A porra de um bagulho que me deixa puto, a ponto de fazer um escândalo, é a injustiça, são os imbecis que não se tocam e acham que os outros vão deixar por isso mesmo. Na condução é onde isso mais acontece e como não tenho sangue de inseto, parto logo para a ignorância. Estava lá o marmanjo fingindo que estava dormindo e a velhinha coitada, em pé, segurando com a maior dificuldade no ferro:
- Mermão! Precisa de convite para levantar a bunda dessa cadeira e dar o lugar para essa velha caquética em pé aqui na sua frente? Não está vendo que a coitada não consegue nem ficar direito na condução ou você precisa de óculos?
Aí entra também o lance da ingratidão, uma puta escrotidão, porque a velha não gostou da minha atitude:
- Caquética é a sua vó seu filho da puta! Dá próxima vez dou-lhe uma porrada no meio dos cornos!
- Qual é tia? Eu aqui na moral, dando um valor para a senhora, pedindo para o babaca levantar e a senhora querendo me esculachar.
- Não preciso de ninguém para me defender, posso ser velha, mas não estou morta. Quem te disse que eu queria sentar?
- A senhora está aí quase desmaiando, caindo pelas tabelas, torcendo para não ventar e fica tirando essa marra.
- Mas você é um folgado mesmo, não respeita nem os meus cabelos brancos.
Parei, deixei a velha resmungando para lá e até dei graças a Deus do Mané não ter levantado para ela sentar. Por essas e outras que o mundo está desse jeito, a gente tenta ajudar e ainda recebe patada. Depois dessa, nunca mais.