Intelectualmente falando - Filosofando para os íntimos

- Porra você não curte o Almodóvar?
- Aquele chato do caralho? Quem curte?
- Eu!
- Você não conta, também é chato para caralho.

E foi assim que o Almodóvar, mesmo sem querer, acabou com o meu dia, que já não estava lá essas coisas.

Felizmente eu tenho um estoque guardado no armário para ocasiões especiais, em que o mercado esta desabastecido ou em que eu fico com preguiça de sair de casa. Essas ocasiões impares, únicas, não acontecem sempre e são uma benção. O foda é que o estoque é bem limitado, mal dá para mim, por isso tenho que esperar as visitas irem embora e só depois me deliciar.

Visitas que chegam assim do nada, e não são parentes, até não são tão ruins, em especial quando tem alguma coisa interessante para contar ou mostrar. Pode ser um par de coxas daquela amiga que você não vê desde o colegial, pode ser a interessante história de uma viagem ao Haiti ou até a descoberta de uma doença incurável. O importante é aproveitar o momento, e já que as visitas estão lá, dar a elas toda a atenção possível. Impossível é não se entediar depois de cinco minutos de conversa, quando tudo de interessante já foi dito e não há o menor sentido em continuar olhando as coxas daquela sua amiga do colegial, que hoje já não é mais uma garotinha.

Quando me chamam de chato dentro da minha casa, no meu sacrossanto lar, eu até esboço uma reação meio dramática como se isso fosse um ultraje, mas desisto no meio do caminho. Eu sou chato! Um chato incorrigível, daqueles que implicam com tudo e não estão nem aí para o futuro da nação ou a economia mundial. Tenho um grande amigo, que diz que fomos feitos para viver e mais nada, mas que o problema é que a vida é cara demais, e por conta disso, somos obrigados a fazer um monte de concessões, trabalhar e aturar idiotas, para pagar pelo que realmente importa.

Não tiro nem uma vírgula da razão dele, afinal, todo o processo se resume a isso, um monte de dias modorrentos e tediosos, para que possamos aproveitar quatro ou cinco dias alegres. No fim desses quatro ou cinco dias alegres, o que resta são os bolsos vazios e a ressaca. Quando os bolsos e as contas bancárias estão vazios, a ressaca é menor, pois o porre foi com bebida de qualidade, quando apenas o bolso está vazio e sobrou algum na conta, a cabeça dói bastante no dia seguinte.

Para falar a verdade, a verdade verdadeira, eu nem gosto tanto assim do Almodóvar. Vi pela metade uns dois filmes dele, apenas para ter algum assunto, não sei com quem, e não sei por que perco meu tempo com teorias baratas sobre a sua obra. Tudo bem que a loira merecia algo mais filosófico da minha parte, mas eu não precisava ter exagerado a ponto de citar o Almodóvar.

- Como assim também sou chato para caralho?

Vai passar

O que te magoa, incomoda hoje, será passado amanhã. Pense nisso.

Antes de qualquer atitude mais radical, antes de se entregar aos desprazeres do álcool e ou de outras drogas licitas e ilícitas, tenha consciência de que o tempo não para. O que hoje dói, amanhã já deixou de doer ou vai doer menos. Tudo tem um começo, um meio e um fim. Você não precisa misturar a ordem das coisas e por um fim em tudo no meio. Aguente firme a pressão.

A reinvenção dos dias todas as manhãs já é motivo o suficiente para você pensar muito antes de cometer qualquer loucura, antes de sair por aí fazendo ou dizendo qualquer besteira. Lembre-se que as memorias ruins incomodam, ainda mais se você foi o causador delas. Não queira estar um passo a frente de todos e nem queira se mostrar superior ou melhor do que ninguém. Vivencie o processo, permita-se passar por todas as etapas de reconstrução, com ou sem choro.

Sempre leve em consideração que você é o responsável por seus atos. Você se colocou vulnerável em cada uma das situações que hoje lhe machucam, você ignorou todos os avisos, não escutou os conselhos, não quis ver ao seu redor, portanto, tem que se responsabilizar pela tarefa de conviver algum tempo com a dor.

A moeda é a mesma

Uns pagam a vista, outros a prazo, mas no final das contas a moeda é a mesma, muda apenas à forma de pagamento. Eu sou da politica que nunca se deve repetir o processo, nunca se deve tentar a devolução como forma de compensação. O que está feito está feito e pronto. Não há a necessidade de se buscar um revanchismo, uma pretensa sensação de justiça ou coisa do tipo.

Apesar de a moeda ser a mesma, você não precisa e nem deve, ousar sonhar em pagar da mesma maneira, até porque não se deve dar aquilo que não se quer receber.

A vida é feita de partes e estas partes quando unidas é que formam o todo, portanto, você não pode ignorar ou tentar se livrar de uma única parte da sua vida. O todo, uma vez unido, não é divisível. Todas as suas perdas, seus ganhos, suas ilusões, decepções, erros e acertos, vão lhe acompanhar até o fim, você vai dormir com eles todas as noites. Por mais que nada lhe incomode, por mais que sua consciência permaneça tranquila, mesmo sem motivos para tal ou ao contrário, que ela lhe incomode mesmo sem motivo, você não tem como se livrar do que já viveu.

A falsa ideia de que tudo merece troco não deve habitar a sua mente, em hipótese alguma, porque esse não é um papel que lhe caiba. Remoer esses pensamentos, guardar esse veneno, fomentar esse rancor, não vai te levar a lugar algum e você sabe disso. A única coisa que vai lhe ajudar quando a noite chegar é a certeza de que fez aquilo que estava dentro do seu coração, que agiu de acordo com seus princípios, de forma honesta e segura.

Pontos cardeais

Seu olhar
É pra mim um mar bravio
Onde arrisco meus navios
Toda vez que deixo o cais
Perco tudo
Esse ar de quem não sonha
O orgulho, a vergonha
Os meus pontos cardeais

Perco ainda
Os meus maus pressentimentos
O cordão de isolamento
Dos meus dias sempre iguais
Perco tudo
O rancor dos infelizes
O temor das cicatrizes
Que um grande amor nos faz

Pra que dizer mais
Pra que querer mais
se eu nunca vi tão perto de ser feliz

Ivan Lins & Vitor Martins

Sucesso

O primeiro passo para o sucesso é parar de buscar pelo na cabeça de ovo. Em primeiro lugar, ovo não tem cabeça. Em segundo lugar, mesmo que tivesse, não nasce pelo em ovo. Dito isto acho que já podemos passar para a fase em que lhe explico, passo a passo, como se chega ao sucesso.

A coisa toda começa quando você descobre, da forma que mais lhe convier, os motivos pelos quais chegou até aqui. Sim, você precisa saber o porquê quer o sucesso. Eu não posso ajuda-lo se você mesmo não se ajudar. Pense bem, com calma, seja franco consigo, avalie o te faz achar que precisa de sucesso.

Achou? Está mais tranquilo? Podemos continuar? Então vamos!

Para os que se sentem fracassados eu não tenho boas noticias. Não vou poder ajuda-los e vocês já podem parar de ler o texto a partir daqui. Um fracassado jamais alcança o sucesso, isso é um fato imutável e, portanto, nem mesmo eu, com meus poderes, poderei ajudar. Os demais, que não se sentem fracassados, podem continuar.

Perseverança é a palavra chave de tudo, a que abre as portas do sucesso. Uma única palavra é disso que você precisa para chegar ao sucesso. Pegue aquilo que você faz de melhor, seja lá o que for e persevere. Continue insistindo no seu talento, mesmo que você não tenha talento algum, mas saiba fazer alguma coisa com certa qualidade e não se sinta um fracassado.

Não será nada fácil, mas prometo que será gratificante. Todos os dias, sem desanimo, tire algumas horas ou alguns minutos e persevere. Repita isso até alcançar o sucesso. Quanto mais você fizer, quanto melhor você conseguir fazer aquilo que já faz bem, mais rápido você chegará ao sucesso.

Como esquecer um grande amor 2

A pior parte de gostar de verdade de alguém é conseguir deixar de gostar. Por mais que você tenha sido usado, enganado e tantas outras coisas, quando você gosta realmente de alguém, você não consegue deixar de gostar assim de uma hora para outra.

Os amigos dizem que não vale a pena, os livros tentam te ensinar a dar a volta por cima, os “sábios” sempre tem uma solução mágica e até você tenta, inutilmente, se convencer que vai conseguir. Não é impossível, mas é bem difícil, porque o sentimento não é algo que se constrói da noite para o dia e por isso mesmo, não se desfaz como um castelo de areia.

O tempo passa e é certo que algum dia você vai estar em outra, pensando em coisas totalmente distintas, vai conseguir mudar o rumo, mas esquecer mesmo, isso não. Você para de pensar, conhece novas pessoas, até arranja outro par, mas sempre terá dentro de si a sombra do que foi um dia um amor de verdade.

A forma como as coisas terminam pode ajudar a acelerar o próximo passo, mas não vai fazer milagres. Você vai parar de sofrer porque é isso o que tem que ser feito, mas não vai esquecer ou deixar de amar, porque por mais que a vida siga em frente, o mundo de voltas e você refaça os planos ao lado de outro alguém, quem ama não esquece.

Comecei pelo fim

Coincidências acontecem a todo instante e não que eu tenha alguma coisa contra o destino ou qualquer tipo de preconceito com as crenças de que tudo está escrito ou acontece por alguma razão. Penso que a vida é composta de uma série de fatos incomuns, que analisados sobre certa ótica tomam a forma que quisermos. Quem atribui poderes mágicos as estrelas acha que os acontecimentos têm haver com os astros, os que seguem as religiões dão aos céus os louros por tudo e assim vai, cada qual com a sua história para contar.

Recentemente resolvi renovar o cérebro e a estante, comprei três livros, escolhidos ao acaso e que não tem nenhuma ligação entre si ou pelo menos não tinham. Quando eles chegaram os deixei um tempo na embalagem, ajeitei as coisas e me programei para escolher aquele que seria o primeiro a ser lido.

Coincidentemente ou não, eu comecei pelo fim. Fim é o título do livro que resolvi ler primeiro e ele acabou marcando este momento da minha vida. Os outros livros, “O substituto” e “As fêmeas”, acabaram com seus títulos, por também estarem ligados a esse momento. Uma feliz trinca de livros, com historias distintas, mas com uma coisa em comum, o momento pelo qual estou passando.

Poderia fazer inúmeras combinações com os títulos dos livros, mas independente da ordem em que eles estejam, o importante é a mensagem que me foi passada e será seguida.

Um enfeite real na estante

Você quer a cabeça do rei para servir de troféu na sua estante, você quer apenas um enfeite para o seu mundo. A sua sala anda tão vazia, o seu espaço anda tão sem cor, a cabeça do rei seria o adorno ideal. Porque não ter exatamente o que se deseja, porque não a cabeça do rei? Em uma bandeja de prata bem bonita e com a coroa, afinal, ele é um rei.

Limitações de toda a ordem surgem no horizonte como nuvens no céu. Essas limitações podem e vão fazer com que muitos se percam no caos de pensamentos, porque elas impedem o correto julgamento dos fatos, a visão limpa das coisas. Quando não se tem a clara noção do que se está fazendo ou de para onde se está indo, a tendência natural é que se chegue ao fim de um ciclo.

Assim como quase tudo nesta vida, as vias devem ser de mão dupla. Um entrega ao mesmo tempo em que recebe do outro e esta entrega tem que ser total, pois senão, deixa de fazer sentido tornando-se apenas uma convenção social.

Tudo o que é relegado ao segundo plano, tal e qual a cabeça do rei, um dia deixa de fazer parte da sua vida, porque algumas coisas são caras demais para serem deixadas na estante.

Onde está a beleza

A beleza não está naquilo que você pode ter, um carro, uma casa ou uma joia dourada. A beleza também não está nas obras de arte ou nas teorias e elucubrações que insistem em nos fazer tentar compreender. A beleza é muito mais do que isso, é algo que não se pode mensurar e muito menos ter como regra.

O belo não é invisível aos olhos, mas sim dependente de cada olhar, pois o belo muda de acordo com a forma como é visto. Uns enxergam o belo na ausência, outros veem o belo no gesto, alguns entendem o belo como uma forma de expressão e a beleza de cada um é única, particular.

A beleza vem de dentro para fora, é reflexo do que você traz dentro de si e espelha no outro, naquilo que vê. Maquiagens, lindos penteados, roupas especiais, nada disso tem haver com beleza. O que é belo independe de tudo isso. A beleza física é um apanhando de coisas impostas por uma suposta sociedade, em prol de um suposto padrão, mas que não condiz com a realidade, pois cada um é o que é.

A beleza está nos bons pensamentos, no caráter, no coração e não nos produtos industrializados, porque o espelho apenas mostra aquilo que você quer ver.

Beleza é

Só vim te ver
Beijar você
Mas você não quis saber, resentimento
Não quis te magoar
Me perdoa eu só quero saber de te amar

Você pra mim
É amor sem fim
Não quero te deixar, meu sentimento
Meu corpo a te tocar
Trás a paz entre nós não preciso falar

O brilho que está
No teu olhar
É igual, tanto amor, que tenho pra dar
Esqueça as brigas então
Esse orgulho essa dor
E abra o seu, coração, ao que Deus criou

A Vida é
Beleza é
Acordar ao seu lado
Beleza é
A vida é
Um sorriso um abraço

Luciana Mello

Sobre perdas e danos

São poucos os pedaços de pano, demais para serem chamados de retalho, pois costurados não dariam um remendo. Também são poucas as peculiaridades da vida. Em particular, que me pese todos os fatos, tenho a dizer, que nada sei a respeito daquilo que penso saber. São tantos anos, tantos enganos, tantas reviravoltas, que aquele meu conhecimento datado, foi todo para o ralo.

Teorias a parte, logo que se pensa que sabe demais, aparece alguém e mostra que sabe mais. O aprendizado é continuo. De uma hora para outra perdi a noção do tempo, viajei em divagações e acordei deitado na mesma cama. O lado ruim das avenidas movimentadas é sempre aquele em que você está.

Os danos causados pelas perdas não são tão graves assim, devem ser relevados em prol do grande aprendizado que se adquire. Não há viva alma que não ganhe em conhecimento após uma chance perdida, uma falha, um fora, um desgosto. As dores passam, o entendimento fica.

Após uma tempestade as ruas demoram um pouco a secar, mas quem está molhado demora a esquecer. Podem se apagar os vestígios, mas não se apaga a consciência e essa, para alguns, pode ser muito cruel.

Ponto de interrogação, vírgula e reticencias

Caiu tanta chuva naquela manhã de domingo, tanta agua, que as ruas alagaram. Carros boiavam na avenida, pessoas procuravam abrigo nos bares, nas lojas e em todos os lugares onde fosse possível escapar daquela chuva torrencial. Uma chuva tão grande, uma cidade tão pequena, uma catástrofe que só não foi sentida por uma pessoa. Ele por mais que quisesse e tivesse que fazer, não estava nem aí para a chuva e caminhava calmamente pelas ruas tomadas pela água.

Enquanto o corpo movia-se como que em transe, a mente trabalhava a uma velocidade impressionante. Milhões de pensamentos por segundo, ideias desconexas, teorias inimagináveis. Ele não tinha noção do que fazer e nem para onde estava indo, ele apenas caminhava sem destino. As lágrimas misturavam-se a chuva, a roupa molhada grudada no corpo praticamente se desfazia e sob os olhares das pessoas que buscavam se abrigar ele continuava a caminhar.

Quando a tempestade passou ele ainda podia ser visto vagando em direção ao nada. As lágrimas se foram com o temporal, as roupas continuavam molhadas e descalço, as bolhas dos pés não incomodavam mais. O cérebro de tantas ideias tortas, já não mais funcionava, não pensava em nada. Ele tornara-se um preso em seu próprio corpo, dependente de pensamentos que não mais existiam, de emoções e sentimentos que ele não mais conhecia.

As tempestades, as chuvas torrenciais, são mais ou menos como os momentos ruins, temos que passar por eles, enfrenta-los. Existem os que fogem, tentam se enganar, iludem-se com esperanças vazias, com referências vagas. Os que encaram as decepções como aprendizado não tem a garantia de não sofrer novamente, mas com certeza sairão mais fortes para enfrentar as próximas.

Encontrado depois de horas, caído já sem vida, ninguém nunca soube o real motivo de sua morte, as consequências que o levaram ao fim. O que se sabe é que enquanto teve forças ele caminhou, enquanto pôde ele tentou, mas não resistiu a grande dor no peito, ao vazio do coração e partiu.

Querência

Quero escrever um poema, mas estou cheio de dilemas. Já não sei mais o fim do filme ou o começo do problema. Quero estar onde estou sem temer o futuro, quero encontrar as pessoas que sei que estarão tão perdidas quanto eu.

Voltar à praia é uma coisa normal, ato banal, sem igual. Chutar a areia, ter alegria, viver de magia, é comum. Vamos então soltar o ar que esta preso nos pulmões, vamos então deixar cair à chuva e decidir o que fazer depois. É por isso que eu digo, acredito em mim.

Saudade, vontade, desejo e falta 2

Continuava batendo aquela saudade enorme, transformada em um grande desejo de muitas novas emoções, reverses e surpresas inesperadas. Continuava a crescer, como que não houvesse fim, aquele grande sentimento, que não era momentâneo, nunca foi e muito menos algo impensado. Era sério, sempre foi. Nunca existiram fronteiras, nem barreiras, porque a força era maior do que eu podia imaginar.

Faltas, ausências e não renuncias, procura. O que eu sempre quis não me faltava, nunca foi verdadeiramente meu, era ilusão.

O pensamento sempre alcançou voos mais altos, sempre foi onde o corpo não pode ir e por um tempo, isso bastou para que a magia acontecesse, mas esse tempo passou. Não se vai à lua sem algumas perdas, não contempla o luar sem um céu limpo lá fora.

As luzes florescentes da sala iluminam, mas também apagam a beleza, distorcem as formas. As luzes comuns aquecem demais, são próximas demais, mas são o que são. Ainda há muito a ser feito, um longo caminho a ser percorrido.

E no meio disso tudo talvez falte à respiração, talvez o coração peça um tempo, mas ambos vão voltar. As pausas serão necessárias a sequencia, por mais dolorosa que ela venha a ser.

O que não existe, em parte, é criação de uma mente onde faltam partes importantes. O que não existe nasce de uma necessidade, que em prol do todo, deve ser refreada e direcionada para o que realmente faz sentido.

Uma flor no meu olhar

Tem uma flor no meu olhar, tem uma flor bem diante de mim e eu não sei o que fazer. Como trata-la da maneira que ela merece? Como ser firme e ao mesmo tempo não ser bruto? Como manter a flor viva com toda a sua beleza sem sufoca-la com meus medos, minhas angustias, meus dilemas?

A flor do meu olhar só morrerá se e quando eu quiser, pois ela nasce do peito, transborda e agora está no meu olhar. Ela está no modo como vejo as coisas, na forma como lido com as emoções, os sentimentos, os momentos, tudo. Ela não é mais bela por ser minha e estar no meu olhar, nem menos bonita que as outras flores desse mundo, ela apenas é o que é.

Não tem cor especifica, não pede mais do que necessita, mas também não se contenta com o nada, as ilusões. Ela precisa ser cuidada constantemente, regada e tratada para que possa se desenvolver e existir de forma plena, independente.

A simplicidade de tudo a sua volta, a força do que não cessa, os imprevistos, tudo pode ajuda-la a se tornar mais forte ou pode contribuir para o seu recolhimento. Enquanto ela estiver recolhida sua beleza fica a espera de quem saiba aprecia-la para que possa mostrar-se novamente como sempre fez.

Pelo amor

- Caso não seja por isso, será por aquilo e se não for por aquilo, será por alguma coisa.
- É certo que será?
- Como vou saber se ainda não tentei.

Mecânica avançada aplicada aos processos internos com desdobramentos nos processos externos. Simples. Esse sempre foi o ponto a ser levado em consideração, sempre foi o ponto com o qual deveríamos nos preocupar, mas foi justamente o primeiro ponto a ser negligenciado por todos nós.

Vão haver os que dirão coisas a respeito de um recomeço de todas as coisas e também veremos aqueles que crentes de que a realidade pode ser mudada, tentarão refazer os passos do passado em prol de um futuro luminoso. Lâmpadas também se apagam.

Mais certo do que dois e dois, que em alguns casos não é quatro, é a certeza que o mundo é mutável, as coisas são mutáveis, as pessoas são mutáveis, o universo está em constante transformação e é isso que move as engrenagens. A tal mecânica avançada, é tão boa quando um livro de páginas em branco, mas cumpre a sua função, pois existe com algum proposito.

A tensão se desfaz pelo poder que a mente tem em processar informações, reescrever as frases e, mais do que isso, vislumbrar o que ninguém consegue enxergar. Está aí a moral da história. Existem joaninhas a solta pelos campos e elas não estão sós.

Casamento marcado. Por ela

- Nove anos que estamos juntos.
- O tempo passa rápido demais mesmo.
- Não estou falando da rapidez do tempo e sim da nossa morosidade.
- Morosidade?
- Você já pensou o que são nove anos? Uma vida! Não seria a hora de darmos o próximo passo?

Senhor aqui está à conta.

- Você sempre foi bom com números, mas parece que hoje está mais preocupado em sair correndo, nem conferiu a conta.
- Não é necessário.
- Você realmente está mudando.
- Já te disse que não é necessário conferir a conta. Jantamos nesse restaurante desde que nos conhecemos, não há a necessidade de checar item por item.

A sua via senhor. Tenham uma boa noite e voltem sempre.

- De táxi não preciso me preocupar com a sua volta.
- Qual o problema em voltar comigo?
- Nenhum, mas prefiro pegar um táxi. Posso?
- Aconteceu alguma coisa? Eu vou te deixar em casa e pronto!
- É tudo o que você quer, despachar a encomenda? Eu pego um táxi.

Amiga acho que você deve tomar a iniciativa. Já que ele não se sensibiliza, não pensa em algo mais, você deve colocar ele contra a parede. Não é possível que depois de nove anos de relacionamento ele continue do mesmo jeito. Alguma coisa tem que ser feita e se ele não faz, que o faça você!

- Você está linda!
- Obrigado, mas acho que você pode economizar os elogios, eu vim aqui para conversarmos.
- Estou tentando não ser tão frio como ontem, segundo as suas palavras, mas me desculpe por tentar.
- Sarcasmo agora? Por quê? Para que?
- Você quer realmente conversar?
- Acho que está mais do que na hora.
- Então fique a vontade para começar e me dizer o que está acontecendo, porque tanta celeuma, o que foi que eu fiz ou que não fiz?
- Esperar que você, depois de nove anos, tivesse outra atitude, foi burrice minha.

Saímos para jantar mais uma vez e para conversar de novo. O Edu é um homem especial, mas frio como uma pedra de gelo. Os únicos sentimentos que ele possui são sobre o cachorro dele e sobre a sua prancha de surfe. Não é possível que eu tenha me apaixonado por um homem desses, mas aconteceu. Incrível pensar que tivemos tantos momentos bons juntos.

Ele nunca foi o tipo de cara que se atira em uma relação, ele sempre se manteve ali, distante, como se estivesse à espera de algo. A cada ano a esperança de que ele pudesse mudar foi diminuindo, aos poucos ele conseguiu me mostrar que jamais se entregaria de corpo e alma aquilo que estávamos vivendo.

Ele celebra o fato de ter alguém e esse alguém sou eu, mas ele não quer compromisso, não quer se prender a ninguém. Sombra e agua fresca, sexo e jantares. Isso não me basta, eu quero mais, seja com ele ou não.

- Você vai entrar de branco?
- Sim, porque não?
- Dizem que só as noivas virgens entram de branco.
- Para quem não queria saber de algo mais sério, o senhor anda se informando demais sobre o assunto.
- Nada, apenas li em desses compartilhamentos de rede social.
- Sei e acredito, você tem realmente esse perfil de quem entra em rede social para ficar lendo sobre casamentos.
- Não posso agora?
- Pode, fique a vontade.
- Agora já sei por que demoramos tanto tempo para chegarmos a esse momento.

Casamento marcado. Por ele

- Garçom! A conta, por favor.
- Mas já?
- Sim, amanhã tenho reunião no primeiro horário.
- Mas nem conversamos direito sobre nós.
- Eu sei disso, mas não posso ficar. Realmente precisamos conversar mais, mas não agora, não hoje.

Senhor aqui está à conta.

- Débito, por favor.
- Nossa não estou lhe reconhecendo, você está tão frio.
- Estou e sou o mesmo de sempre. Não vamos começar agora.
- Não estou começando nada, apenas fiz uma observação e sim, você está diferente, está frio, distante.

A sua via senhor. Tenham uma boa noite e voltem sempre.

- Vou te deixar em casa.
- Não precisa, eu pego um táxi.
- Entra, não faz cena.
- Já falei pego um táxi, não precisa se preocupar comigo. Vá descansar amanhã você tem reunião, precisa estar bem.
- Não vou discutir com você aqui, entra no carro, eu vou te levar.

Então os números nos mostram que tivemos um crescimento de trinta e sete por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. Levando em consideração o cenário econômico e as variáveis envolvidas, podemos dizer que nosso crescimento real foi muito maior.

- Tem certeza de que não vou atrapalhar?
- Você não quer conversar? Então, esse é o melhor momento.
- Mudando como o tempo, inconstante como o vento. Não consigo entender você. Ontem frio e distante, hoje calmo e receptivo.
- Era sobre isso que você queria conversar, sobre o tempo, o vento?
- Não, você sabe que não. Quero conversar sobre nós, sobre o que está acontecendo conosco.
- E o que está acontecendo conosco?
- Você, é claro, não percebeu. Idiota fui eu, ao achar que você pudesse ter percebido alguma coisa, afinal, você é homem e como todo homem, insensível, não presta a atenção nos detalhes.
- Generalizações e discurso feminista há essa hora não, por favor.

Saímos para jantar mais uma vez e para conversar de novo. A Mari é uma mulher incrível, mas adora discutir a relação, gosta dos mínimos detalhes de tudo. Estamos juntos desde dois mil e cinco, entre idas e vindas, encontros e desencontros. Ela reclama que não quero nada sério, que já era hora de juntarmos as escovas de dente, dividirmos os lençóis.

Complicado dar conta das demandas sentimentais dela. Quando estou calado, estou frio e distante. Quando estou falante, aconteceu alguma coisa. Mulheres e suas manias, seus jeitos e seus pensamentos loucos a cerca do que não existe.

Ela quer uma aliança no dedo, um pedido e eu quero que ela curta o momento, apenas isso, sem cobranças, sem estresse. É claro que ela é imperativa, fala mais alto, tem sempre razão e eu, pobre coitado, ouço sem poder fazer muita coisa.

- Seus pais vêm?
- Não sei.
- Como não sabe?
- Não sabendo, o coroa é de lua, depois que se enfia naquele barco não quer saber de mais nada.
- Mas é o nosso casamento.
- Mandamos o convite e torcemos para ele aparecer.
- E sua mãe não vai entrar com você na igreja?
- Caso ela venha sim.
- Agora já sei de onde você tirou esse jeito de não se importar com as coisas.

Saudade, vontade, desejo e falta

Estava batendo uma puta saudade, uma baita vontade, um forte desejo. Estava crescendo um grande sentimento, não um amor de momento ou emoção de rompante, estava ficando sério e era de verdade. Cresceu em mim, ficou tão grande que transbordou, não coube no peito.

Era falta do beijo, falta do corpo, falta da voz, falta de tudo aquilo que eu sempre quis.

Sentimentos tão distintos e tão próximos. Querer e não ter, poder e não conseguir. Estar lá em pensamento, não fisicamente.

Aquele exato momento em que a respiração fica mais lenta, o coração desacelera e tudo o que se quer é parar por alguns longos e preciosos instantes. O recomeço é fácil, a sequencia, esta sim, é dolorosa.

Não se completam partes daquilo que não existe. O que está feito, está, o que não está, talvez nunca seja feito.

Aperta, afrouxa

Limite de velocidade, de altura, de unidades, limite até de felicidade. Tem limite que limita e tem limite que evita os excessos. Limite quando bem aplicado é bom, quando mal utilizado tolhe, barra, censura.

As relações também têm limites, têm seus porquês, seus senões. Não pode apertar demais, muito menos afrouxar em excesso. Tem estar presente sem sufocar, ausente sem se afastar. O estar junto tem que ser constante, mas não o tempo todo. Os indivíduos de uma relação precisam respirar, pois também tem suas vidas independente de seus pares.

Há a necessidade a hora de dar a mão, oferecer o ombro, dar aquele abraço e a hora de silenciar, de deixar curar, de apenas observar. A saudade em demasia acentua a sensação de distancia, de ausência, mas quando na medida aumenta o desejo, à vontade.

A tênue linha entre o apertado demais e o frouxo em demasia, deve ser sentida. E a cada dia deve se praticar a manutenção desses limites em prol de uma relação saudável.

Injustiça. O mundo precisa mudar

A porra de um bagulho que me deixa puto, a ponto de fazer um escândalo, é a injustiça, são os imbecis que não se tocam e acham que os outros vão deixar por isso mesmo. Na condução é onde isso mais acontece e como não tenho sangue de inseto, parto logo para a ignorância. Estava lá o marmanjo fingindo que estava dormindo e a velhinha coitada, em pé, segurando com a maior dificuldade no ferro:

- Mermão! Precisa de convite para levantar a bunda dessa cadeira e dar o lugar para essa velha caquética em pé aqui na sua frente? Não está vendo que a coitada não consegue nem ficar direito na condução ou você precisa de óculos?

Aí entra também o lance da ingratidão, uma puta escrotidão, porque a velha não gostou da minha atitude:

- Caquética é a sua vó seu filho da puta! Dá próxima vez dou-lhe uma porrada no meio dos cornos!
- Qual é tia? Eu aqui na moral, dando um valor para a senhora, pedindo para o babaca levantar e a senhora querendo me esculachar.
- Não preciso de ninguém para me defender, posso ser velha, mas não estou morta. Quem te disse que eu queria sentar?
- A senhora está aí quase desmaiando, caindo pelas tabelas, torcendo para não ventar e fica tirando essa marra.
- Mas você é um folgado mesmo, não respeita nem os meus cabelos brancos.

Parei, deixei a velha resmungando para lá e até dei graças a Deus do Mané não ter levantado para ela sentar. Por essas e outras que o mundo está desse jeito, a gente tenta ajudar e ainda recebe patada. Depois dessa, nunca mais.

Coisas que odeio: Burrice

Não tem nada haver com inteligência ou conhecimentos específicos, tem haver com praticidade, logica. Ninguém é burro porque quer ou porque nasceu assim, as pessoas são burras porque não pensam ou não querem pensar. Tudo na vida é uma questão de conceitos, métodos, organização.

Sem intenção podemos cometer algumas falhas, deixar a desejar em alguns aspectos e isso é normal. Pessoas burras cometem essas falhas porque não o mínimo de capacidade para discernir entre aquilo que se mostra coerente e o que não faz o menor sentido.

Os idiotas de plantão são os mestres do retrabalho, os reis da execução torta. Custo a acreditar que pessoas assim existam nos dias de hoje, mas sou surpreendido a cada instante com a aparição desses seres desprezíveis. Tolero um monte de coisas, relevo diversos deslizes, mas não tenho paciência para a burrice.

Diferenças

Eu não falei diferente, mas tem um bando de gente que acha que sabe o que diz e segue por aí dizendo bobagens, fazendo de conta que é feliz. Esse bando de gente faz coisa errada demais, finge que não sente nada e sai da letargia com a mesma agonia de quem vai ao cinema.

Pobre povo matreiro que durante o ano inteiro vê na tv o que mais incomoda e mesmo assim não se toca, não se programa, não faz drama. Deita na cama depois da novela, acorda antes do galo cantar, e sem sair do lugar ignora o fato de não pertencer. Os lugares mais insólitos, as revelações mais surpreendentes, todos os dados que não estão escritos em manuais. Práticas de um dia de sol.

O mesmo calor que aquece, por conta das diferenças de temperatura nos trópicos, também pode esfriar, congelar, assustar. É com pesar que vejo os dias passarem pela janela, sem perdão, sem ação. A vontade é crescente, o desejo é latente, o sol é poente. O resto é aquilo que já estamos cansados de saber, apenas bobagens.

Boi que não se pode confiar

O investimento em marketing é tão grande que em alguns momentos, chego a acreditar no que estou vendo. Um “bom moço” referendando uma carne maltratada, um slogan que caiu no gosto popular e até uma tentativa vã de se fazer crível o “rei” da música popular. Esse é o enredo que fez com que a Friboi alcançasse tanto sucesso, mesmo que seja um sucesso teórico.

Na pratica a carne da Friboi não é confiável. Por trás de toda a publicidade, dos garotos propaganda e dos slogans bonitos, se esconde uma carne mal trabalhada e obtida através de métodos e processos duvidosos. Não vou entrar na questão da empresa estar envolvida em escândalos recentes com o governo, supostamente por corrupção, estou falando aqui apenas do seu principal produto, a carne.

Já tive diversas experiências desastrosas com a picanha deles, preparada de diversas formas e em todas elas demonstrando ser uma carne de péssima qualidade. O contra filé é intragável e os outros cortes também se mostraram de muito baixa qualidade. Ao invés do gasto excessivo com campanhas televisivas, atores globais e “ídolos” da música, deveriam investir na qualidade da carne.

Uma carne cara como a da Friboi, que tem a intensão de ser uma carne diferenciada, não pode ter a qualidade que tem, ou seja, nenhuma. O mínimo que se espera depois de assistir a seus comerciais é um produto decente e não o que se compra nos mercados.

Madrugada

É de madrugada, depois de toda a rotina traçada. É de madrugada, depois que o tudo se transforma no nada. É de madrugada que a gente reclama, que diz que não ama e abre o berreiro. É de madrugada que o couro come, que a chapa esquenta e entra o tempero. O mundo efervesce de madrugada, sem ter hora marcada, sem mais, nem por que.

É de madrugada que rolo na cama, que chamo o seu nome e sou mais feliz. É de madrugada que a lua aparece e a gente esquece daquilo que diz.

Depois da meia noite, antes de amanhecer, é de madrugada que tenho você com a benção do luar. Em lençóis de sede ou no chão da sala, é de madrugada que colo meu corpo no seu e como peça única reinventamos o sexo.

Um pouco sem nexo, no reflexo do espelho, igual miragem, mas sem paisagem. É de madrugada, não pela manhã ou ao entardecer, penso que sou eu, mas é tão somente você.

Perdas, ganhos, olhos verdes e sonhos

Uma hora, em algum momento, temos que acordar. É finda a noite, surge o dia e começa tudo outra vez. Novamente a vida se renova com o sol, as esperanças se fortalecem na certeza de que tudo pode e vai dar certo. É a vida seguindo o seu curso, somos nós fazendo a nossa parte, sendo quem sempre fomos ou deveríamos ser.

Entre ganhos e perdas, caímos algumas vezes e levantamos outras tantas. É que a cada passo uma nova cena se descortina diante dos olhos, é impossível não sonhar com um amanhã pleno e sereno. Seria fácil não pensar nas consequências, mas difícil lidar com a consciência depois dos acontecimentos.

Olhos verdes não me seduzem mais, já foi o tempo em que me deixava levar por eles. Um sorriso talvez tenha mais sorte, mas é bem provável que a atitude positiva em relação ao todo derrube minha posição contrária.

Perdas, ganhos, olhos azuis e pesadelos

Faz parte do jogo, não se ganha sempre, assim como não se perde todos os dias. Os percalços acontecem com qualquer um, não são propositais. Alguma coisa dá errado, nem tudo pode dar certo. A mesma bola não entra no mesmo buraco todas às vezes. É uma questão de lógica e tentativa e erro.

Olhos azuis, apenas lindos olhos azuis no meio do nada. É isso e nada mais. O que olhos azuis fazem no meio do nada é algo que não tenho como explicar, pois eles estão lá, pronto. O fato de serem dela não os tornam mais bonitos, mais especiais ou mágicos, eles continuam sendo apenas lindos olhos azuis no meio do nada.

Depois de algumas voltas no mesmo lugar, depois de tanto pensar e nada criar, é que percebemos o quanto tudo não passou de um sonho. Como nem todos os sonhos são bons, alguns se tornam um pesadelo e assustam. Nada é tão interessante que não possa ser emoldurado e nada é tão ruim que não possa ser melhorado.

O conceito único é o que dita tudo o que pode acontecer, desde lindos olhos azuis no meio do nada, até pesadelos inesperados no meio da madrugada. O certo é que haverá falhas no processo e elas devem ser compreendidas, assimiladas e vividas.

Carla do ginásio

- Você está consciente do que fez?
- O que eu fiz?
- Você sabe muito bem, não vem com esse papo! E sabe também que estou puta contigo.
- Por causa da festa do Marcos? Não acredito!
- Eu falei que não queria ir!
- Porra, a festa do meu melhor amigo, eu tinha que ir! E você também não precisava ficar com aquela cara emburrada a festa toda. Melhor não ter ido. Eu ia de qualquer jeito, você sabe.
- Ia sim, para ver a piranha da Carla!
- Para de neurose, está estressada a toa.
- Vai se fuder!
- Não queria ir à porra da festa não fosse! A Carla eu conheço desde o ginásio, não tenho culpa se você não gosta dela.
- Ninguém gosta, porque ela fica dando em cima do namorado alheio.
- Ela não deu em cima de mim, pare com isso.
- Vamos parar? Chega dessa merda de assunto, já deu! Você conseguiu o que queria, vamos embora, quero ir para casa.
- Trás a conta, por favor, amigão!

Novidade no palito

Funciona tão bem que me espanta alguém não ter pensado nisso antes. Refresca mais do que a mais refrescante das frutas, é saboroso, é inusitado, e é no palito.

Sabores inusitados sempre existiram, mas em geral eles respeitavam ou seguiam uma determinada regra, até para não chocar o publico consumidor. A ousadia, apesar de estar presente não chegava a tanto, isso até resolverem lançar um picolé de Curry com orégano.

Sim, você não leu errado, um picolé de Curry com orégano em pleno verão de 2015. A aceitação tem sido grande, as pessoas estão gostando da novidade e está sendo difícil encontra-lo nos pontos de venda.

E não adianta torcer o nariz, fazer cara feia, tem que experimentar para depois dar o braço a torcer e admitir que foi uma das criações mais felizes de 2015.

Eu não tenho medo de escuro

Quem deve temer as sombras são aqueles que não andam pelo caminho dos justos. Quem deve temer as sombras são os que não vivem de acordo com seus próprios ideais, escondendo-se atrás de máscaras. Eu não tenho medo de escuro porque é ele quem deve preocupar-se com a presença daqueles que seguem a cartilha da honestidade e da sinceridade.

Não me importa o que os outros pensam ou o que digam a meu respeito, a seu respeito. Não me interessa o nível de dificuldade da coisa, pois alguém dará conta da tarefa caso eu não logre êxito.

Tudo nesta vida tem o seu tempo, o seu jeito e a sua maneira de ser. Nunca tive a intenção de ser o melhor, mas sempre fiz e vou fazer o meu melhor. O pouco que sei e o pouco que tenho, sempre vão estar à disposição daqueles que precisarem de meus conhecimentos ou de algum outro tipo de auxílio. Meu tempo não é mais ou menos precioso que o de ninguém, por isso mesmo pode e vai ser compartilhado sempre que se fizer necessário.

Virar as costas para o próximo, não observar o outro, achar que o mundo gira apenas em torno do próprio umbigo, são coisas que não faço e nem pretendo fazer. Talvez minha missão nesta terra não seja exatamente esta, mas enquanto me for permitido, seguirei ajudando e apoiando, sem olhar a quem.

Todos contra o “rei”

Li recentemente um artigo onde mais um jornalista colocava a colher na polemica em torno do “rei” Roberto Carlos, polemica lançada pela Rede Globo quando resolveu editar e cortar partes “importantes” do filme sobre a vida do cantor Tim Maia. Esse jornalista, do qual não me recordo o nome, não entrou no mérito da edição do filme ou da veracidade dos fatos, mas levantou uma questão deveras interessante. Qual o passado musical do “rei”?

Sim, o “rei” não possui um passado musical conhecido.

Muitas pessoas, inclusive esse que vos escreve, nunca havia pensado por este lado ou percebido, que a mídia não fala e nunca divulgou nada a respeito da musicalidade de Roberto Carlos. Ele sempre foi considerado o “rei” da canção, o maior, o intocável, mas como tudo começou? Quem o inspirou a seguir pelo caminho da música? Suas canções, seus grandes sucessos, surgem de onde?

Conseguimos acompanhar o processo de criação de grandes nomes da música nacional e internacional, mas até hoje eu não vi o processo de criação do “rei”. Não sei se realmente ele toca violão, piano, quem são seus parceiros musicais além do Erasmo, enfim quem é o “rei” musicalmente falando.

Compreendendo o incompreensível

- Toda a tarefa de se fazer compreender faz parte do processo de ser compreendido e enquanto o processo acontece de forma natural e não substancial, as coisas tendem a ser mais exatas do que já são. O todo não se glorifica no meio, pois o meio transforma os pedaços em algo mais palpável e menos teórico.
- Professor, a teoria não seria apenas um modo de se parametrizar o todo?
- Não, porque você pensou assim?
- Quando o senhor disse que o processo de ser compreendido era parte da tarefa e acontecia de forma natural, calculei que por se tratar de algo mais palpável, a teoria serviria como parâmetro para o todo, pois ele não se glorifica no meio.
- Exato, o seu raciocínio está correto, mas há algo que você não considerou. O meio é quem transforma os pedaços e como não são inteiros, mesmo sendo palpáveis, não podem ser considerados como que parametrizados pela teoria.
- Hum, entendi professor. Parece confuso quando vemos a questão apenas pela parte do processo, mas temos que considerar também a questão das partes.
- Isso aí, vocês estão chegando ao ponto em que eu queria. Na próxima aula vamos falar sobre os paradigmas de domínio e a questão da individualidade enquanto eclodem as emoções interiores e exteriores. E não se esqueçam de ler as subseções oito e nove da segunda parte do capitulo dez. A prova é na segunda.

Tudo faz parte e acontece dentro de um contexto próprio. O que parece confuso para alguns, é facilmente compreendido por outros. Analisar as coisas sem estar dentro do processo, sem ter efetiva participação, é fazer juízo de algo que não se conhece.

Estar de fora pode tornar mais fácil a tarefa de visualização do todo, mas a exata noção só é tida por aqueles que estão dentro, participando ativamente. Dizer o que seria mais fácil, melhor ou aceitável, soa vazio. Abster-se da emissão de uma opinião, pode soar covarde, mas é uma forma de não se envolver em algo que não lhe diz respeito.

Ponto de partida

Olhei rapidamente e você estava lá. Bingo! Acertei no milhar, não vou me arrepender do dia em que resolvi apostar minhas fichas. Talvez um pouco, talvez só um pouco, mas isso faz parte, é o processo. Sem algum risco, mesmo que calculado, não tem muita graça. Que alegria tem o ganho sem esforço? Que novidade há na conquista sem o frio na barriga.

Sempre teremos os que preferem o fácil, o cômodo, mas também teremos aqueles que como eu, preferem o risco. Eu não tenho medo do que não vejo e sim do que vejo, mas não sei dizer se me é nocivo. O amigo que se esconde nas sombras, aquele que lhe apunha-la pelas costas.

Ganhar não é uma questão de sorte ou talento em excesso, mas uma questão de tempo. Não se tem algo por ser bonito ou com posses. Consegue-se algo pela persistência, pelo envolvimento e por todas as tantas outras coisas que se pode fazer enquanto ainda há resistência. Quando a guarda baixa e o adversário se entrega, não há vitória, pois ele desiste da luta e você não leva nada.

Encontrar você lá foi ter a certeza de que agora estaria começando verdadeiramente o processo, estaríamos embarcando rumo ao destino. Ver o seu sorriso ali foi como observar o troféu. É claro que não materialmente falando. Dentro do meu peito o coração recebia a medalha e o sentimento aumentava, porque era isso, você estava lá e pronto.

Um certo alguém

Quis evitar teus olhos
Mas não pude reagir
Fico à vontade então
Acho que é bobagem
A mania de fingir
Negando a intenção

E quando um certo alguém
Cruzou o teu caminho
E te mudou a direção

Chego a ficar sem jeito
Mas não deixo de seguir
A tua aparição

E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar

Me dê a mão
Vem ser a minha estrela
Complicação
Tão fácil de entender
Vamos dançar
Luzir a madrugada
Inspiração
Pra tudo que eu viver
Que eu viver, uoh, uoh

E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar

Lulu Santos & Ronaldo Bastos

Seguindo adiante

Eu tive que sumir, que ir embora, eu tive que partir. Eu tive que deixar você ficar naquele mesmo lugar, tive que abandonar os meus cadernos, os meus escritos mais sinceros, o meu modo de ver a vida como ela tem que ser.

Tive que fazer o que eu fiz para sobreviver. Não pense que fui covarde, mas agora é tarde para poder voltar, para tentar ficar, para desiludir e não cair no mesmo lugar.

Pensei em te beijar, pensei até em nunca mais chorar, mas desisti depois que soube o que você sentiu. Prometo não mudar enquanto ainda for possível ser, o mesmo cara que te apaixonou, aquele que lhe conquistou.

Seja feliz mesmo que isso apague o sentimento, apague os bons momentos, me tire da memoria, menos da sua história. Tente sorrir, mas se não der procure não chorar, porque senão posso não suportar e perecer só por não ter você.

Falando abertamente

Em que pese o fato de que eu gosto de você, existem outras tantas coisas que preciso lhe dizer antes que esse dia acabe:

1 – Foi bom!
2 – Será ainda melhor!
3 – Talvez seja com você!

Dito isto, essas três coisas essenciais, acho que já podemos partir para o próximo nível.

Você quer que eu explique os três itens anteriores? Sério que não entendeu? Diga que está brincando, porque para mim será deverás complicado lhe explicar algo desse tipo.

Certo, você não está brincando. Vamos lá.

Nossos momentos foram muito bons, foram momentos que não vou esquecer. Vivemos como todos os outros milhares de casais que existem por aí, mas acho que muito mais intensidade e vontade. Sabe esse lance de química, de alma, toda essa história de sentimento? Então, nós tivemos isso. Foi bom assistir a todos aqueles filmes com você, desde os clássicos até aqueles em que dormimos no meio. Foi bom estar ao seu lado debaixo das cobertas nos dias frios, rir com você das piadas sem graça que ouvíamos, fazer compras, passear, viajar e todas as tantas outras coisas que fizemos juntos. Foi bom!

Com certeza será ainda melhor estar ao seu lado e continuar a fazer tudo o que já fazemos. Nossas idas ao cinema serão ainda melhores, nossos jantares terão ainda mais sabor, nossas loucuras serão ainda mais quentes. Vamos multiplicar a qualidade daquilo que já fazemos tão bem quando estamos juntos. Tudo o que fizermos será ainda melhor.

Quero que seja com você, que seja você, mas não posso garantir que é isso o que vai acontecer. Apesar de todas as coisas boas que vivemos e que ainda vamos viver de forma melhor, também tivemos nossos problemas, nossos percalços. Não navegamos eternamente em um mar de rosas e é por isso que mesmo querendo, não tenho como dizer que será com você que tudo vai acontecer. A vida dá voltas e em uma dessas voltas podemos nos separar. Vou sentir demais, até porque o desejo e a vontade de continuar são fortes demais, mas se tiver que acontecer será algo bom para nós.

É isso, são essas coisas. Espero que entenda e que possamos apenas seguir sem pensar no que ainda não aconteceu, vivendo o presente da maneira que sempre fizemos.

A impossibilidade das coisas mais simples

Facilmente encontrado nos lugares mais difíceis, facilmente visto circulando entre as pessoas de maior influencia na sociedade, cobiçado pelo mais alto escalão, produto feito para as massas, caro para o que oferece e se propõe, barato para o modo como é produzido, único. Entregue por vias tortuosas ele chega a seu destino sem muito alarde e em diversos formatos. Não contém substancias nocivas, mas contém substancias que podem ser prejudiciais se usadas em excesso e ou em desacordo com as normas.

É de simples compreensão enquanto em uso, mas de complicada aceitação quando em repouso. Possui arrojado design e em alguns casos torna-se peça de colecionador. Pode ser visto em museus, livros de história e manuais técnicos, desde os mais elaborados até os feitos de papel comum.

Sua invisibilidade latente, produto da combinação de suas propriedades mais intrínsecas com o meio, o torna ainda mais atraente, em especial para as mulheres. Hoje é subproduto de lanchonetes de fast food e restaurantes de comida oriental. Sinônimo de celebração é muito usado em eventos de gala e reuniões informais. Tem tudo ao mesmo tempo em que lhe falta o essencial.

Não existe, e talvez por isso, cause tanta celeuma em torno de sua suposta criação. Quem seria o gênio? Quem teria a honra? Que mente bolaria tal iguaria? Seria de comer, de vestir ou de sentir? Teria a forma de algo conhecido ou assumiria o status de ícone de uma era? Seria viável ou tão somente mais um delírio da mente daqueles que sonham com o impossível?

A faça feliz

Não há verdades que resistam ao mar bravio, não há mentiras que se perpetuem por tanto tempo a ponto de não serem notadas, descobertas, reveladas. Há sim, uma cortina de fumaça encobrindo à costa, não nos permitindo ver o mar e suas ondas calmas. Há todo um nevoeiro por trás dos acontecimentos, minando a vontade, matando o desejo.

Entre todas as coisas que consegui compreender nesta vida, existe uma em especial, que se aplica a esse momento e é o saber aceitar quando algo tem que seguir sem mim. Tão importante quanto ter forças para continuar é saber a hora de permitir que outro cumpra a missão de fazê-la feliz, de ocupar o seu lugar e dar a ela aquilo que ele tem de melhor.

Na sequencia dos fatos não existe essa coisa de vencedores e vencidos, mocinhos e vilões, culpados e inocentes. O que há são pessoas tentando fazer o melhor, fazendo o que sabem e em alguns casos, não obtendo o resultado esperado. Não há um derrotado. Há aquele que consegue o encaixe mais preciso, a sintonia fina.

Perder tempo, precioso, em busca de explicações, é o pior que se pode fazer. Achar que está em uma competição, também é algo que não se deve fazer. O melhor que se faz nesses momentos é torcer com todas as forças para que ele a faça feliz, muito feliz. Desejar que outro consiga aquilo que você tanto quis é uma forma de realizar, uma forma de indiretamente fazê-la feliz e ser feliz.