sábado, janeiro 31, 2015

Intelectualmente falando - Filosofando para os íntimos

intelectualmente falando

- Porra você não curte o Almodóvar?
- Aquele chato do caralho? Quem curte?
- Eu!
- Você não conta, também é chato para caralho.

E foi assim que o Almodóvar, mesmo sem querer, acabou com o meu dia, que já não estava lá essas coisas.

Felizmente eu tenho um estoque guardado no armário para ocasiões especiais, em que o mercado esta desabastecido ou em que eu fico com preguiça de sair de casa. Essas ocasiões impares, únicas, não acontecem sempre e são uma benção. O foda é que o estoque é bem limitado, mal dá para mim, por isso tenho que esperar as visitas irem embora e só depois me deliciar.

Visitas que chegam assim do nada, e não são parentes, até não são tão ruins, em especial quando tem alguma coisa interessante para contar ou mostrar. Pode ser um par de coxas daquela amiga que você não vê desde o colegial, pode ser a interessante história de uma viagem ao Haiti ou até a descoberta de uma doença incurável. O importante é aproveitar o momento, e já que as visitas estão lá, dar a elas toda a atenção possível. Impossível é não se entediar depois de cinco minutos de conversa, quando tudo de interessante já foi dito e não há o menor sentido em continuar olhando as coxas daquela sua amiga do colegial, que hoje já não é mais uma garotinha.

Quando me chamam de chato dentro da minha casa, no meu sacrossanto lar, eu até esboço uma reação meio dramática como se isso fosse um ultraje, mas desisto no meio do caminho. Eu sou chato! Um chato incorrigível, daqueles que implicam com tudo e não estão nem aí para o futuro da nação ou a economia mundial. Tenho um grande amigo, que diz que fomos feitos para viver e mais nada, mas que o problema é que a vida é cara demais, e por conta disso, somos obrigados a fazer um monte de concessões, trabalhar e aturar idiotas, para pagar pelo que realmente importa.

Não tiro nem uma vírgula da razão dele, afinal, todo o processo se resume a isso, um monte de dias modorrentos e tediosos, para que possamos aproveitar quatro ou cinco dias alegres. No fim desses quatro ou cinco dias alegres, o que resta são os bolsos vazios e a ressaca. Quando os bolsos e as contas bancárias estão vazios, a ressaca é menor, pois o porre foi com bebida de qualidade, quando apenas o bolso está vazio e sobrou algum na conta, a cabeça dói bastante no dia seguinte.

Para falar a verdade, a verdade verdadeira, eu nem gosto tanto assim do Almodóvar. Vi pela metade uns dois filmes dele, apenas para ter algum assunto, não sei com quem, e não sei por que perco meu tempo com teorias baratas sobre a sua obra. Tudo bem que a loira merecia algo mais filosófico da minha parte, mas eu não precisava ter exagerado a ponto de citar o Almodóvar.

- Como assim também sou chato para caralho?

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