O meu ponto de observação não é igual ao seu e nunca será, porque focamos em pontos diferentes. Você já começou a terceira guerra mundial e eu ainda estou pensando em como sair da primeira. Você já deu a volta ao mundo e eu ainda as voltas com o 14 bis.
Para você é mais fácil ir à lua no final de semana do que lembrar que eu existo. Para mim é tudo igual porque nunca fui à lua sem você. Racionalmente eu sou normal, intimamente me pareço com alguém que você conhece e na realidade sou apenas o produto do que não se pode explicar.
Quando nos conhecemos em 65, naquele momento conturbado, eu não pensava em outra coisa que se não a liberdade. Você caiu em meus braços e lá permaneceu até que tivesse força o suficiente para seguir seu próprio rumo.
Casamento marcado, igreja pronta, convidados a postos, eu de pé no altar e nada de você chegar. Lembro-me como se fosse hoje de todos os angustiantes minutos que esperei em vão por algo que não iria acontecer e todos sabiam, menos eu, que nunca quis acreditar.
Voltamos a nos encontrar nos anos 80, casamos, cuidamos de nossos filhos e nos separamos. Dizer que foi bom enquanto durou não expressa o sentimento real e nem dá a exata dimensão de tudo o que aconteceu. Não vou tomar partido e nem me sentir perdido, todo fim tem seu começo e todo começo tem o seu fim.