É de madrugada, depois de toda a rotina traçada. É de madrugada, depois que o tudo se transforma no nada. É de madrugada que a gente reclama, que diz que não ama e abre o berreiro. É de madrugada que o couro come, que a chapa esquenta e entra o tempero. O mundo efervesce de madrugada, sem ter hora marcada, sem mais, nem por que.
É de madrugada que rolo na cama, que chamo o seu nome e sou mais feliz. É de madrugada que a lua aparece e a gente esquece daquilo que diz.
Depois da meia noite, antes de amanhecer, é de madrugada que tenho você com a benção do luar. Em lençóis de sede ou no chão da sala, é de madrugada que colo meu corpo no seu e como peça única reinventamos o sexo.
Um pouco sem nexo, no reflexo do espelho, igual miragem, mas sem paisagem. É de madrugada, não pela manhã ou ao entardecer, penso que sou eu, mas é tão somente você.