sábado, abril 09, 2016

Presente 2

presente 2

- Amor é impossível comprar alguma coisa para você, não sei como lhe presentear.
- Use a criatividade amor, não se atenha ao óbvio, eu confio no seu bom gosto.
- Não é uma questão de bom gosto e sim de escolha. Como dar um presente para alguém que já tem praticamente tudo? Como satisfazer esse seu gosto refinado?
- Pare com isso, já te disse que me encanto mais com as coisas simples do que com as coisas rebuscadas. Não sou de usar roupas caras, joias e afins. Realmente gosto de qualidade, mas nada demais.
- Não ajudou em nada. Quero surpreende-lo, quero agradar, mas assim fica muito difícil.
- Amor estamos juntos há mais de cinco anos e você já me deu vários presentes. Gostei de todos.
- Gostou, mas eram coisas obvias demais. Vinhos que o vendedor indicou e eu nem sei se eram realmente bons, porque você disse que eram, mas eles nunca foram abertos. Camisas, objetos de decoração e coisas para a casa. Não acho que esses presentes foram originais.
- Amor da minha vida, minha coisa linda. Os vinhos precisam de tempo, precisam descansar e os que você me deu são vinhos de guarda, serão abertos no momento em que tiverem que ser abertos, só isso.
- Viu, não sei nada do que lhe agrada...
- Sabe sim e vai comprar algo muito bom, ou melhor, não precisa comprar nada, você é o meu melhor presente.
- Nada disso, me ajude. Dá uma dica, fale alguma coisa. Diga o que você considera inusitado, o que você gostaria de ganhar?
- Ah... Pense em algo que por mais que eu queira, não compre.
- Como assim?
- Ué, tem coisas que queremos, mas não compramos, esperamos ganhar.
- Como assim você quer uma coisa e espera que alguém te dê?
- Sim. Coisas que não são essenciais. Você teria, mas não compraria. Você consegue cortar a pizza com o garfo e a faca, mas se ganhar um cortador vai ficar feliz.
- Então você quer um cortador de pizza?
- Não foi isso que eu disse, até porque eu tenho um cortador. Eu apenas dei um exemplo de algo que as pessoas não compram, mas amam quando ganham, porque realmente é útil.
- Ok, e o que será que você amaria ganhar e ainda não tem?
- Hum, me deixa ver... Um filhote de índio!
- Que raça de cachorro é essa?
- Não é cachorro, é um filhote de índio.
- Índios não têm filhotes, tem filhos!
- Tudo bem, você entendeu, isso é um baita presente original.
- Está falando sério?
- Seríssimo, um filhote de índio é tudo o que uma pessoa amaria ganhar, mas não compraria>
- E o que você faria com um filhote de índio? Se é que isso não é uma brincadeira.
- Muitas coisas. Ele nos ensinaria a cuidar da natureza, amar mais os animais, a fazer dança da chuva, a construir ocas e tantas outras coisas legais que nem tenho como descrever tudo.
- Isso não pode ser real. E qual outra coisa surpreendente você amaria ter?
- Não tem como não amar um filhote de índio... Outra coisa legal, e que fosse inusitado... Ah já sei, um dromedário!
- Um o que?
- Dromedário!
- Camelo?
- Não um dromedário, um camelo é só um camelo, um dromedário é um dromedário!
- Porra, fala serio! O que alguém normal e em sã consciência faria com um dromedário? Você sabe que eles vivem no deserto? Você sabe que estamos em São Paulo? Você sabe que não vendem isso em pet shops?
- Amor, por saber de tudo isso é que considero esse como sendo o presente quase perfeito. Só perde para o filhote de índio. Imagine-se no Ibirapuera andando com o Hamed.
- Quem é Hamed?
- O nosso dromedário.
- Você deu nome para ele? Não acredito!
- Você não queria ideias para me presentear? Dei-lhe duas ótimas ideias e você está reclamando? Eu é que não acredito.
- Ok, já sei, só me responda uma coisa. Malbec ou Merlot?

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Coisas que odeio: Dia 9 de Abril

coisas que odeio dia nove

Em algum momento eu ia ter que tomar essa decisão, ia ter que me decidir de forma definitiva sobre algo que me incomoda desde sempre, o dia 9 de abril. O dia fatídico em que vim ao mundo e que por razões que desconheço as pessoas insistem em querer que eu faça aquilo que elas consideram como sendo o mais sensato a se fazer. Odeio o dia 9 de Abril!

Talvez o que mais me chateie nesse dia é ter que me explicar para uma meia dúzia sobre o porquê não gosto de comemorações, festas e afins. É altamente irritante perder tempo ouvindo considerações de que sou estranho, louco ou fora dos supostos padrões que a manada segue. Odeio não ter direito a um dia como todos os outros. Odeio não poder acordar, escovar os dentes, tomar café e só. Odeio seguir as tais convenções. Odeio ser “obrigado” a celebrar.

Não recuso as felicitações, os beijos, os abraços, os parabéns, mas não me peçam, em hipótese alguma, por favor, para que eu apague as velas de um bolo e em especial, que faça isso sorrindo. Todos deveriam ter o direito a viajar para as montanhas pelo menos um dia no ano e eu adoraria estar lá no dia 9 de Abril.

Adoro celebrar o nascimento de meus familiares, amigos e pessoas que gosto, mesmo que não entenda o prazer por trás do ato. Vou a todas as festas que sou convidado, canto parabéns e ajudo na organização, e tudo isso por respeito ao que as pessoas gostam de fazer no dia em que fazem aniversário. Infelizmente muitos não entendem o meu gosto por não comemorar, por não querer fazer nada diferente do que já faço nos outros 364 dias do ano.

Espero que em breve o dia 9 de Abril transforme-se em mais um maravilhoso dia como todos os outros, onde vou agradecer as mensagens positivas e seguir em paz sem ter que responder a intermináveis perguntas sobre o porquê não vai ter festa.

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sexta-feira, abril 08, 2016

Solidão instantânea

solidao instantanea

Nunca me vi tão só como da última vez em que comprei macarrão de três minutos. Por apenas dois reais e noventa e nove centavos me senti muito só. Uma solidão diferente, uma solidão daquelas que aumenta a cada garfada. O pó sabor galinha caipira, aquela massa molenga, o caldo amarelo e a tal da solidão.

Três minutos de solidão dentro de um pacote.

Senti falta do processo todo, da coisa de pegar a farinha 00, por favor, da sêmola, dos ovos caipiras e os demais ingredientes. Fazer a massa muda tudo, desacelera, encorpa e é aí que a tal da solidão deixa de existir. Ninguém é feliz comendo macarrão que fica pronto em três minutos, ninguém.

Não adianta dizer que incrementa tudo colocando vegetais e legumes frescos, ou que adiciona ingredientes “selecionados” a receita, porque nada disso melhora ou faz com que um macarrão de três minutos se transforme em uma massa de verdade.

Esqueça os rituais, o vinho que harmoniza e a mesa posta. Tudo isso agrega valor e só, porque o principal está lá, a massa que você fez, o molho que você preparou, o seu suor, o seu esforço. Não há vinho que harmonize com pó sabor galinha caipira ou mesa posta que melhore a aparência de um macarrão de três minutos. Companhia alguma vai te livrar da solidão instantânea.

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quarta-feira, abril 06, 2016

Do amor

do amor

Do amor não guardo magoa.

Apesar de poucas paixões, desilusões.

Meu coração ainda consegue sorrir.

Para você não peço nada.

Só que me de o que acha que devo merecer.

Sou feliz com o que tenho.

O irreal é não aceitar as coisas como elas são.

A felicidade não está nos livros e nem nos sinais que o céu nos dá,

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A melhor resposta

a melhor resposta

Tudo é tão raro, claro como a noite
Tudo é tão belo e especial, mas pode ser fatal.

Será que é normal, viver assim sem rumo, sem saber, sem pensar, apenas por sonhar.

Tudo é tão simples, e ao mesmo tempo tão irreal
Tudo é confuso e naturalmente perigoso, vamos esquecer a dor.

Vamos pensar no nada que nos cerca.

Reconhecer que o fim é tão somente o que ainda não aconteceu.

Tudo é o que pudermos conceber
Tudo é o que foi provisionado antes de existirmos e mesmo assim será melhor bem melhor do que o que já temos.

O passado não é o futuro. O presente não é garantido. O que foi não volta. A melhor resposta é o silencio, pleno.

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terça-feira, abril 05, 2016

Canção do fim

cancao do fim

Tínhamos muito em comum, um pedaço de pão e um giz de cera. Vermelho. Compartilhamos o pão, desperdiçamos o giz desenhando corações na parede. O sol se pôs rápido demais.

Ainda não era noite quando adormecemos ouvindo Norah Jones, o começo do indicio do fim. Ninguém adormece ouvindo Norah Jones, ninguém faz nada ouvindo Norah Jones. Nós adormecemos, começamos a decretar o fim quando colocamos o cd da Norah Jones bem baixinho.

Ela tinha hábitos muito peculiares, sempre levantava às seis da manhã, religiosamente. No dia em que levantou as sete percebi que havia algo de errado conosco, pois ela me deu bom dia antes mesmo de escovar os dentes. Um beijo quente, um café frio e palavras desconexas sobre a noite anterior. Ela ainda cantarolou um trecho de alguma canção da Norah Jones que não consegui identificar, mas era cedo demais para raciocinar e tarde demais para salvar o pouco que restara.

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O que nunca existiu entre nós

O que nunca existiu entre nos

-Eu só quero saber do que ainda tem chance de sobreviver a tudo
- E o que não tiver?
- Eu desconheço, esqueço.
- Ignora?
- Não lembro, penso que foi embora, acabou e só
- Assim é melhor?
- Não é pior.
- Ajuda a compreender e quem sabe a aceitar o que não tem mais retorno.
- Nem é isso, é vontade zero de perder tempo com o que não interessa.
- Sim...
- Não... Parece, mas não é, porque nunca foi.
- Nunca?
- Uma vez, há muito tempo, talvez, quem sabe.
- Você sabe!
- Sempre pensei que soubesse, mas nunca soube.
- Então, porque insistir?
- Porque foi importante. Passou a não ser mais, deixou de fazer sentido, deixou de ter graça, deixou de ser legal.
- Morreu?
- Não chegou a nascer.

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Desejo

desejo 2

Eu não quero falar de desejo

Nem um beijo vai poder me acalmar

Faz tempo que não te vejo

E a vontade de te ter só faz aumentar

Foram tantas glorias, lutas demais e o tempo ali a nos separar

Você ignorou tudo o que eu tinha e resolveu me deixar

Deu com os burros n'agua, não viu que assim ia ser pior, descartou os bons sinais e preferiu jogar fora o que sempre lhe dei

O amor que eu sonhei não foi com você

O que havia entre em nós dois não passou de ilusão

Sonho bom de verão, fruta madura no pé

Só sabe como é quem viveu quem sofreu, quem sorriu e quem chorou

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segunda-feira, abril 04, 2016

Manda bem

manda bem

Manda bem quando estamos juntos. Manda bem quando estamos lado a lado. Manda bem quando não estamos separados.

Manda bem quando tudo acontece. Manda bem quando logo anoitece. Manda bem quando a gente curte a noite.

Manda bem quando sexta é feriado. Manda bem quando rola um jantar. Manda bem quando viajamos numa boa.

Manda bem desde que ficou comigo. Manda bem porque é o que eu preciso.

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