domingo, dezembro 18, 2022

Daniela 5

- Usa muita farinha, mas só o suficiente para desgrudar das mãos. Azeite, o quanto baste para dar sabor. Ervas frescas, castanhas, nozes e pronto! Temos então o tão famoso prato surpresa!

Fato é que nem sempre as coisas são tão fáceis assim. Não basta apenas misturar as coisas e aparece um prato pronto. Tem que saber a medida exata, o ponto certo e o momento de acrescentar cada ingrediente.

Não basta só amor sem uma dose de cumplicidade. Não basta só desejo, tem que ter carinho. Não adiantam muitas risadas se não houver respeito. Uma relação deve ser pautada pela compreensão de que momentos ruins também vão acontecer.

Achar que tudo serão flores o tempo todo, é se iludir achando que a receita sempre dará certo. Preparos podem queimar, passar do ponto, terem excesso de sal ou falta de tempero.

Relações podem desandar se o casal não estiver no mesmo compasso, em uma mesma sintonia.

- Amor, por favor, veja se o frango está pronto.
- Mais quinze minutos e já podemos servir.
- O molho já está pronto, vou pôr a mesa.
- Perfeito! Te amo Marcos Almeida!
- E eu te amo muito mais Daniela Freitas!

Imagem do post: pexels.com/Cup of Couple

sábado, dezembro 17, 2022

Claudia 5

Esquece tudo, ignora os fatos, esconde o rosto atrás da cortina e chora. Derrama suas lagrimas com vontade, sem medo, sem amarras, apenas chora.

Liberta tudo o que está preso por tanto tempo dentro do peito. Deixa o sentimento falar mais alto. Tira toda a dor que sufoca, se solta e perde o medo de expressar tudo o que você não deveria ter vergonha de expressar.

Larga mão das convenções, dos padrões e de tudo aquilo que impõe como sendo o melhor a ser feito. Faz o que tem vontade e vai ser feliz. Vai viver a vida como você sempre quis.

Lágrimas libertam e você precisa da liberdade para voar.

Imagem do post: pexels.com/Nida

sexta-feira, dezembro 16, 2022

Cristina 2

- Tudo o que é meu é seu.

- Quase tudo.
- O que não é?
- O Audi!
- O meu carro? Ele também é seu.
- Não.
- Como assim?
- Não se faça de desentendido.
- Você tem a sua BMW, não precisa do Audi e além do mais ele está disponível sempre que você precisa.
- Só não é meu.
- Quer trocar a sua BMW por um Audi? Qual o problema com o seu carro.
- Nenhum, apenas nem tudo o que é seu é meu.

Imagem do post: pexels.com/Lokman Sevim

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Carolina 5

Trinta e cinco anos, dez dias e três horas.

Hoje inicia-se uma nova primavera em minha vida. Uma primavera muito aguardada, desejada e única. Esperei por trinta e cinco anos para poder acender as velas do meu bolo de aniversário de trinta e cinco anos.

Exatamente no dia em nasci minha mãe prometeu ao meu pai que com trinta e cinco anos eu estaria pronta para o mundo, seria uma mulher bem-sucedida, casada e com lindos filhos.

Graças a Deus ela errou em tudo, ou quase.

Acordo cedo, antes das seis. Preparo uma vitamina, banho, roupa e condução. Não sei dirigir e nem quero aprender. Locomoção é o menor dos meus problemas.

Fico no trabalho até as oito da noite e quando saio já começo a pensar nas matérias do dia. Hoje, dia do meu aniversário, é a revisão de matemática.

Quando o sono deixa estudo até a meia noite, quando não vou até onde dá. Concurseiros tem que estudar todos os dias, não tem jeito.

Queria que minha mãe estivesse certa ao menos na parte de ser bem-sucedida. Não que eu não seja, mas acho que poderia ter um emprego menos cansativo e uma casa perto da praia.

Dispenso a parte dos lindos filhos e do casamento. Amo a solidão que conquistei nesses trinta e cinco anos.

Imagem do post: pexels.com/Ana Bregantin

quarta-feira, dezembro 14, 2022

Carla 6

Tem nome que não precisa ser dito, só sentido.

Tem nome que não tem explicação.

Tem nome que não está no dicionário.

Tem nome que só de ouvir sentimos que é especial. Nome que não se deve dizer, que não se explica e não está nos livros.

Carla, a seu dispor.

Imagem do post: pexels.com/Mikhail Nilov

terça-feira, dezembro 13, 2022

Cibele 2

Linda, leve e solta na pracinha. Prazer Cibele!

Faço de tudo um pouco e umas outras coisinhas a mais. Simples. Tem que oferecer qualidade para justificar o preço.

Fullstack, mas se for preciso só Front end ou só Back end, tudo de acordo com o freguês. Ele paga, ele pede, eu executo.

Difícil são as especificações, o escopo e todo o desenho do projeto. O cliente não entende o básico, não é obrigação dele, mas ajudaria se ao menos soubesse exatamente o que quer.

Trabalho solo, não tenho equipe e nem faço parte de nenhuma software house, coisa que inclusive não gosto muito. Nada contra as casas de padronização, mas gosto de fazer de forma autoral e única. Não tem coisa pior do que um monte de par de jarras instalados por aí.

Já me dividi entre muitas linguagens, programei em quase tudo o que existe até que estacionei e não fico mais rodando por aí. Hoje uma das coisas mais difíceis é se manter atualizada, pois a cada dia surgem novos processos, novas linguagens, novos dispositivos e jeitos de se fazer de forma mais simples o que antes levávamos dias para entregar.

Eu sou garota de programa sim e com muito orgulho!

Imagem do post: pexels.com/Ekaterina Bolovtsova

terça-feira, dezembro 06, 2022

Camila 6

- Puta que pariu porra!
- Que isso Camila? Palavrão assim de forma gratuita, sem nenhum motivo?
- Fala com o bosta do redator, pois ele é quem estava sem ideias e resolveu que era uma boa ideia começar justo o meu texto desta forma.
- E você embarcou na dele assim sem questionar?
- Eu? Você está ligado que sou só uma personagem, que eu não existo na vida real?
- E o que isso tem a ver com o fato de você ter sido permissiva com esses palavrões gratuitos?
- Fala sério, talvez tenha sido por isso que ele começou com um palavrão. Deveria ter posto um agora, mas acho que ele quis te poupar.
- Primeiro era culpa do redator, agora é você que está querendo falar palavrão.
- Como vou responder aos seus questionamentos idiotas se não for com um belo de um palavrão?
- De forma educada e cordial.
- De forma educada e cordial só seu eu mandar você ir catar coquinho.
- Quinta série?
- É o redator! Quando precisa de um palavrão ele não coloca.
- Chega! Esquece o que eu disse e segue com esses seus delírios. Só torce para o redator não piorar as coisas para você.

Imagem do post: pexels.com/Wesley Carvalho

segunda-feira, dezembro 05, 2022

Bruna 6

É uma perda de tempo procurar a Bruna no elevador de carga, pois ela quando sai para almoçar demora. Fica horas passeando pelas lojas, se perde nas vitrinas e até, às vezes, esquece de voltar.

Mais perda de tempo ainda é querer que ela mude, que ela perca suas manias, seus vícios, seus defeitos e principalmente suas qualidades. Quem conhece Bruna sabe do que ela é capaz e por isso mesmo, prefere que continue assim.

Impressiona o fato dela ser ao mesmo tempo tão concentrada e tão desligada. Ela é uma das poucas que consegue virar a chave. Liga e desliga no automático.

Ela pode estar fazendo um longo discurso sobre física quântica e do nada lembrar que não pagou o financiamento do carro. Ela pode fazer um excelente guisado e de repente comer um hambúrguer na esquina. É oito ou oitenta. Não tem meio termo.

Por ser assim linda e ogra ao mesmo tempo, por não pensar muito antes de agir e principalmente por sorrir ao menor sinal de dificuldade, é que ela vai ser sempre a dona do coração de todos.

Imagem do post: pexels.com/Zero Pamungkas

domingo, dezembro 04, 2022

Bianca 6

E tudo não passou de uma eterna brincadeira de verão. Dois finais de semana agitados, inesperados e, por que não, bons.

Perdi tempo fazendo contas e pensando em tanta coisa que até nem sei se de verdade gostaria que desse liga. Deu. Foi ali, o momento e só.

Deixamos de viver por conta de tanta coisa que está em nosso subconsciente, pré-conceitos, preconceitos, conselhos errados e principalmente medos infundados. Então ter acontecido, mesmo sendo só por dois finais de semana, foi ótimo.

Nunca foi segredo para ninguém que eu queria o príncipe no cavalo branco, mas ele tinha que gostar de Netflix, sorvete de morango e War. Também não era segredo para ninguém que eu estava enjoada desses caras superficiais das baladas, barzinhos e festas por aí.

É o amigo de fulano que já namorou ciclana, estudou na Mackenzie e trabalha na Faria Lima. Ou então é irmão da sua amiga de infância, aquele que quando vocês eram crianças fazia piadinhas do seu cabelo, mas que agora era todo fitness, trabalhado na granola.

O príncipe ainda não apareceu, mas do nada pintou aquela viagem para o nordeste, aquele passeio as praias famosas do local e conheci o Zeca. Papo nada a ver, energia boa, um mergulho aqui, outro ali, beijo bom, química e é isso.

Há tanto tempo que eu não tinha dois finais de semana tão bons assim.

Imagem do post: pexels.com/Joabson Rocha

sábado, dezembro 03, 2022

Bárbara 6

- Um circo de horrores...
- Sim e mais um pouco.
- Foram anos disso e agora todo esse frenesi por meia dúzia de garrafas.
- Medo, muito medo.
- Ah, isso eu não tenho. Foi-se o tempo em que eu me assustava com crendice.
- E quem falou que é crendice?
- Ninguém, mas seis garrafas nunca mataram ninguém.
- E nem vão matar.
- Deixa eu ir que lá vem ele.

Bárbara trabalhava no banco, caixa a mais de quinze anos e na hora do café aproveitava para prosear com a Leila, auxiliar de cobrança.

O sonho de Bárbara era passar para o INSS e ela já ia para o quarto concurso. Nas três primeiras vezes não passou por pouco e nessa ela tinha convicção que estava pronta de fato.

- Dei duro. Gabaritei vários simulados, estou fera no direito administrativo e acho que até, depois de passar, posso dar aula em cursinho.
- Vai sim. Você merece pelo esforço que está fazendo.
- E você? Não pensa em largar esse banco?
- Penso, mas não agora. Estou perto de bater vinte anos e quero abrir um pizzaria ou quem sabe um café.
- Não é arriscado?
- Tudo é Bárbara. Você também corre o risco de não passar.
- Deus me livre.

Além de caixa no banco e estudante para concurso ela ainda fazia doces. Aos finais de semana, quando dava, vendia seus brigadeiros enfeitados para os vizinhos do condomínio. As vezes fazia bolos, mas o forte eram os brigadeiros e doces com nozes, daqueles caramelados.

- Você nunca mais trouxe aquele red velvet.
- E tempo?
- Imagino.
- Mal consigo respirar quando chego em casa. São as coisas para ajeitar, roupa para lavar, lixo e o mínimo tempo que sobra estudo mais um pouco.
- E você não pensa em abrir uma doceria?
- Até pensei uma época, mas comercio não é comigo. Gosto de fazer os doces, mas tem hora em que enche o saco. Isso sem falar no preço de tudo.
- Agora tem até leite condensado genérico.
- E não presta. Caí na besteira de comprar porque estava barato e joguei um cento de doces fora porque ficaram uma porcaria.
- Eu comia assim mesmo.
- Não dá ponto, não tem a mesma consistência. Um desperdício de tempo e dinheiro.

Imagem do post: pexels.com/ Julia Malushko

Ao que interessa

É um fato. Contra isso não há o que se fazer é certo. O mais correto seria irmos de encontro à correnteza, mas seríamos sugados infinitamente e vilipendiados pelo tempo.


Há dias em que fico pensando em tantas coisas que não sei ao certo tudo o que pensei. Há dias em que a mente dá um nó a cabeça começa a girar, o pensamento vai longe sem saber aonde chegar, mas ele chega a algum lugar só não sei onde e talvez não queira saber.


Há um risco em tudo na vida. Há o risco de se perder, há o risco de se achar e há o risco de não sobreviver.


Imagem do post: pexels.com/Alexandra Folster

sexta-feira, dezembro 02, 2022

Amanda 6

Corri para caralho! Porra estou toda fudida! Nem sei como aguento.

Treino é sagrado e sem ele não sou ninguém.

Acordo as cinco, banho gelado, roupa apertada, tênis no pé e rua. Dez quilômetros quase todos os dias, exceto naqueles em que as condições climáticas não permitem, como hoje.

Fiz oito quilômetros e estou exausta.

Ontem foi o aniversário do Joel e todo o escritório foi. Duas garrafas de espumante depois eu já estava longe, nas nuvens. Sai de lá assim que deram chance. Peguei um Uber e capotei na cama assim que cheguei em casa.

Acordar de ressaca é foda, mas faz parte. Quem bebe já sabe que acontece, então não tem do que reclamar e nem o que questionar. É levantar, tomar um banho frio, respirar fundo e seguir.

A camisa rasgada do filho da mãe ainda está aqui, jogada na gaveta. Nem doar para a caridade eu posso porque não vou dar roupa rasgada para os outros. Tudo bem que fui eu quem rasguei quando as coisas esquentaram no sofá, mas não é por isso que tenho que dar outra para ele.

Saímos duas vezes no último mês e ele já estava achando que era namoro, vê se pode. Por mais química que a gente tenha um relacionamento não se faz só com sexo, tem que ter mais coisas.

Não gostamos das mesmas séries, ele não come carne, só bebe cerveja, quer dormir no meu lado da cama e ainda por cima é desprovido de pelos no rosto. Não que tudo isso tenha tanta importância, mas quando acabar o sexo, o que vai sobrar?

Noves fora zero a próxima é sempre a melhor.

Imagem do post: pexels.com/ Tamara Elnova

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Adriana 6

- São os rastros dessa vida tão cigana. São os momentos em que já não mãos sabemos. É o tempo todo o vício nos queimando, apertando o peito e dando aquela tão estranha e sufocante sensação.
- É tudo isso e mais um pouco...
- Tem dias em que penso que não vou aguentar, aí vem uma força não sei lá de onde que me compele a seguir.
- E foi essa força que te trouxe até aqui?
- Porque não?
- Porque seus olhos não me dizem isso. Diante de mim vejo uma mulher frágil, distante, amargurada e descrente de sua força.
- Então não vemos a mesma coisa.
- Você não enxerga. Não quer ver. Entendo, mas considero uma perda tempo o que estamos fazendo aqui.
- Simples, encerramos e pronto. Quanto lhe devo?
- É assim? Só isso? Acabou e pronto?
- Não se trata de acabou e pronto. Você tem uma opinião formada a meu respeito e pelo visto não vi mudar, então, como você disse, não vamos mais perder tempo.
- Minha opinião é baseada no que estou vendo. Você criou uma barreira e não permite que tentem te ajudar. Uma pena.
- Uma pena que pense assim.
- Estou aqui como profissional, não como um amigo. É meu dever fazer o diagnóstico sem influencias, mas você é livre para buscar a orientação que julgar melhor.
- Obrigada! Amanhã às nove?
- Estarei aqui.

Imagem do post: pexels.com/ Lany-Jade Mondou

sábado, outubro 22, 2022

E tudo começou

De fato, no ato, tudo começou aqui. O tempo todo em que aconteciam os fatos tínhamos esperança de mudar.
Frutos não caem do pé em qualquer lugar.

Imagem do post: pexels.com

quarta-feira, outubro 19, 2022

Voto secreto 4

- Seu candidato perdeu!
- Como perdeu se estamos disputando ainda?
- Perdeu no primeiro turno!
- É, mas não decide nada. O que vale é a votação do segundo turno.
- Ih, já vi não leu as novas regras...
- Que novas regras?
- Agora mudou não é mais mata mata, é ponto corrido.
- O que?
- Ponto corrido, melhor, pontos corridos. Vão somar os votos do primeiro turno com os votos do primeiro e quem tiver mais ganha.
- Mentira?
- Não acredita? Entra no site do TSE. Está tudo lá. É claro que não fizeram matéria no Fantástico, dancinha no Tik Tok e live no You Tube.
- Eles não podem mudar assim sem avisar a população.
- Mas fizeram e foi muito bom, porque assim vence o melhor, o mais preparado.
- Mas antes também vencia o melhor e o mais preparado.
- Só que agora vence o melhor e mais preparado nos dois turnos e não só no primeiro.
- Isso é surreal...
- Surreal nada. Meu candidato fez uma boa gordura de votos no primeiro turno. Agora é administrar nos debates e correr para o abraço!

Imagem do post: Pexels.com/Jair Hernandes

terça-feira, outubro 18, 2022

Longa avenida

Uma longa avenida deve ser percorrida com cuidado e tempo para que os detalhes não se percam. Os pontos principais devem ser observados, não podem ser ignorados e ou relegados a segundo plano.

Uma longa avenida inspira, transpira, renova e encanta. Ela seduz a medida em que se entende seu propósito, sua razão de existir no todo, dentro de um bairro em uma cidade de um grande estado, naquele país.

Há muito se discute o quão exatamente a longa avenida representa o local, o quão ela consegue com sua arquitetura impar impactar a sua volta. Uma longa avenida tem mais do que asfalto e gente, mais do que concreto e caos.

Felizmente há sempre a longa avenida para nos mostrar que ainda há motivos para acreditar e que os sonhos não são em vão.

Imagem do post: pexels.com/Daniel Sarmiento

segunda-feira, outubro 17, 2022

Quintal

Meu pé de fruta no quintal deu frutos demais. Que bom que ele deu frutos demais.

Meu pé de fruta no quintal não esperou primavera, não escolheu hora certa, ele simplesmente deu frutos demais.

Frutos que darão outros frutos. Frutos que enfeitam o pomar. Frutos que merecem atenção. Frutos do sim e do não.

Meu pé de fruta no quintal é tão lindo, é tão lindo.

Quintal de qualquer lugar. Terra boa para plantar. Meu pé de fruta. Fruta do pé meu.

Imagem do post: pexels.com/ Aleksandra S

domingo, outubro 16, 2022

Mania besta

Eu e essa minha assustadora mania de ser persistente. Essa mania de não respeitar os fatos, de ignorar os atos e sair sempre em disparada por aí. Essa mania besta de dizer as coisas por dizer e relegar aquilo que todo mundo dá muita importância.

Minha mãe sempre me disse que não sou todo mundo.

Óbvio que tem tanta coisa envolvida no simples modo de se pensar que não dá para esquecer que estou perdido. Perdido, mas não aflito. Talvez um pouco aturdido com os últimos acontecimentos do Brasil e do mundo.

É gente defendendo o indefensável, são pessoas idolatrando pessoas, são vendidos sendo comprados e compradores sendo vendidos. Tem guerra em todo canto, fome, miséria e caos. Violência em toda parte e um desmando, uma ingerência, que chega a assustar.

Uma pena estarmos assim desse jeito em plena era da modernidade. O GPS que deveria guiar o mundo tem nos levado para caminhos inimagináveis.

Imagem do post: pexels.com/ Jonas

sábado, outubro 15, 2022

Rotineiramente

O despertador toca as cinco da manhã. Desligo. Levanto as cinco e cinco da manhã.

Pego dois pães franceses, ponho queijo, presunto, um pouco de manteiga e vão para a sanduicheira.

Pó de café na cafeteira, duas medidas. Agua.

Pego ovos na geladeira. Ponho a frigideira no fogo. Ligo a sanduicheira e a cafeteira.

Os pães ficam prontos, os ovos fritos e cafeteira leva mais um tempo passando o café.

Ponho a mesa. Ovos dentro dos pães, dois sanduiches. O café fica pronto. Duas xicaras.

Acordo a bela adormecida e vou para o banho. Cinco minutos, um pouco mais ou um pouco menos.

Ponho a roupa enquanto tomamos café.

Separo a carne para o jantar, guardo alguns itens na mochila e tomo um suplemento.

Um beijo na cinderela e saio.

Ligo o carro as seis e cinco da manhã.

Chego as dez para as sete da manhã. Chove lá fora.

Bom dia!

Imagem do post: pexels.com/ Ethem Karta

segunda-feira, outubro 03, 2022

Este ano

Façamos de conta que o ano acabou e tudo não passou de sonho. No exato momento em que estiver lendo estas mal digitadas linhas você vai perceber, olhando para os lados, que já estamos em dois mil e vinte e quatro. Sim, não tivemos o ano de dois mil e vinte e três.

Por quê?

Mera casualidade.

Casualidade da coisa toda não fazer sentido algum e estarmos perdidos em pensamentos tão absurdos quanto um monte de gente ainda achar que o céu é azul. Quem dera fosse.

É certo que em dois mil e vinte e quatro não teremos mais pressões externas elevando os custos de tudo o que nos é essencial. O belo será contemplado nos jornais. O simples muito mais valorizado e tanto lá quanto cá, por mais incrível que possa parecer, vamos triunfar.

Façamos de conta que a magia vai voltar a reinar, que as fadas, dos contos, estarão a nos esperar. Duendes talvez. Pessoas comuns. Gente do bem. E tudo isso em pleno dois mil e vinte e quatro.

Tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo.

Sejamos sinceros, não estamos felizes neste ano.

Imagem do post: pexels.com/Ozan Çulha

domingo, outubro 02, 2022

Ainda dura

Vinte e dois de agosto de dois mil e vinte e dois. Brasília.

Dossiê da família.

Minha filha. Hoje você completa mais uma primavera e não estará aqui para celebrarmos em comunhão.

Meu filho. Trinta anos depois do seu nascimento posso dizer com todas as letras, silabas e palavras, que foi um erro achar que não daria certo. Estávamos prontos.

Amor. Minha esposa querida. Ano que vem, em quatorze de julho de dois mil e vinte e três, estarei neste exato momento pensando em você. Desculpe, não era para ser assim.

Enfim com minha loucura e meus arroubos de felicidade. Enfim em um quarto vagabundo de hotel a pensar na vida.

Nunca estive certo dos próximos passos e ainda assim fui além. Minha família, minha fortaleza.

Samantha veio ao mundo enquanto chovia torrencialmente lá fora. Ângelo foi uma inconsequência adolescente. Éramos tão jovens, mas fomos tão maduros em conseguir segurar as pontas e seguir.

Quando conheci Roberta já estava pensando em me mudar. Não fui para Londres e muito menos para Amsterdã. Nos casamos em fevereiro com Ângelo sobre os braços.

Bela cerimonia ao ar livre para cinco pessoas, um cachorro e o sol como testemunha. Nunca imaginei que esse dia chegaria. Nossos planos de vida feliz não eram tão bons assim.

O frio lá fora me lembra de agradecer tudo o que construímos, incluindo o barquinho de peças de lego.

Tenho muito orgulho de nós.

Imagem do post: pexels.com/Emmanuel Ikwuegbu

sábado, outubro 01, 2022

É dia de sol

A fonte secou, o tempo mudou. Escureceu e então choveu.

Roupas molhadas no varal e um belo pedaço de bolo com café. Tenho fé, minha sorte vai virar.

Quem dorme não espera a hora passar. Quem corre atrás está sempre tentando chegar. Um dia isso tudo vai acabar e quando esse dia chegar é lá que eu quero estar.

É dia sol, folia. Alegria, pois raiou o novo dia. É dia de sol. Vem ver, o sol brilhar e a vida florescer.

Tem pressa não. Dá um jeito sim. Quem fala de mim não sabe o que eu passei. Quem esteve ao meu lado vai sorrir muito em breve. A luta é difícil, mas quem persevera vencerá.

Imagem do post: pexels.com/Sabina Kallari

sexta-feira, setembro 30, 2022

Tem dó

Tem dó desse pobre sonhador que sempre sofreu por amor, que acreditou na paixão e vive de tanto esperar. Tem dó desse coração, meu senhor, e traz ela de volta porque não posso mais chorar.

Acalma esse peito doído, faz sair essa voz da garganta, alimenta a minha esperança e não me deixe vagar por aí. Coloca meu nome em suas orações, pois já basta de tanto perder, agora eu quero ganhar.

Quem disse que a vida tem que ser assim. Também quero um colo para deitar, um abraço apertado e um beijo bem molhado.

Fogão de lenha, saia de filó e o seu chamego, pois não nasci para viver só.

Imagem do post: pexels.com/Valerie Voila

quinta-feira, setembro 29, 2022

Cabra macho

- Está para nascer alguém com mais valentia que o Osmar.
- E onde o Osmar é valente? Ô xente, nunca vi Osmar matar nem barata.
- Porque barata não se mata. Animalzinho criado por Ele, não faz mal a ninguém, por que Osmar haveria de matar?
- Porque barata é um bicho nojento sô!
- Arrê! Deixe de frescura rapaz! Por isso que não tem valente como o Osmar.
- Tá! Me diz aí uma valentia do Osmar?
- Uma de muitas você quer dizer...
- Que seja.
- Então espia. Lembra aquela vez lá no mato fundo quando as arvores balançavam sozinhas e ninguém sabia por quê? Todo mundo encucado e ninguém tinha coragem de ver. Lembra?
- O que balança arvore é vento.
- E não é que Osmar foi o único com coragem para ir lá!
- E não era o vento que balançava as arvores?
- Tá falando isso depois que o Osmar foi lá e viu, porque antes ninguém teve coragem nem de olhar.
- Essa é a valentia do Osmar? O cara que vai atrás de arvore balançando?
- Inveje, faça isso mesmo. Os que não podem fazer melhor sempre diminuem os que fazem.
- Ah! Sai para lá com esse conversê que eu não sou homem de ter inveja de frouxo. Ainda mais do Osmar, que nem barata quer matar.

Imagem do post: pexels.com/Tina Simakova

quarta-feira, setembro 28, 2022

Infindo

Seja belo, verdadeiro e infindo. Seja tudo o que sonhamos, desejamos e queremos.

Seja pleno. Seja calmo e sereno. Seja luz onde só há a escuridão.

Seja aquilo que nos faz bem. Seja o que nos conforta.

Seja o que nos faz pensar e acreditar.

Seja você e eu com nosso amor à beira mar.

Imagem do post: pexels.com/Oluyomi Akinnagbe

terça-feira, setembro 27, 2022

Luz, câmera, ação...

Existem momentos na vida em que precisamos ter a consciência necessária para direcionarmos nossas forças. Nem tudo o que é certo faz sentido, mas é certo e, portanto, deve ser feito.

É fácil relegar ao próximo a tarefa de seguir o caminho que nem começamos a percorrer. É cômodo e, talvez, seguro, assistir a tudo do sofá da sala.

Importa menos o como. Importa mais o porquê e mais ainda o resultado final. Nossas ações, pensadas ou não, fazem parte de nossas escolhas, nos acompanhando para todo o sempre.

Ainda que pese o fato de sabermos contar até cem, não sabemos fazer as contas do tempo que perdemos com viagens sem sentido em torno do nada.

O conto de fadas da vida real só tem fim quando entendemos que nós somos o personagem principal.

Imagem do post: Pexels.com/Iuri Bessa


quarta-feira, agosto 31, 2022

Caso do acaso 2

Você para mim foi tanta coisa que nem tenho palavras para exemplificar. Foram muitos momentos bons e outros tantos ruins. A maioria deles foi péssimo, mas todos foram válidos.

Refletir é preciso, importante e necessário. Nosso começo foi mágico e nosso termino foi trágico, mas libertador. Para nós!

Não houve quem mais perdeu ou quem mais ganhou. Houve ganhos e perdas para ambos. Você perdeu seu tempo comigo e eu perdi minha sanidade contigo.

Independente de todas as coisas, de todos os senões, ainda temos as lembranças para nos ensinar o que devemos evitar em nossos próximos relacionamentos. Você deve evitar alguém como eu e devo evitar alguém como você.

Mesmo assim ainda te amo assim como você ainda gosta de mim.

Imagem do post: pexels.com.br/alteredsnaps

terça-feira, agosto 23, 2022

Sem dor

Nem sempre a ausência da dor significa a ausência do ganho. Você não precisa sofrer para ganhar e não deve valorizar apenas e tão somente os que tiveram inúmeros percalços antes de uma vitória.

Cada etapa deve ser celebrada e não existe uma regra ou receita. Não se mede a importância de uma conquista por seu grau de dificuldade. Alguns conhecem os atalhos. Outros só aprenderam uma forma de chegar.

É importante não menosprezar a chegada, não condicionar o fim aquilo que acreditamos ter mais valor, portanto ignore todos os que acharem que as suas conquistas não são “grandes” o suficiente. Só você sabe o tamanho do seu esforço para chegar aonde chegou, mesmo que não tenha feito esforço algum.

Imagem do post https://www.pexels.com/Katerina Hnidash

segunda-feira, agosto 15, 2022

Top 10 do Deezer - Julho

 

1 - Leviana / O meu amor tem preço / Contentamento - Mestre Marçal - Entre amigos

2 - You are the sunshine of my life - Cecilia Dale - Standards in bossa 4

3 - Cansei de esperar você - Leandro Lehart - Violão é no fundo do quintal 2

4 - Californication - Red Hot Chilli Peppers - Californication

5 – Everglow - Coldplay - A head full of dreams

6 - Details in the fabric (Feat. James Morrison) - Jason Mraz - We sing. We dance. We steal things

7 - Além do espelho - João Nogueira - Além do espelho

8 - Kid Brilhantina - Branca di Neve - Branca mete bronca

9 - É tanta - Leandro Lehart - Violão é no fundo do quintal 2

10 - Não adianta - Trio Mocotó - Que nega é essa?

Imagem do post: Google

domingo, agosto 14, 2022

Acabou

- Ele vai voltar! – Disse Jéssica após se certificar que todas as roupas dele não estavam no armário.

As malas, da ultima viagem, também foram levadas. O carro ainda estava na garagem, mas por estar no nome dele provavelmente ele voltaria para buscar.

- Ele se esqueceu de molhar as plantas! – Exclamou Jéssica com irritação quando viu seu “coração valente” com as folhas caídas e a terra seca.

Os cães estavam alimentados, sinal de que dessa vez ele lembrou onde estava à ração vegetariana do Atila. Ela não queria um cachorro, foi convencida quando adotaram Princesa, uma Golden Retrivier que foi deixada em uma associação. Logo depois adotaram o Atila, um buldogue francês com problemas intestinais.

- Ele não levou as joias! – Concluiu Jéssica ao encontrar o relógio que ele mais gostava jogado sobre a escrivaninha. Era um relógio dourado com números em romano e ponteiros em forma de seta. O relógio estava na família desde que o bisavô dele, Alcebíades Moreira Peixoto Damasceno das Neves, ganhou pelos serviços prestados a gráfica mais famosa da cidade. Foram cinquenta anos imprimindo grandes publicações, catálogos, calendários, agenda e todo o tipo de materiais que precisavam da qualidade que só a gráfica Imperial com suas impressoras importadas podia fornecer.

Não houve tempo para explicações, espaço para lamentos ou oportunidade de esclarecerem as coisas. Jéssica e Eduardo assinaram os papéis da separação dois meses após o fim.

Ele viajou para a Austrália, tornou-se biólogo de um famoso parque aquático. Ela continuou a vida no interior, agora como veterinária da mais famosa fazenda da região.

O carro foi vendido. Atila morreu um ano depois. Princesa continuou com Jéssica e agora morava na fazenda. O relógio continua na família Moreira Peixoto Damasceno das Neves, só que agora pertence ao sobrinho do Eduardo.

Imagem do post: Pexels.com / Olya Kobruseva

sábado, agosto 13, 2022

Sem querer

 

Sem querer eu me perdi aqui e encontrei você em meio ao caos. Sem querer eu me encontrei e perdi você no vendaval.

Sem pensar em nada eu andei. Sem fazer juízo de valor. Sem qualquer rancor, sem qualquer pudor, sem olhar e nem pedir perdão.

O que temos é mais do que um simples replay na tela do cinema, é mais do que um mero poema escrito às pressas no meio do mar. É inspiração. É força motriz. É raio de ação. É quase uma dor que renasce do choro incontido na hora do adeus.

Imagem do post: Pexels.com / Joan Costa

sexta-feira, agosto 12, 2022

A festa terminou

 

Ainda que fosse impossível determinar as causas, ainda era possível dizer como aconteceu.

Tarde da noite ele saiu de casa, disperso, para caminhar e foi abordado por dois rapazes que alegaram estar perdidos. Ele os indicou o melhor caminho para chegar à rodovia e eles seguiram.

Não era difícil prever que seguindo fielmente o que ele disse os dois rapazes chegariam à rodovia. Só que os dois rapazes nunca chegaram à rodovia.

Três da manhã e ele juntamente com os rapazes estava em um bar movimentado bem no meio da cidade. Entre doses de uísque barato e baforadas de cigarro, pessoas riam alto e trocavam olhares.

Rostos desconhecidos, corpos suados, música alta e muitas risadas. Luzes coloridas em um ambiente em que ninguém se ouvia, mas todos se entendiam perfeitamente.

Ali eles ficaram até o amanhecer e só saíram porque a festa terminou.

Os rapazes não chegaram à rodovia. Ele não voltou para casa.

Imagem do post: pexels.com/ Nina Hill

quinta-feira, agosto 11, 2022

Recomeço

Três dias em claro depois do fim e nada mais era como antes. Há pessoas perdidas no espaço.

No meio de tanto caos o que seria mais prudente? Lírios? Rosas? Margaridas?

Sem flores por enquanto. Sem cores por enquanto.

Antes dos acontecimentos passados nos víamos como superiores. Antes do fim éramos os únicos que detinham a fonte do poder. Tanto poder em mãos erradas e chegamos onde estamos.

Não foi a guerra à única responsável por tudo o que aconteceu, mas não podemos relegar o fato de que sem ela talvez ainda pudéssemos estar vendo o por do sol.

Nossas crianças agora, mais do que nunca, são o futuro. Dependemos delas para que algo ainda seja feito. Temos que ser fortes para dar a elas a chance que não aproveitamos de consertar o mundo.

Em que pese o fato que sabíamos o que iria acontecer, ainda há esperança se pudermos verter todo o esforço para a reconstrução. Sem armas, sem amarras, sem discordância. O foco deve ser um só.

A igualdade não nos fez melhor, a igualdade não nos tornou aptos a distinguir o que é certo. A igualdade nos deixou frágeis diante dos acontecimentos. Tínhamos muito tempo antes do fim e agora temos pouco tempo antes de recomeçar.

Imagem do post: pexels.com/ Anna Panchenko

quarta-feira, agosto 10, 2022

Caso do acaso 2

 


Nos reencontramos em um dia frio de inverno. Não um dia frio qualquer, mas o dia mais frio daquele inverno.

Você estava vestindo um enorme casaco com feltro ou algo do tipo, sou péssimo em tecidos e eu estava tentando fazer com que o paletó desse conta de me aquecer. Estava realmente muito frio aquele dia. Inacreditavelmente a previsão, que sempre acertava, estava totalmente errada.

Disseram na TV, no principal noticiário, que faria sol.

Não acreditei. Só não esperava um frio como aquele.

Perdi preciosos segundos, talvez minutos, tentando identificar no seu rosto algum traço daquele tempo. Tentei ver nos seus olhos o mesmo brilho do tempo em que não nos preocupávamos com a hora ou com o que estava acontecendo lá fora.

Dias intensos os que vivemos. Grandes dias.

Por um instante achei que você não fosse me reconhecer. Talvez a barba ou o corte de cabelo. Quem sabe as rugas. A pele detonada pelo tempo. O vento.

Você continuava a mesma, mas o seu cabelo estava diferente. Notei algumas mechas descoloridas, alguns tons mais escuros nos fios que caiam sobre seus olhos. Coisa da minha cabeça talvez.

A memoria falha consideravelmente depois de alguns anos. Dez? Quinze? Dezessete!

Isso. Dezessete anos depois aqui estamos nós de frente um para o outro sem dizer nenhuma palavra. Será que precisamos dizer algo um para o outro? Você ainda esta magoada? Não sei se quero pensar no passado.

- Cinco segundos antes. Nem cinco segundos a menos e nem cinco segundos a mais.
- Exato! Você lembrou...
- Era para esquecer? Não tem como.
- Não! Não foi isso que quis dizer, é que eu não esperava encontra você aqui. Não esperava assim tão de repente.
- Deveríamos ter combinado antes?

Ela me pegou. Bingo. Eu estava nervoso, não sabia o que dizer.

Sempre achei que seria mais fácil quando nos reencontrássemos. Achei que o tempo ia me deixar mais seguro, com argumentos que justificassem tudo. Não pensei que esse encontro casual pudesse me fazer esquecer as palavras e parecer um adolescente sem saber o que fazer.

Não há ensaios para o inesperado. Ela estava pronta, sabia o que dizer, tinha as palavras na ponta da língua. Eu só pensava em coisas desconexas, não tinha ideia de como conduzir aquela conversa sem parecer um completo idiota. Talvez fosse melhor fingir um compromisso inadiável e fugir dali ou simplesmente ignorar a presença dela como se nada tivesse acontecido.

- Como você está?
- Bem e você?
- Atarefada com os preparativos. Minha irmã vai se casar em maio e está meio indecisa com muitas coisas. Estou tendo que ajuda-la nessa coisa de pensar nos detalhes e não se esquecer de itens importantes.
- Não imagino você com um bloco na mão fazendo anotações de flores, doces e arranjos.
- Nem queira imaginar. Mas e você, o que está fazendo?

Se disser que ainda estou perplexo com esse encontro, vale?

Fato que não sei o que estou fazendo. Estava indo para uma aula importante. Meus alunos ainda devem estar me esperando, ai nos encontramos e pronto. Não sei o que estou fazendo.

- Álgebra. Dou aulas de álgebra na faculdade de matemática. Não tenho que correr atrás de flores, doces e arranjos, mas estou feliz com isso.
- Então o matemático venceu o físico.
- Diria que o físico se cansou da falta de oportunidades.
- Perdeu a esperança?
- Eu tinha esperança em nós, se é isso que você quis dizer. Não, espere... Desculpe, não foi isso que eu quis dizer...
- Depois de dezessete anos ainda vamos ter essa conversa?
- Não deveríamos?

Imagem do post: pexels.com/Lal Toraman

terça-feira, agosto 09, 2022

Homem de pouca fé

 


Acredito cegamente que um dia todas as coisas que conhecemos hoje não serão mais do jeito que imaginamos. Acredito tal e qual algumas pessoas acreditam em fadas, gnomos e duendes. Eles existem.

Acreditar pode não ser a melhor palavra a ser empregada nesse caso, mas é a primeira que me vem à mente quando penso em tudo o que já vi, vivi e ainda vou viver. Exatamente do modo que foi concebido, da maneira que foi realizado.

Leva um tempo até as pessoas se darem conta de que não há no reino, seja ele qual for, figura de linguagem que possa compreender tudo. Até certo ponto é nisso em que devemos acreditar, mas não que isso seja necessariamente a verdade universal por trás de todo o contexto.

Em que pese o fato que não somos mais crianças correndo atrás de sonhos, ainda podemos nos contentar com pedaços de ilusão no meio da noite. Fragmentos de pensamentos perdidos no espaço que voltam para nos fazer pensar naquilo que ainda não se mostrou real. O imaginário vence no final, isso e fato.

Notadamente perdemos o fio da meada.

Impossível rascunhar o que estou sentindo desde o momento em que peguei os cacos e juntei em uma forma disforme. Surreal crer naquilo que não podemos ver. Eu acredito que é assim.

Um dia será diferente e nesse dia vamos celebrar o fato de não ter sido igual, mesmo sabendo que é igual. Não há motivos para celebrar e por isso mesmo, vamos fazer o que nos for pedido.

Imagem do post: pexels.com/stayhereforu

segunda-feira, agosto 08, 2022

Expectativas 2

 

Todos os segredos revelados em um único momento. Todas as expectativas de que as coisas permaneceriam como estavam foram por água a baixo. Infelizmente algo não deu certo.

Eles sabiam disso antes do fim do dia, mas só contaram quando nada mais poderia ser feito.

Parabéns aos envolvidos.

Imagem do post: pexels.com/ Kammeran Gonzalez-Keola

Voto secreto 3


- Esse ano não vai ser igual àquele que passou.

- Exato, os anos não são iguais, eles não se repetem.
- Esse ano tem eleições para o cargo maior.
- E quem você acha que vence?
- Vence quem tiver mais votos.
- Isso todos sabem, mas quem você acha que vai ter mais votos?
- Aquele que as pessoas considerarem mais preparado para recolocar o país nos trilhos.
- E quem, qual o candidato, que você acha que tem os requisitos para fazer isso?
- Não sou eu quem decide isso, é o povo, a maioria. Aqueles que forem as urnas vão dizer qual o mais preparado, qual tem os requisitos para a tarefa.
- Então você não sabe em quem vai votar.
- Claro que sei, já tenho o meu candidato e espero que ele vença as eleições. Acredito nas propostas dele.
- Maravilha! Então me diz quem é o seu candidato?
- Porque você quer saber?
- Curiosidade. Quero ver se é o mesmo que o meu e se as propostas dele estão de acordo com o que eu acredito. Devemos debater o assunto, discutir o melhor para o país. É salutar a troca de opiniões para que possamos construir um pensamento em prol do que acreditamos.
- Tudo isso só para saber em quem vou votar e depois me espinafrar porque não escolhi o mesmo candidato que você?
- Claro que não. Estamos em uma democracia, você tem direito de votar em quem você quiser.
- Então tá!
- E aí, em quem você vai votar?
- Em quem eu quiser, afinal estamos em uma democracia e eu tenho livre direito de escolha.
- Claro, mas não pode me dizer o nome do candidato?
- Posso, mas você vai me criticar porque não escolhi o mesmo que você e eu não quero isso.
- Mas quem disse que eu vou fazer isso?
- E quem disse que não vai fazer?
- Desisto, vote em quem quiser e pronto!
- Mas é isso que vou fazer! Obrigado!

Imagem do post: Google

 

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