem, e nos transformamos em abóboras, certo?

Jesse: Ahhh...

Céline: Sim, eu sei. (Pausa). Mas neste momento, eu acho que você deveria conseguir o sapatinho de cristal, e ver se ele se encaixa.

Jesse: Sim?

Céline: Yeah.

Jesse: Vai caber.
(Ele se inclina. Eles se beijam, e depois olham para fora da cidade).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

segunda-feira, junho 03, 2013

Antes do amanhecer – Cena 15: Ela foi literalmente um anjo de Botticelli (Café Sperl)

cena 15

Localização: O Café Sperl está localizado na 11 Gumpendorferstraße, onde se cruza com Lehargasse. Metro: Linha U2, Museumquartier parar em Mariahilferstraße. Ônibus: linha 57A, Köstlergasse parar em Gumpendorferstraße. Web: http://www.cafesperl.at.

(Clip Cena: Uma florista organizando flores em um vaso)

(Clip Cena: Um grupo de três homens e três mulheres, em um tipo de discussão política / filosófica).

Homem: Bloss nicht dieses Postkartenbild von Wien stoeren. Das encontrar ich Scheiße. (Faça o que fizer, não perturbe a imagem de cartão-postal de Viena. Acho que é uma porcaria).

Mulher: Dir ist es... ist es dir lieber wenn man die in der U-Bahn trifft? (Você... Se você preferir atender a essas pessoas por baixo nas estações de metrô pela primeira vez?)

Homem: Darf ich mal ausreden bitte? (Você se importa se eu terminar de falar primeiro?)

(Clip Cena: Dois homens jogando cartas)

Homem da esquerda: Juergen... Dubrovnik. (Os nomes das cidades?)

Homem da direita: Das ist egal, das ist egal. Das ist Urlaubszeit. (Isso é irrelevante, isso é irrelevante. Isso é tempo de férias).

Homem da esquerda: Ich bin verliebt em Dubrovnik. (Eu estou apaixonado por Dubrovnik).

Homem da direita: Wunderbar, jetz 'do kann hingehen un' siehst 'ne zerstoerte Stadt. Spiel aus. (Grande. Bem, agora você pode ir lá e ver uma cidade destruída. Vamos começar com o jogo).

(Clip Cena: Dois homens mais velhos, ambos com barbas Um está falando muito lentamente, deliberadamente, enquanto o outro escuta).

Homem mais velho: Egon Schiele chapéu einen masslos wichtigen Aufbruch in die moderne Zeit gebracht. Dann darfst du nicht vergessen, Otto Wagner, der grosse Baumeister. (Egon Schiele nos deu um início imensurável importante para a era moderna. Então, você não deve esquecer Otto Wagner, o grande arquiteto).

(Clip Cena: Uma mulher sentada sozinha, lendo um livro, com um café acabado ao seu lado).

(Clip Cena: Um homem e uma mulher americana, ele é inquieto, ela está brincando com sua torta com um garfo, aparentemente entediada).

Homem: Eu realmente acho que essa é uma civilização em declínio. Olhe para o serviço. Quero dizer, onde está a garçonete? Em Nova York, essa pessoa estaria demitida. (Olha em volta para a garçonete).

(Clip Cena: Dois homens e uma mulher, todos mais ou menos meia-idade, conversando, brincando, razoavelmente de bom humor).

(Clip Cena: Jesse e Céline sentados em uma mesa, com bandejas de café acabado sobre a mesa na frente deles).

Céline: Ok, agora eu vou ligar para a minha melhor amiga, em Paris, que eu deveria almoçar com ela em oito horas. Ok?

Jesse: (Torce o nariz) Ok.

Céline: (Com as mãos imitando um telefone, levanta-o para fora da base, e o coloca no ouvido.) Dring, dring. Disca, disca, disca, atende!

Jesse: O quê?

Céline: Pegue o telefone!

Jesse: (Também imita um telefone com a mão, o coloca em sua orelha.) Oh, Olá?

Céline: Alô?

Jesse: Mm-hum.

Céline: Vanie? Ici Celine, hein?

Jesse: Ahh...

Céline: Comment ça-va?

Jesse: (Olhos abertos, depois de reconhecê-la) Ca... Va bien. Et toi?

Céline: Vanie, ma vacation est incroyable!

Jesse: Ahhh... y '-a-eu-você sabe, eu tenho trabalhado em meu Inglês, recentemente, vamos falar em Inglês?

Céline: Sim, bem, isso é uma boa ideia. Hum... Eu não acho que eu vou ser capaz de encontra-la para o almoço de hoje, eu sinto muito. Eu... Eu conheci um cara no trem, e eu saí com ele em Viena. Nós ainda estamos lá.

Jesse: Você está louca? (Desempenhando o papel da amiga de Céline).

Céline: Provavelmente.

Jesse: Nós... Wa... Ele é austríaco, ele é de lá?

Celine: N-n-n-n-n. Ele está passando por aqui também. Ele é americano. Ele vai voltar para casa amanhã de manhã.

Jesse: (Zombando uma expressão chocada) Por que sair do trem com ele?

Céline: Bem... Ele me convenceu. Bem, na verdade eu estava... (Risos) Eu estava pronta para sair do trem com ele depois de falar com ele pouco tempo. Ele foi tão doce, eu não poderia deixa-lo. Estávamos no vagão restaurante, e ele começou a falar sobre ele, como um menino, vendo o fantasma de sua bisavó. Eu acho foi quando eu me apaixonei por ele. Apenas a ideia daquele menino com todos aqueles belos sonhos. Ele me prendeu.

Jesse: Mm-hum. (Enfatizando)

Céline: E ele é tão bonito! Ele tem belos olhos azuis (Jesse fecha os olhos), agradáveis lábios cor de rosa ​​(Jesse morde seus lábios para ocultá-los), o cabelo gorduroso. (Risos) Eu adoro isso. Ele é meio alto, e um pouco desajeitado. (Fofo) Gosto de sentir seus olhos em mim quando eu desvio o olhar. (Faz uma pausa, então sorri enquanto Jesse fixa os olhos nela). Ele beija meio como um adolescente, ele é tão bonito.

Jesse: (Indagando) O quê?

Céline: Sim, nós nos beijamos. Foi tão adorável. Enquanto a noite passava, comecei a gostar dele mais e mais. Mas eu estou com medo que ele tenha medo de mim. Você sabe, eu contei-lhe a história sobre a mulher que mata seu ex-namorado, e outras coisas. Ele deve estar morrendo de medo. (Jesse começa a sacudir a cabeça, lentamente). Ele deve estar pensando que eu sou essa manipuladora. Só espero que ele não se sinta assim em relação a mim, porque você me conhece, eu sou a pessoa mais inofensiva. A única pessoa que eu poderia realmente ferir sou eu mesma.

Jesse: Eu não acho que ele tem medo de você. Eu acho que ele é louco por você.

Céline: Sério?

Jesse: Eu quero dizer, eu te conheço há muito tempo, e eu tenho um bom pressentimento. Você vai vê-lo novamente?

Céline: Nós não falamos sobre isso ainda. (Pausa. "Desliga".) Ok é a sua vez. Você chama o seu amigo.

Jesse: Uh...

Céline: Ok?

Jesse: (Desliga o telefone, também.) Certo, certo. Umm... (Pensa). Uh, (Pega o “telefone”, coloca no ouvido). Toque, toque leve. Uh, eu costumo falar esses caras na secretária eletrônica. Brawwwwwwng.

Céline: (Pega “telefone”, imita o sotaque americano). Hei cara, o que aconteceu?

Jesse: Uhhhh... Hey Frank, como você está? Que bom que você está em casa.

Céline: Legal. Sim. Então, como foi Madrid?

Jesse: Uh, Madrid... Horrível. Sabe, Lisa e eu terminamos.

Céline: Oh. Muito ruim. Eu disse a você, não?

Jesse: Sim, sim, sim. A coisa da longa distância nunca funciona. Eu estava só em Madrid por alguns dias. Eu tenho um voo mais barato, de Viena... Mas uh, você sabe, ele realmente não era tão mais barato. Eu só uh... Eu não poderia ir para casa imediatamente. Eu não queria ver ninguém que eu conhecia, eu só queria ser um fantasma. Completamente anônimo.

Céline: Então você está bem, agora?

Jesse: Yeah. Sim, não, não, sim, eu estou bem, eu estou legal! Essa é a coisa, Eu sou... Eu sou arrebatador. E eu vou te dizer o por que. Eu conheci alguém. Na minha última noite na Europa, você pode acreditar nisso?

Céline: Ah, isso é incrível.

Jesse: Eu sei, eu sei. E você sabe como eles dizem que nós somos todos os demônios e anjos uns dos outros? Bem, ela foi literalmente um anjo de Botticelli. Apenas me dizendo que tudo ia ficar bem.

Céline: Como vocês se conheceram?

Jesse: No trem. Sim, ela estava sentada ao lado de um casal muito estranho que começou a brigar e ela teve que se mudar. Ela sentou-se do outro lado do corredor onde eu estava. Então, a gente começou a falar, e uh, ela não gostou muito de mim no começo. Ela é super inteligente (Celine fica muda, inquieta), muito apaixonada, hum... E bonita (Celine olha para baixo, envergonhada). E eu estava tão inseguro de mim mesmo. Eu pensei que tudo o que eu disse sou tão estúpido.

Céline: Oh, cara, eu não me preocuparia com isso.

Jesse: Não...

Céline: Não, eu tenho certeza que ela não estava julgando. Não... E por falar nisso, ela se sentou ao seu lado, não? Tenho certeza que ela fez isso de propósito.

Jesse: Oh, sim?

Céline: Yeah. Nós, os homens somos tão estúpidos. Nós não entendemos nada sobre mulheres.

Jesse: Mm-hum.

Céline: Elas agem meio estranho. O pouco que sei deles. Não é?

Jesse: (Faz uma pausa, depois assente) Sim.

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 14: A resposta deve estar na tentativa (The Alley)

cena 14

Localização: Estas cenas, acreditamos, alternam-se entre o primeiro e sétimo distritos. Por favor, avise-nos se você tiver informações mais precisas.

(Jesse e Céline retomaram andando. Nós os vemos se aproximando do topo de uma escada, em seguida, continuam em uma rua tranquila).

Jesse: Eu quero dizer, não há essas raças de macacos, e tudo o que eles fazem é ter relações sexuais, como o todo, sabe? E, uh, eles acabam sendo, menos violentos, mais pacíficos, mais felizes, você sabe, então eu quero dizer, talvez brincando, não é tão ruim.

Céline: (incrédula). Você está falando sobre macacos?

Jesse: Sim. Eu estou falando sobre macacos.

Céline: Ah, eu pensei que sim.

Jesse: Por quê?

Céline: Você sabe, eu nunca ouvi isso, mas ele me lembra, como esta perfeito, você sabe, o argumento masculino para justificá-los transando.

Jesse: Não, não, não. Mulheres macaco estão transando também. (Balança suas mãos para defender seu ponto de vista.) Todo mundo está transando.

Céline: Sim, isso é bonito. (Eles riem.) Eu tenho esse pensamento paranoico horrível, que o feminismo foi principalmente inventado pelos homens, para que eles pudessem, transar um pouco mais. “As mulheres, de mente livre, seus corpos livres, dormem comigo. Estamos todos felizes e livres, enquanto eu posso transar (faz um movimento de socos com o punho), tanto quanto eu quero.”

Jesse: Tudo bem, tudo bem, tudo bem. Mas talvez, talvez haja algumas coisas biológicas na transa aqui. Quero dizer, se você estivesse em uma ilha, e houvesse noventa e nove mulheres na ilha, e apenas um homem, em um ano, você tem a possibilidade de ter noventa e nove bebês. Mas se você tem uma ilha com noventa e nove homens e apenas uma mulher, em um ano, você tem a possibilidade de ter apenas um bebê. Então...

Céline: Então. Você sabe o que?

Jesse: O quê?

Céline: Nesta ilha, eu acho que haverá apenas, talvez quarenta e três homens deixados. Porque eles iriam matar uns aos outros, tentando foder essa pobre mulher, você sabe o que quero dizer? E na outra ilha, haveria noventa e nove mulheres e noventa e nove bebês, e não mais homem, porque teriam chegado todas juntas, e o comido vivo.

Jesse: Ah, é?

Céline: Sim.

Jesse: (Sorrindo e acenando com a cabeça em concordância simulada.) Sim? Sim? Veja... Veja, eu acho que há algo para isso. Eu acho que em algum nível, as mulheres não se importam com a ideia de destruir um homem. Tipo, eu estava uma vez andando na rua com a minha ex-namorada, e nós só andávamos por aí, e tinham quatro caras, tipo de (Faz contrações com os ombros em um movimento tipo "durão") durões olhando, ao lado de um Camaro, e um deles, com certeza, diz: "Hey baby, bela bunda". Então, eu penso: "Ei, não é grande coisa, eu não vou ficar tenso com isso, certo?”.

Céline: Sim, além disso, havia quatro deles, certo?

Jesse: Sim, exatamente, há quatro deles, certo, mas ela se vira e diz, (Vira o pássaro ao ar atrás dele) "Fodam-se, idiotas", e eu penso assim, tudo bem, espere um minuto, aqui, certo? Eles não vão vir aqui e chutar sua bunda, você sabe o que quero dizer? Assim que acabei de ser empurrado para a linha de frente. Você vê o que eu estou dizendo? Quero dizer, as mulheres dizem que odeiam se você é tudo bruto e protetor, mas se lhes convém, então elas vão te dizer que você está sendo tudo covarde ou fracote...

Céline: Você sabe o quê? Eu não acho que as mulheres realmente querem destruir os homens, e se, mesmo que eles quisessem, elas não... Elas não conseguem. Você sabe o que eu quero dizer? Tenho certeza de que mesmo, os homens estão destruindo as mulheres, ou são capazes... Capazes de destruir as mulheres, muito mais do que as mulheres... Bem, de qualquer maneira, é deprimente, eu quero dizer, que você sabe o quê?

Jesse: O quê? Você quer parar de falar sobre isso?

(Vozes desaparecem, eles andam e descem um declive de costas para a câmera).

Céline: Yeah. Eu realmente odeio isso. Você sabe, os homens, as mulheres que você conhece, é, é... Não há fim para isso, como, você sabe...

Jesse: É como pular um registro, você entende?

Céline: Sim.

Jesse: Cada casal tem essa conversa sempre.

Céline: E ninguém ganha nada com isso.

(A cena corta para uma dançarina de dança do ventre e um percussionista, tocando em uma esquina como várias pessoas a observar. Jesse e Céline param, então Céline puxa Jesse mais perto para assistir).

Céline: Eu vi um documentário sobre isso. É uma dança de nascimento.

Jesse: A dança da natalidade?

Céline: Sim.

(Eles param e assistem um pouco, até que esteja terminado. Eles batem palmas).

Jesse: Devo dar-lhe algum dinheiro?

Céline: Sim.

Jesse: (Falando com hesitação, ele coloca dinheiro no pote.) Tudo o que é interessante custa um pouco de dinheiro. Eu estou lhe dizendo. Então, dança nascimento, hein? Parecia um pouco como uma dança de acasalamento.

Céline: Não, mas realmente. As mulheres usavam isso no parto. Em algumas partes do mundo, eles ainda fazem.

Jesse: Sim?

Céline: Sim. A mulher entra em trabalho de parto em uma tenda, e as mulheres de sua tribo a cercam, e dançam, e incentivam a parturiente para dançar com elas... De modo a tornar o parto menos doloroso.

Jesse: Sim...

Céline: Quando o bebê nasce, todos eles dançam em comemoração.

Jesse: Uau. Eu não acho que a minha mãe teria feito isso. (Coloca uma moeda em seu antebraço, a arrebata, e mostra a Céline, que o ignora).

Céline: Eu gosto da ideia de dançar como uma função comum na vida, algo que todo mundo participa.

(Cena cortada algum lugar por aqui)...

Jesse: Sim, eu sei. Eu ouvi sobre esse cara velho, que estava assistindo a alguns jovens de dança. E ele disse, que lindo. Eles estão tentando sacudir seus órgãos genitais, e se tornam anjos.

Céline: eu gosto disso (Sorri).

Jesse: Certo. Uma questão, porém, lá atrás. Quando as mulheres estão dançando, e sendo todas espirituais e materiais, certo? Onde estão os homens? Nós estamos fora na coleta de alimentos? Não estamos convidados? Vocês não precisam de nós? O quê?

Céline: Os homens têm a sorte não mordermos suas cabeças após o acasalamento. Alguns insetos fazem isso, você sabe, como aranhas, e outras coisas.

Jesse: Hum.

Céline: Nós, pelo menos, deixamos vocês viverem. O que você está reclamando?

Jesse: Sim. Veja, você está brincando, mas há algo que, você sabe. Você continua trazendo coisas com isso.

Céline: O quê?

Jesse: Sim.

Céline: Não, não, não, espere um minuto. Falando sério aqui. Quero dizer, eu... Eu sempre sinto essa pressão de ser um ícone forte e independente da feminilidade, e sem fazer... Fazendo com que pareça o meu... Toda a minha vida está girando em torno de um cara. Mas amar alguém e ser amada significa muito para mim. Nós sempre damos o prazer dele e essas coisas. Mas não é tudo o que fazemos na vida como uma maneira de ser amada um pouco mais?

Jesse: Hum. Sim, eu não sei (Sentam-se em uma pilha de caixas em um beco que eles estão andando). Às vezes eu sonho em ser um bom pai e um bom marido, às vezes sinto muito perto.

Céline: Hum...

Jesse: Mas então, outras vezes, parece bobo. Como iria arruinar a minha vida inteira. E não é apenas um medo do compromisso, ou que eu sou incapaz de cuidar, ou amar, porque eu posso. É que se eu sou totalmente honesto comigo mesmo, eu acho que eu prefiro morrer sabendo que eu era muito bom em alguma coisa, que eu me destaquei, de alguma forma, você sabe, então, que eu tinha acabado de ser bom em um carinhoso relacionamento.

Céline: Sim, mas eu havia trabalhado para este homem mais velho, e uma vez ele me disse que ele tinha passado toda a sua vida a pensar sobre sua carreira e seu trabalho, e... Ele tinha cinquenta e dois anos e, de repente, bateu-lhe que ele realmente nunca tinha dado tudo de si mesmo. Sua vida era para ninguém, e nada. Ele estava quase chorando dizendo isso. Você sabe, eu acredito que se houver qualquer tipo de Deus, ele não estaria em nenhum de nós. Não é você, ou eu, mas apenas este pequeno espaço entre nós. Se há algum tipo de magia nesse mundo, deve ser na tentativa da compreensão de alguém, compartilhar algo. (Faz um sinal) Eu sei, é quase impossível ter sucesso, mas... Quem se importa, realmente? A resposta deve estar na tentativa.

(Ambos se olham por um tempo, e depois ficam meio suspirando, meio rindo).

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

Antes do amanhecer – Cena 13: Pedro, Antonio, Gonzalo, Maria, Suzie… (Jogando Pinball)

cena 13

Localização: "Arena" club / bar está localizado na 80 Baumgasse, cruzando com Franzosengraben, no terceiro Distrito. Metro: parada U3 Erdberg, descer na Erdbergstraße um bloco, em seguida, vire à direita na Franzosengraben. Web: http://www.arena.co.at.

(A cena abre com Jesse e Celine andando por uma praça rodeada por futuros edifícios industriais. Algumas paredes estão cobertas de grafite).

Jesse: Você sabe o que me deixa louco?

Céline: O quê?

Jesse: São todas essas pessoas falando sobre como a tecnologia é grande, e como ela salva todo esse tempo. Mas, para que tempo sobrando, se ninguém usa? Se ele só se transforma em um trabalho.

Céline: Sim.

Jesse: Sim, quero dizer, você nunca ouve alguém dizer: "Bem, você sabe, o tempo que poupei usando meu processador de texto, eu vou usar para ir a um mosteiro Zen." Quero dizer, você nunca ouvirá isso.

Céline: O tempo é tão abstrato de qualquer maneira. Você estava olhando para essa garota?

Jesse: O quê? O quê?

Céline: Nada.

Jesse: Você quer entrar aqui? (Indicando um bar / Club).

Céline: O quê?

Jesse: Você quer entrar aqui?

Céline: Sim. É um clube, não?

Jesse: Sim.

Céline: Quer ir?

Jesse: Sim.

Céline: (Para o porteiro). Oi.

Porteiro: (Fala o equivalente em alemão). Cinquenta shillings.

Céline: (Para Jesse) Cinquenta shillings.

Jesse: (Começa a tirar o dinheiro). Cinquenta shillings.

Céline: Cada.

Jesse: Eu tenho cem. Aqui, eu tenho isso.

Céline: Eu vou comprar uma cerveja. (Para porteiro.) Obrigado.

(Eles entram no clube. Música alemã alternativa ao vivo está sendo tocada por um único músico com uma guitarra acústica. Jesse e Celine param em uma mesa de bar para ouvir os últimos versos da canção. O músico termina o show e fala no microfone).

Músico: Ja, das war noch nicht alles von mir, besser gesagt es kommen noch ein paar von mir.

(Sim, isso não foi tudo ainda, eu quero dizer que há mais para vir).

Jesse: Você vai me comprar uma cerveja?

Céline: Certo.

Jesse: (Desvanecimento de Voz, como as mudanças de cena) Você acha Ole Milwaukee um pouco cara aqui?

(A cena corta para Jesse e Celine em pé, jogando pinball, e bebendo cerveja. Celine perde a bola, a cena começa).

Céline: (Batendo na máquina). Merde! (Merda!)

Jesse: (Assume, e começa a jogar) Bem, hum, nós não conversamos sobre isso ainda, mas você está namorando alguém? Você tem um namorado esperando por você em Paris, ou qualquer coisa assim?

Céline: Não, não agora.

Jesse: Não mesmo... Mas você tinha? (Ele perde a bola, ela assume).

Céline: Nós terminamos cerca de seis meses atrás.

Jesse: Seis meses atrás.

Céline: Sim.

Jesse: Eu sinto muito. Quer dizer, eu não estou tão triste. Mas, me fale sobre isso.

Céline: Ah, não. Não, de jeito nenhum, eu não posso. É muito, muito chato.

Jesse: Vamos lá, diga-me sobre isso.

Céline: Ok. Eu fiquei muito decepcionada. Eu pensei que este iria durar por um tempo. Quero dizer que ele era muito estúpido, feio, ruim de cama, alcoólatra, você sabe.

Jesse: Bem servida.

Céline: Sim. (Risos) Eu era uma espécie de favor, mas deixou-me, dizendo que eu o amava muito, e, eu estava bloqueando sua expressão artística, ou alguma merda assim, você sabe. Mas de qualquer maneira, eu estava traumatizada, e tornou-se (Ela perde bola. Ela encolhe os ombros, eles trocam) E tornei-me totalmente obcecada por ele. E então eu fui ver um psiquiatra, e ele soube que eu tinha escrito uma pequena história estúpida sobre uma mulher, tentando matar o namorado dela, e como ela ia fazer isso, com todos os detalhes intrincados de, como fazê-lo, e não ser pega, e...

Jesse: Ela ia matar o namorado dela? (Perde a bola. Trocam).

Céline: Yeah. Sim, ela ia. Quero dizer, não é nada que eu faria, mas eu apenas escrevi alguma coisa.

Jesse: Tudo bem, não, não, eu entendo.

Céline: Mas de qualquer forma, este estúpido psiquiatra acreditava em tudo o que eu estava dizendo sobre ela, e foi a minha primeira vez de vê-lo. Ele disse que teria que chamar a polícia.

Jesse: Ela teve que chamar a polícia?

Céline: (Perde bola. Trocam...) Sim. Ele era, merda! Ele estava totalmente convencido de que eu ia realmente fazer isso, mesmo que eu explicasse que era apenas uma história. Ele disse, olhando profundamente em meus olhos, "A maneira como você disse, eu sei que você vai fazê-lo, do jeito que você disse isso". Ele estava totalmente fora de si. Foi minha primeira e última sessão.

Jesse: Sim, então o que aconteceu?

Céline: Eu totalmente o esqueci. Mas agora eu estou obcecada que ele vai morrer em um acidente, ou a mil quilômetros de distância, eu vou ser a única acusada. Por que você se torna obcecado com pessoas que você realmente não gosta muito...

Jesse: Eu não sei.

Céline: Então, e você?

Jesse: O quê?

Céline: Você está com alguém?

Jesse: Hum, é engraçado como nós conseguimos evitar o assunto por tanto tempo, não é?

Céline: Sim, mas agora você tem que me dizer.

Jesse: Bem, eu meio que vejo o amor como sem escapatória para duas pessoas que não sabem como estar sozinhas, quero dizer, você sabe que é engraçado. As pessoas sempre falam sobre como o amor é totalmente altruísta, essa coisa de se dar, mas se você pensar sobre isso, você sabe, não há nada mais egoísta.

Céline: Sim, eu sei. Assim, quem acabou de terminar com você?

Jesse: O quê? (Perde bola, trocam).

Céline: Parece que você acabou de se machucar, ou algo assim.

Jesse: Não... Eu pareço?

Céline: Sim.

Jesse: Certo. Uma grande confissão. Eu deveria ter dito isso antes, Céline, mas... Eu não tinha acabado de chegar à Europa apenas para sair e ler Hemingway em Paris, e merdas assim. Eu economizei meu dinheiro de toda a primavera para, voar para Madrid, e passar o verão com a minha namorada...

Céline: Sua namorada? (Ela perde a bola. Eles mudam).

Jesse: (Corrigindo-se) Minha ex-namorada, que esteve neste programa de história da arte aqui no ano passado. De qualquer forma, eu a tenho aqui, à direita, e agora estamos reunidos, enfim, e nós saímos para jantar, a primeira noite, com seis de seus amigos: Pedro, Antonio, Gonzalo, Maria, Suzie, em casa. Ela quase conseguiu evitar ficar sozinha comigo nos primeiros dias em que estivemos lá, e eu preso por um tempo, apenas para deixá-la realmente acreditar em que ela desejava que eu não tivesse ido. Então eu comprei o voo mais barato para fora da Europa, estou deixando Viena amanhã, mas ela não deixou por um par de semanas. Então, eu comprei este passe Europas, você conhece? Você sabe o que é a pior forma de alguém terminar com você? É quando você se lembrar do quão pouco ela pensou nas pessoas que ela rompeu, e você percebe que isso é o quão pouco elas estão pensando em você, sabe? (Perde a bola.) Você gostaria de pensar que você é, tanto em toda essa dor, mas na verdade, elas estão apenas "Ei, eu estou feliz que você tenha sumido". (Eles mudam).

Céline: Eu sei. Você deve olhar para as luzes. (Aponta para ele para dar ênfase).

Jesse: O quê?

Céline: Isso é o que o psiquiatra me disse. Eu estava pagando seus novecentos francos por hora, para ouvir que eu era uma maníaca homicida, e que eu poderia eliminar a minha obsessão se eu me concentrasse em luzes brilhantes.

Jesse: É assim que isso funciona?

Céline: Bem... (Perde a bola, troca com Jesse).

Jesse: Não ajuda o seu pinball, não é?

Céline: Não. Sim, bem, você sabe. Eu não fiz... Eu não matei ninguém recentemente.

Jesse: Não ultimamente? Bem, isso é bom, você está curada então. (Céline dá-lhe um olhar sádico, como se quisesse dizer: "Não necessariamente").

Roteiro do filme Before Sunrise, 1995, em livre tradução.

 

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