domingo, abril 26, 2015

O futuro que nos pertence

o futuro que nos pertence

Dados de mil oitocentos e dezoito já nos davam conta da existência de fatos estranhos acontecendo a todo instante e estes fatos continuaram a se repetir até que em mil novecentos e quarenta e três, eles não mais aconteceram. Misteriosamente tudo entrou nos eixos, os fatos estranhos deixaram de ser estranhos e ao que parece, segundo os estudos da época, a compreensão desses fatos foi o que fez com que eles não mais fossem tidos como estranhos.

Hoje, depois de muitos anos, os fatos estranhos voltam a assombrar o mundo. Já existem diversos relatos em várias partes do planeta, do surgimento de coisas inexplicáveis. Renomados cientistas e pesquisadores vêm se pronunciando a respeito e ambos são unanimes em afirmar que os novos fatos tem haver com os fatos do passado. Retorno? Despertar? Ainda não se sabe o que estaria provocando esta onda, mas os pontos onde eles ocorreram com mais frequência estão sendo isolados.

Pela logica dos acontecimentos, um padrão de comportamento leva os estudiosos a crer em um desconhecimento coletivo e essa falta de conhecimento seria o motivo para que os fatos estejam sendo encarados como estranhos. Mais uma vez o mundo se cala diante do desconhecido, mais uma vez o mundo fica a mercê de coisas sem explicação. Em pleno século vinte e um, a busca por respostas que não estão no Google, aflige e nos faz pensar no futuro.

Imagem do post: Tumblr / Redheads be here

sábado, abril 25, 2015

O tal do tempo

o tal do tempo

Diversas vezes, não uma e muito menos duas, várias vezes, eu me pego teorizando sobre essa coisa do tempo que cura todas as mazelas, o tempo senhor e soberano, mas eu sei que não é assim que tudo funciona. Quando estamos caminhando, desde que não façamos isso em círculos, vamos avançar ou, em alguns casos, retroceder, mas vamos sair do lugar. Isso é o que o tal tempo faz, ele nos força a sair do lugar, nos tira de um dia e nos coloca em outro.

Ficar por aí dizendo que ele faz o impossível, é história para escritor de livro de autoajuda, porque quem mexe no processo somos nós. As opções são:

1 – Ficar remoendo os problemas, choramingando pelos cantos.
2 – Estudar as causas dos problemas e buscar uma solução.
3 – Comprar um livro de autoajuda e esperar pelo tempo.

Grande parte escolhe a primeira e a segunda opção, mas no fim acabam fazendo, de modo meio torto, a opção de número dois. Não existe solução mágica, o que deve existir é vontade de resolver os problemas e muita força de vontade para isso. O tempo vai passar, com ou sem problemas, é você quem tem que fazer o trabalho sujo.

Ontem mesmo, em mais um surto psicótico, porque só isso para explicar o meu discurso, teorizei sobre essa porcaria do remédio tempo, usando de todos os clichês que conhecia. Citei desde as frases mais batidas até aquelas bem edificantes, que podem ser lidas em lápides e placas de homenagem. Cair no lugar comum é algo que devo, mas que não consigo evitar e por isso, entendo a força que esse tipo de pensamento tem para aqueles que não têm onde se apoiar.

Imagem do post: Tumblr / Beautiful redhead

sexta-feira, abril 24, 2015

Minha escolhida

minha escolhida

Ela levantou da cama apenas de calcinha e não sentiu frio. Colocou os pés descalços no porcelanato e não sentiu frio. Ela estava semi vestida, usava apenas a parte de baixo do conjunto, uma linda calcinha de renda vermelha e mesmo assim, não sentiu frio. Essa foi a mulher que escolhi, a mulher que elegi como companheira dos meus dias alegres e dos meus dias tristes. Uma mulher como ela não se encontra em qualquer lugar e eu dei a sorte de acha-la antes que outro o fizesse.

Desconfio, porém, que poucos sabem reconhecer uma perola no meio de tantas pedras sem valor algum. Eram várias e vários, o ambiente fedia a tabaco, nicotina, álcool e bala de menta extra forte. Uma combinação horrenda, mas que é praxe. Entrei sem fazer muito alarde, desviei de meia dúzia de engravatados no hall, passei por moças de sorriso fácil e aboletei-me com algum esforço no balcão do bar.

Três gins tônica depois já me acostumava com a gritaria, o som estridente da música e todos os barulhos daquela selva que chamavam de Refugio, a boate mais cara da cidade. Entrar ali era para poucos, mas parecia que eles haviam aberto uma exceção ao mundo justamente aquele dia, pois eu tinha a certeza de que mais da metade da população mundial estava ali, espremida, mas estava.

Respirei fundo antes de por os olhos na pista, girei o rosto devagar e procurei focar em um ponto distante para a partir dele, pesquisar o ambiente e tentar encontrar algum resquício de novidade. A mesmice de rostos, perfis, estilos, era o que me fazia evitar a noite e suas armadilhas. A loira de batom vermelho, a morena de salto alto e saia curta, o descolado de calça chino, os malhados e seus bíceps, enfim a fauna noturna habitual.

Em pé com uma postura natural, segurando uma taça de um drinque feito com espumante, que mais tarde identifiquei como sendo um Bellini, estava ela. Alta devia ter um metro e setenta, cabelos soltos, sobrancelha um pouco arqueada, lábios molhados, nariz afilado e rosto geometricamente desenhado. Analisei os detalhes, verifiquei ao redor e ela estava aparentemente sozinha, uma peça única como àquela sozinha em meio à horda de selvagens que vagava por ali.

A abordagem não podia ser convencional, ela não era convencional. Uma chance, eu teria apenas uma única chance para fazê-la perceber que eu não era mais um e sim aquele que a salvaria daquele lugar. Uma chance e eu não a desperdicei. Da pista para o bar, do bar para a varanda, da varanda para a rua, da rua para o carro, do carro para minha casa e enfim em meus lençóis.

Renda vermelha, ela usava um conjunto de renda vermelha.

quinta-feira, abril 23, 2015

Entretanto

entretanto

Não vá agora, deixa eu melhorar
Não fique triste, tudo vai passar
É só ciúme, doença que contraí porque te amo demais
Mas também é loucura, loucura tem cura, ciúme também
E paixão é o que me faz bem
Entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o remédio
Que me tira do tédio, quando me faz amar
Não vá agora
Lembra do nosso abraço, beijo, sexo, demais
Lembra do nosso ninho, nosso cantinho
Que tanto desejo não posso disperdiçar
Lembra da nossa música
Entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o mistério que me tira do sério
Quando me faz amar
Entre, sente
Entre, entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o remédio que me tira do tédio
Quando me faz amar...
Entre... tanto...
Não vá...
Não vá embora...
Não vá amor...

Mart’nália & Mombaça

Imagem do post: Tumblr / Redheads be here

Capa dura

capa dura

Um rosto bonito pode ser muito mais do que só um rosto bonito, mas também pode ser apenas um rosto bonito. O velho ditado, tão fora de moda, de que quem vê cara não vê coração, mostra-se totalmente sem proposito. A coisa não é olhar a embalagem e sim ter tempo de analisar o conteúdo. Pode-se facilmente basear-se apenas no exterior, pois cabe às partes interagirem para ter ciência do que se esconde atrás do rotulo.

Falando em rótulos, eles também já não servem mais para nada. Rotular algo ou alguém é inconcebível atualmente. O mundo mudou de tal forma que não há espaço para classificações baseadas em aparências, naquilo que não está escrito, e que está somente baseado em critérios pré-concebidos. O preconceito parte da premissa de que os conceitos inventados há muito tempo, ainda são verdadeiros e válidos.

É necessário estar atento à mente para evitar cair na armadilha da antecipação, que é quando julgamos sem conhecer, por conta de uma falsa impressão inicial. Impressão essa que se apoia em padrões inexistentes, em teorias datadas e que não tem serventia alguma.

Leia o livro todo e não apenas a sinopse, antes de tentar adivinhar o final da história.

Imagem do post: Tumblr / Readheads be here

quarta-feira, abril 22, 2015

Intimidade 2

intimidade 2

Tão bom quando as amarras se desprendem, quando a encucação dá lugar ao “não estou nem aí”, quando tudo acontece de forma natural. Sabemos que os primeiros encontros e não apenas o primeiro, sempre são mais tensos do ponto de vista da intimidade. O casal mesmo já se conhecendo, tem seus receios. As mulheres demoram mais a se soltar, mas os homens também precisam de um tempo para deixar de lado as inibições.

O tempo varia de pessoa para pessoa e não é o fato de se conseguir ficar mais a vontade, diante do parceiro, que significa que já se tem intimidade suficiente com o mesmo. A intimidade é algo bem mais complicado de se conseguir, pois é poder se sentir em casa, fazendo quase tudo aquilo que se faria, mesmo não estando em casa.

Estar à vontade para acordar sem se preocupar com a maquiagem ou com o penteado. Poder usar uma roupa mais despojada. Relaxar da neura de se importar com o julgamento alheio e apenas ser o que sempre foi. Quando essa intimidade é conquistada, quando o casal não se esforça para parecer, um para o outro, modelo de comercial de margarina, aí sim é que se pode dizer que a coisa está começando a acontecer.

Imagem do post: Tumblr / Her per fection

Contradição

contradicao

Mas agora eu já vou por aí
Porque não sirvo pra ser de você
E vou por aí, e vou por aí
Não vou não devo mais transar contigo
Medo
Agora não dá mais já tô curtindo
Azul
Eu sei que o tempo vai nos engolindo
Na loucura do amor ficar contigo é que eu não vou
Não vem, não diga que eu não vou não vou
Ficar contigo e depois me perder
Agora eu quero é paz só vou curtindo
Azul
E já não posso mais correr perigo
Mesmo na loucura do amor
Ficar contigo é que eu não vou
Morrer contigo é que eu não vou não vou
Nessa procura do prazer
E pra quê
Nem vem me possuindo com a dor
Me seduzindo que eu não dou não dou
Não vou contigo quero te esquecer
Pavor
De ir contigo com calor
Volta pro ninho que eu já tô que tô
Arrependida de me esconder

Amor o seu carinho eu não dou...
Nem vem, não adianta mais, vem vem...

Mart’nália & Viviane Mosé

Imagem do post: Tumblr / Redheads be here

terça-feira, abril 21, 2015

Comida di Buteco 2015 – Boteco Carioquinha – Camuflado na cabaça

IMG_5243

Ano passado o Boteco Carioquinha foi uma decepção, horrendo, mas ele havia ido bem em 2013, portanto, minha intuição pressentiu que ele faria um bom papel esse ano. E ele fez.

O petisco deles esse ano é de lamber os beiços e pedir a panela ao garçom para levar para casa e comer sem parar. Delicioso rabo bovino, a famosa rabada, com um creme de batata e polenta. Muitos acertos e pouquíssimos erros.

IMG_5244

Para começar pelo que não deu certo, o queijo que cobre o petisco é uma fatia inteira de muçarela e atrapalha na hora de comer. O coco, que deveria ser a fruta do prato, aparece timidamente em flocos sobre tudo, sem dar gosto algum. Agora, tirando esses pequenos senões, que não desmerecem em nada o prato, todo o resto deu certo.

A começar por onde ele é servido, em uma cabaça, ideal para lá de original e como a cabaça não se apoia na mesa eles tiveram a ideia de fazer uma cestinha crocante e comestível. Depois vem um delicioso creme de batata e polenta, muito bem temperado, que envolve com maestria o rabo desfiado e super saboroso. Pimenta de biquinho fantástica, empregando uma excelente combinação de sabores e um ramo de agrião para decorar.

IMG_5246

O conjunto da obra é de tirar o chapéu e vale repeteco. Até o momento, o meu favorito esse ano.

Não posso deixar de falar também do excelente atendimento, da carta de mais de quatrocentas cervejas e do ambiente como um todo, super agradável. Experiência impar, em uma noite especial.

Comida di Buteco 2015 – Antigamente – Bê Burger

IMG_5233

Vai, é um Burger de camarão! E não se esqueça de que tem também uma focaccia e geleia de manga. Delicia? Nem tanto.

O petisco é bom, gostosinho, mas não tem graça nenhuma. É apenas um mini burger de camarão, bem minúsculo mesmo, sobre uma focaccia, também minúscula. E é isso, você come e fica se perguntando onde está o petisco.

IMG_5236

O atendimento do Antigamente está caótico e já haviam me avisado disso, mas achei que em plena segunda feira fosse ter mais sorte, infelizmente isso não aconteceu. O chopp foi muito bem tirado e estava na temperatura certa, ponto positivo para o bar.

Pelo tamanho e pela quantidade do petisco, seriam necessárias umas cinco porções para que eu, que não como muito, ficasse satisfeito. Como cada pequena porção de dois minúsculos burgers custa vinte reais, a coisa ficaria complicada.

IMG_5234

O hambúrguer de camarão está bem temperado, a focaccia é gostosa e a tal geleia de manga não faz diferença alguma, pois vem em uma quantidade insignificante. Entre os quarenta e cinco bares participantes, caso você tenha que deixar algum de fora, considere o Antigamente, pois ele não fará falta alguma.

IMG_5231

Ps.: Provei a entrada de Doritos deles e achei boa, um pastel muitíssimo bem recheado com um creme de Doritos. Inusitado, mas legal. Não achei enjoativo, mas minha opinião não foi a mesma dos que estavam comigo e eles inclusive retiraram um pouco de recheio para conseguir comer o pastel até o final.

domingo, abril 19, 2015

Leve, breve, passageiro

leve breve passageiro

Vou dançar conforme a música e espero que ela seja leve como a vida e que carregue boas energias. Vou correr a favor dos ventos, de encontro ao tempo, para confirmar o que passei e recuperar o que ainda pode ser resgatado. Vou inverter todas as ordens, somar ao todo o que restar e no final de fevereiro, só vai ficar quem precisar.

Encontro-me nesse instante, muito abatido e preocupado. Ainda que tudo seja breve e nada de relevante aconteça, estarei presente. Encontro-me nesse instante, muito contente e ausente das coisas que fazem sentido. Fundamental saber que nada do que fiz ou venha a fazer, tem relevância ou importância. O cenário me impede de ousar mais do que o necessário.

Bem como os anos, os meses, os dias, as alegrias serão passageiras, companheiras de jornada. Quem se encarregara de cuidar do que é verdadeiro, terá a ingrata missão de também cuidar do que é corriqueiro. Tão leve, talvez breve e com certeza apenas mais uma passagem no meio de tantas outras.

sábado, abril 18, 2015

O melhor sexo do mundo

o melhor sexo do mundo

E se for amor o que eu sinto? Como fazer? Não fazer? Repreender?

Há alguma razão no saber que as coisas não são da maneira que se imagina. O que morre pode renascer, mas como isso acontece. Acontece que tudo tem um começo meio nebuloso, um durante complicado e um fim inusitado. Esperar por tudo isso é o que transforma o nada em algo bem inesperado. A vontade de saber o resultado consegue ser superior a vontade de sorrir.

Quando conhecemos o processo, os passos tornam-se menos dolorosos, mas ainda assim são passos complexos. Olhares que se encontram, bocas que se procuram e corpos que se acham. A parte dura de toda a história é não ter, não pertencer. Uma cama posta, lençóis, preservativos, sexo não é só aquilo que se vê nos filmes. A cereja do bolo é o que não está escrito nos manuais.

Existem quinhentos modos de se perder e apenas um de se achar. O corpo fala mais do que as palavras que são ditas. O momento é para ser sentido, não entendido. Liberte-se na hora certa, mude conceitos, limpe a mente e aproveite. Um bom sexo não é aquele que segue os padrões e sim aquele que surpreende por fugir dos padrões.

Imagem do post: Tumblr / Amazing red heads

sexta-feira, abril 17, 2015

Parabéns 9

parabens 9

Não serei o primeiro, não serei o último e não serei mais um. Serei um dos que vai lhe parabenizar neste dia sem usar as mesmas palavras que todos os outros. Não vou copiar frases da internet, não vou pescar mensagens em cartões comemorativos e muito menos vou cair no lugar comum de lhe desejar aquilo que todos os outros irão desejar.

Serei eu mesmo, o cara que você conheceu lá atrás, meio sem juízo, com esse jeito desligado e que fala sem pensar. Serei sincero como sempre fui e direi o que vem a mente, sem floreios, devaneios e bajulação, pois você não precisa disso, de forma alguma.

Hoje quero que limpe a mente de qualquer pensamento e concentre-se única e exclusivamente na felicidade, pois hoje é o seu dia. O dia em que você veio para iluminar o mundo e o mundo precisa que neste dia, você faça isso, o ilumine.

Parabéns por ser esse ser simples, mas ao mesmo tempo complexo. Parabéns por ser bonita e ainda assim achar que falta um detalhe. Parabéns por não se contentar com migalhas, por querer sempre mais. Parabéns por sorrir com vontade e de verdade. Parabéns por tudo o que é e tudo o que busca ser. Parabéns!

Imagem do post: Google

quinta-feira, abril 16, 2015

Tentativa e erro 2

tentativa e erro 2

Pirraça eu fiz quando nasci, hoje sigo em frente dando cabeçada em porta, passando por cima dos que ficam na frente e caindo em alguns buracos por aí. Faz parte de todo o processo de amadurecimento um pouco de fermento, doses generosas de alguma bebida alcoólica e muito aprendizado. Sem isso, sem essa coisa de errar e acertar, dificilmente se chega ao ponto.

Ideal mesmo é sorrir nos momentos considerados certos, mostrar muito os dentes não faz tão bem quanto parece. Isso de ser boa gente, estar sempre de bem com a vida, não funciona nem nos contos de fada. O príncipe, coitado, o bom moço do processo, é sempre o último a chegar e só fica com a princesa porque o roteirista é seu amigo.

Pense bem antes de achar de basta chegar primeiro, pois não é só a questão de chegar na frente, tem todo o lance da conquista. Tudo bem que o príncipe só precisa de um beijo para pegar a princesa, mas na vida real, caso você não seja o cara dos cinquenta tons, vai precisar de muito mais. Esqueça os bens materiais, foque nos seus bens intelectuais.

Uma boa conversa que não dure mais de vinte minutos, toques somente se consentidos, olhares firmes, piadas sutis e nada de grosseria. Como não existe receita de bolo e nem manual, tente seguir um roteiro, mas saiba improvisar, pois essa é a cereja do bolo.

Quem se impressiona com pouco, ganha pouco. Quem não se contenta com pouco, corre o risco de perder tempo demais tentando o impossível. Quem sabe dosar as coisas, conhece o meio termo do processo e está preparado para subir degraus, tem mais chances de evitar as frustrações.

Imagem do post: Tumblr / Readheads be here

quarta-feira, abril 15, 2015

Comida di Buteco 2015 – Gracioso – Galinha Chic

coxinha chic

Graciosamente, não no sentido exato da palavra, o Gracioso todos os anos, se não estou enganado, faz bolinhos para participar do Comida di Buteco. Não tenho nada contra os bolinhos, mas acho que eles poderiam, pelo menos em algum ano, mudar o rumo da prosa e criar algo mais original.

Esse ano eles resolveram tentar reinventar a famosa coxinha de galinha, o que posso garantir a vocês, não funcionou. A massa é bem leve, gostosa, mas é isso. A reinvenção não aconteceu, pois a coxinha, tirando a massa e o empanado crocante, é a mesma que se come em qualquer bar por aí. O recheio de frango é bem saboroso, mas cai na mesmice, porque é apenas uma coxinha de galinha.

coxinha chic 2

Não vá esperando uma explosão de sabor ou encontrar algo inusitado, pois isso não vai acontecer. A fruta, que é obrigatória em todos os pratos, também está presente na coxinha e adivinhe, a escolhida foi a banana. Sim, a banana que está em quase todos os cardápios, mostrando o quão criativos foram os bares esse ano. No gracioso ela aparece, ou deveria, em uma rodela quase imperceptível, misturada ao recheio da coxinha.

O ponto positivo é que a cerveja continua sendo servida bem gelada e esse sim, pode ser um motivo para que você vá experimentar a tal coxinha, que eles dizem ser chique, mas que está mais para uma reles e pobre coxinha de esquina.

Amor calmo

amor calmo

Um amor calmo
É disso que a gente precisa
Um amor puro, no claro, escuro
É claro que a gente precisa

Amor sem cachaça , sem tapa, sem choro
Feliz na partida
De brancos lençóis e beijo que tanto combina
De toque suave
De língua atrevida

Amor sem pudor, sem roupa, sem dor
De mais uma chance é o que a gente precisa
A gente merece, a gente se esquece do que foi ruim
Domar os instintos na intimidade
É cedo pro fim
Pois quando nascer amanhã
Os corpos suados
Dormir lado a lado
A gente precisa…

João Martins

segunda-feira, abril 13, 2015

Comida di Buteco 2015 – Cachambeer – Deu cupim na farofa de cuscuz metida a besta

deu cupim

Quando se fala em bar, botequim, todo mundo tem um de sua preferencia, mas a grande maioria reconhece o Cachambeer como um legitimo representante do gênero. O chopp no ponto, suas fartas porções, o atendimento e o ambiente, fazem dele um lugar para se visitar sempre que possível.

Esse ano, eles mais uma vez mostraram a que vieram e fizeram um petisco campeão, com a cara do bar. Porção generosa de cupim em molho sensacional, acompanhada de farofa de cuscuz marroquino. Um espetáculo de sabor a cada garfada.

deu cupim 2

Agora fazendo uma analise critica da coisa e indo para os critérios técnicos, a fruta, que é ingrediente desse ano, aquele que é obrigatório em todos os pratos, só está aparecendo para ornar e não se faz presente, em questão de sabor, em nenhum dos pratos que provei até agora. O Cachambeer serve junto com o cupim, algumas tiras de pêssego e só, elas não acrescentam nada e só foram notadas porque procuramos pelo elemento fruta do prato.

A tal farofa de cuscuz marroquino, sozinha, passaria vergonha, pois não tem sabor, é mais uma farofa sem graça como tantas outras que se vê por aí. E olha que ela ainda tem pedaços, minúsculos, de bacon.

deu cupim 3

Por sorte o conjunto da obra faz a diferença, o petisco é excelente e em minha opinião um fortíssimo candidato ao titulo esse ano.

Comida di Buteco 2015 – Rio Antigo – Espetinho Cubano

espetinho cubano

Aí vi vantagem. Filé mignon perfeito, macio e tenro. Ambiente aconchegante, bom atendimento, cerveja gelada e um clima perfeito para um começo de tarde de domingo. O Rio Antigo era um bar que eu não conhecia e gostei muito. Bem localizado, em relação ao imóvel, com espaço externo e boa decoração.

Falando do principal, o petisco, eles acertaram em quase tudo, mas pecaram naquilo que matou o prato. Excesso de queijo. Os sabores tem que se harmonizar, um sabor não pode se sobrepor aos outros sabores e o queijo acabou com tudo o que tinha no espetinho.

espetinho cubano 2

O tal espeto era composto de um cubo de filé mignon e um pedaço de banana, empanados com queijo provolone, mas eles usaram tanto queijo que você não sentia o gosto da banana e nem do filé. Um pecado. Eu gostei da apresentação e até do insosso molho picante, que nada mais é que uma maionese sem graça, que quando junto do espetinho não aparecia por causa do queijo.

Uma olhada rápida no cardápio me mostrou que o provolone é prata da casa, pois vi vários pratos com ele e já imagino que ele é a estrela, negativa, da maioria deles, mascarando todos os outros ingredientes. O petisco deve permanecer na casa, pois não é ruim em si, mas acho que a quantidade de queijo usada para empanar deve ser repensada.

Comida di Buteco 2015 – Angu do Gomes – Tilouco

Tilouco

O Angu do Gomes já foi melhor, mas de uns anos para cá tem caído na mesmice e por isso mesmo, já não figura mais na minha lista de bares que tenho que visitar nas edições do Comida di Buteco. Ano passado eu não fui e esse ano, caso não tivesse ido, não teria me arrependido.

O petisco deles é de uma mesmice que não tem tamanho. Tiras generosas de Tilápia, empanadas em uma farinha com coco, fritas e servidas com um molho de açaí. Muita gente vai dizer que não se vê Tilápia nos cardápios por aí, ainda mais empanada com coco e acompanhada de molho de açaí. Ok, o molho pode ser inovador, a farinha que empana também, até o peixe pode ser considerado, mas nada disso impediu o petisco de se parecer com todos os outros empanados de peixe que comemos por aí.

tilouco2

O molho de açaí não tem sabor de nada, tanto faz ou tanto fez, e eu achei bem melhor comer sem ele. O peixe vem frito a perfeição e você até sente o gosto do coco presente, mas fica nisso, não é aquela coisa que te arrebata, não tem emoção. É um peixe frito e pronto, mais do mesmo.

O bar continua lotado, a cerveja vem no ponto, a carta de cachaças é a boa de sempre e o atendimento deixa um pouco a desejar quando lota. Recomendo veementemente a visita, mas sem expectativas com relação ao prato concorrente desse ano. Peça um angu, o tradicional, e seja feliz.

quinta-feira, abril 09, 2015

Construção 2

construcao 2

- Estou te falando, comprei barato.

- Barato até demais. Dez mil naquele apartamento?

- É isso mesmo, parece loucura e nem eu acreditei.

- Cara é um apartamento duplex de quatro quartos, duas suítes, duas salas, dois banheiros e não sei mais o que. Como isso tudo pode ter custado apenas dez mil?

- E eu vou saber, pergunta para o vendedor. Comprei porque estava barato e você agora está com inveja porque a sorte não lhe sorriu.

- Inveja não, dúvida. Não tem lógica um apartamento desses por apenas dez mil, tem alguma coisa muito errada nisso e você precisa ver.

- Preciso nada. O que você quer é melar o meu negócio para poder ficar com ele. Não sabia que estava cercado de pessoas invejosas. Bem que me avisaram, mas eu confiei em você e agora a mascara caiu.

- Mascara? Você está maluco!

- Maluco só porque vou morar em um apartamento lindo? Meu Deus, como a inveja e o despeito transformam as pessoas.

- Já se deu conta de que este apartamento nem existe ainda, a construção só começa em 2014 e o terreno onde ele será, hoje é o maracanã?

Na hora H 2

na hora h 2

- Vai, isso, coloca tudo... Assim, gostoso, vai...

- Não dá, você me desconcentrou!

- O que?

- É porra, fica parecendo flanelinha manobrando carro e eu odeio essa merda!

- Peraí, nós estamos na cama transando e não estacionando carro, o que você está falando?

- Você ficou me guiando e eu perdi a vontade. Não gosto que fiquem me dizendo o que eu tenho que fazer.

- Desde quando você virou fresco que eu não sei? Os flanelinhas que você encontra falam assim com você? Onde você anda indo?

- Uma insensível mesmo, por isso que não vai dar certo, como posso ter clima para transar com todas essas cobranças em cima de mim.

- Deixa de frescura e vamos logo ao que interessa!

- Não, para mim chega! Não sou esses vagabundos que você pega na rua, usa, abusa e depois joga fora. Tenho sentimentos!

Elevador 2

elevador 2

- Sobe!
- Desce!
- Esse aqui está subindo!
- Mas eu estou descendo. Quinto por favor!
- Meu senhor, este elevador está subindo, o quinto andar fica logo abaixo do sexto andar, que é onde nós estamos.
- O senhor além de ascensorista, ainda é abusado. Já lhe disse que quero ir para o quinto andar e como estamos no sexto andar, o elevador tem que descer e não subir.

- Esse elevador está subindo, se o senhor quiser, vamos até o vigésimo primeiro e de lá o senhor volta para o quinto.

- E eu vou ter que esperar você subir até o vigésimo primeiro, ir parando de andar em andar, só para me sacanear, para depois voltar para quinto? Nada disso! Já estamos no sexto, é mais fácil você descer e depois subir de novo.

- Senhor, é apenas um lance de escada. Você desce de escada, chega ao quinto, fica feliz e deixa eu seguir minha viagem.

- Isso é um absurdo! Agora eu tenho que ir de escada porque você não quer fazer o seu trabalho, para o qual é pago, e muito bem! Vou me queixar ao sindico e você vai para o quinto, mas é para o quinto dos infernos!

Laço de fita

laco de fita

- Dez reais não paga nem a fita que usei para embrulhar o presente. A fita, de seda, foi coisa de cinqüenta e lá se vão reais.
- Porra! Mais de cinqüenta reais em uma fita de merda para embrulhar um presente?
- Olha lá como fala da minha fita, eu não compro porcaria. Um presente como o meu, caro, fino, chique e de garbo, não pode ser embrulhado com uma fita qualquer.
- Nas Lojas Americanas tem papel de presente de um e noventa e nove, não precisava de toda essa frescura por causa de um presente.
- Quando for o seu presente, pode deixar que eu vou lá e compro um papel de um e noventa e nove e embrulho bem bonito para você.
- O que não entendo é que essa fita de mais de cinqüenta reais, foi mais cara do que esse chaveirinho vagabundo do Botafogo que você comprou por três e noventa no vendedor ambulante.

Dor de cabeça

dor de cabeca

- Sem pão na padaria só me resta ir a farmácia comprar remédio para dor de cabeça.
- E o que tem haver a falta de pão com dor de cabeça?
- O que tem haver? Você não sabe? Mora comigo desde que estávamos no quinto período da faculdade e até hoje não sabe o que tem haver a falta de pão com a dor de cabeça?
- Não, não sei!
- Pois bem, eu também não sei, mas vou à farmácia assim mesmo!

Na hora H

na hora h

− Mais fundo. Vai, vai, isso, isso, assim... Não para.

− Está gostando né safadinha...

− Para. Agora para tudo. Você sabe que eu não gosto quando você me chama de safadinha, fica parecendo que sou aquelas garotinhas.

− Desculpa amor foi sem querer. Deixa eu te levar a lua que você esquece isso. Vem cá, vem, vamos continuar.

− Não dá Carlos Alberto você cortou o clima. Agora perdi o tesão.

− Porra! Só porque te chamei de safadinha você perdeu o tesão e vai me deixar na mão?

− Até que você não é ruim de rima não Carlos Alberto. Gostei, tesão rimou com mão.

− Maria Eduarda não muda de assunto. Estávamos no meio de um sexo gostoso e você agora quer falar de rima. Faça-me o favor...

− Está vendo como você não é nem um pouco romântico Carlos Alberto. “Sexo gostoso”? É assim que você se refere ao nosso ato de amor? Como pude me apaixonar por você.

− Não acredito! Errei quando te chamei de safadinha, mas já me desculpei. Ai você veio com um papo de rima e agora está querendo dizer que sou um canalha apenas porque falei que estávamos fazendo sexo e que estava gostoso. Maria Eduarda às vezes você me tira do sério.

− Foi mal amor acho que desconectei, perdi o foco. Vamos continuar de onde paramos. Vem meu garanhão, me possui. Usa e abusa de mim.

− Assim que eu gosto... Vou acabar com você. Deixa eu te mostrar o que é bom. Vem cá minha gostosa!

− Para. Agora para tudo. Você sabe que eu não gosto quando você me chama de gostosa, fica parecendo que sou aquelas guloseimas...

Construção

construcao

− Confia em mim.

− Você é engenheiro por acaso?

− E precisa?

− Porra, como não? Você está construindo uma casa sozinho, nunca fez nada parecido e ainda me pergunta se precisa ser engenheiro para isso.

− Pedreiros não fazem curso de engenharia e pensando bem, nem curso algum, e mesmo assim constroem uma casa. Porque eu não posso construir a minha?

− Você não é pedreiro. Nunca foi nem ajudante de pedreiro. Você sabe o que é cimento porque o cara da loja te deu o produto certo. Está entendendo a gravidade da situação?

− Estou entendendo que você agora deu para ter ataques de histerismo.

− Onde estou? Quem sou eu? O que fiz a Deus para merecer tudo isso?

− Além de histérico agora deu para fazer perguntas ao vento. Você precisa urgentemente se tratar rapaz, isso está ficando sério.

− Vou me acalmar... Vamos começar tudo de novo. Você não é engenheiro, pedreiro, mestre de obras, ajudante de pedreiro ou qualquer coisa que tenha o mínimo de noção de como se constrói uma casa, prédio ou qualquer outro tipo de edificação. Ok?

Você nunca fez curso algum sobre o assunto, não leu nenhum livro, não viu vídeos explicativos no Youtube, não participa de nenhuma comunidade de obras no Orkut, não segue o Marcelo Rosenbaum no Twitter e, portanto, diante de todos esses fatos não tem como construir uma casa, ainda mais uma desse tamanho. Deu para compreender agora?

− Sim. Compreendi e acho que você tem certa razão, mas agora que só falta colocar piso no quarto andar, vou terminar assim mesmo.

Saindo da sala e entrando na cozinha, podemos observar como os fatos que antecedem os atos, são distorcidos pelo bom gosto geral.

Elevador

elevador

− Qüinquagésimo quarto, por favor.

− Senhor sinto informá-lo de que este prédio dispõe apenas de trinta e um andares distribuídos entre dez pavimentos distintos, separados por seções em comum com o bloco da ala sul na extremidade norte.

− Muito obrigado senhor barsa ilustrada, mas apenas desejo ir para o qüinquagésimo quarto andar e não estou nem um pouco interessado na subdivisão do prédio.

− Ironias não vão levá-lo a andar algum senhor. Já tentei lhe dizer, de forma educada, que este prédio possui apenas trinta e um andares distribuídos entre dez pavimentos distintos, separados por seções em comum com o bloco da ala sul na extremidade norte. Pelo visto terei de ser mais enfático para que o senhor entenda.

− Caro motorista, piloto, condutor de elevador ou você prefere a palavra ascensorista? Não estou aqui para comprar o prédio, não pretendo fazer nenhuma reforma no mesmo e nem sou tarado por números e estatísticas, portanto apenas me leve para o qüinquagésimo quarto andar, por favor.

− Gostaria muito de ajudá-lo, mas aqui não é uma clinica psiquiátrica e muito menos temos convenio com alguma. Não posso levá-lo a um andar que não existe no prédio, pois este prédio foi construído apenas com trinta e um andares distribuídos entre dez pavimentos distintos, separados por seções em comum com o bloco da ala sul na extremidade norte.

− Entendi porra! Você não quer me levar à porcaria do qüinquagésimo quarto andar, prefere ficar repetindo essa merda de descrição detalhada do prédio tal e qual um gravador, então fique. Vou de escada e chego mais rápido.

Alguns lances de escada depois da meia noite, no meio da cidade e próximo a rodovia, é que as coisas acontecem.

Te conheço

te conheco

− Lhe conheço de algum lugar, você trabalha aqui?

− Sim e pelo visto você também.

− Como esses corredores são pequenos. Uma empresa tão grande como essa e nos encontrarmos logo aqui, no terceiro piso C ao lado da administração central.

− Está aqui há quanto tempo?

− Cinco anos e você?

− Sete anos e meio, mas não pretendo completar oito, acho que passei para aquele concurso publico.

− Faz bem. Essa empresa é uma mãe para gente, mas temos de mudar de ares de quando em vez.

− Agora tenho de ir senão meu chefe me pega aqui. Foi bom te reencontrar... Qual é mesmo o seu nome?

− Almeida. E o seu?

− Barbosa.

− Foi um prazer Barbosa. Até mais ver.

De um encontro casual no corredor da empresa a um encontro informal em qualquer outro lugar. Sempre assim, de repente, sem motivo aparente.

Cotidiano

cotidiano

Café na cama. Novos pijamas. Camisas passadas. Casa errada.

Almoço diferente. Terno limpo. Calças curtas. Momento errado.

Beijo molhado. Abraço. Carinho.

Boas risadas. Roupa molhada. Chuveiro ligado. Luz acesa.

Nossos corpos um sobre o outro, você e eu, eu e você.

O café na cama a nossa espera, os pijamas novos, as camisas passadas com esmero e a casa que não é nossa.

Bife ao invés de frango, um almoço diferente. O terno limpo no armário, as calças curtas demais e o momento errado para se preparar para aquele jantar.

O nosso beijo molhado e quente, aquele abraço bem apertado e o carinho que temos um pelo outro.

As boas e grandes risadas que damos ao amanhecer, quando despertamos nossas loucuras, nossas bobeiras. A roupa ainda molhada do mergulho na piscina, o chuveiro ainda ligado e a luz acesa na sala.

Abismo

abismo

Em muitos momentos eu canso de correr atrás, de buscar respostas, de tentar compreender as perguntas, de ter que ser quem nunca desejei. Por mais humano que eu seja, em diversos períodos de tempo eu desejo muito ser algum tipo de robô, sem sentimentos, apenas metal e engrenagens. Os sentimentos não são ruins, mas são dolorosos. Fazer de conta que nada aconteceu quando se quer explodir, sorrir quando se quer chorar, calar quando se quer gritar.

Por dentro a dor é tanta, tamanha, que parece que não vai ser possível continuar. Por fora a aparência não condiz com o que se passa no fundo do peito. O sangue ainda corre nas veias, os olhos ainda brilham, os lábios dizem as palavras certas no momento errado e tudo o que importa não faz nenhum sentido.

Cadeiras no meio da sala esperam por um corpo, talvez o meu, talvez o de alguém nunca virá. O espaço entre o que sinto e o que realmente demonstro, é um abismo de onde não consigo sair.

Começo, meio e fim

comeco meio e fim

Ela não acreditava em duendes, mas tinha a esperança de que seu dia chegaria. Ela não sonhava com o extraordinário, mas não queria apenas o que lhe dessem, pois almejava algo maior. Ela fazia planos, vestia panos, folheava livros, comia doces e estava pronta para o próximo passo. Liberdade ainda que tardia.

Saiu de casa aos vinte e sete anos. Morou na Augusta, passou pela Paulista e parou na Penha. Perdizes, Itaim, Mooca e Brás. Andou de trem, sofreu no lotação e sorriu quando a carta saiu e pode finalmente comprar um carro. Andou a pé, correu até não poder mais para não perder a hora, fez bobagens e muitas viagens.

Namorou com o Igor, casou-se com o Marcelo, mas só foi feliz quando conheceu o Paulo. Um coração partido, boas lembranças e uma vontade, amar, mesmo que não correspondida. Para ela sexo era importante demais em uma relação, mas não tanto quanto o sentimento.

O fim nunca a assustou, nem impressionou. Ela sabia que mais dia menos dia, teria de partir e deixar para trás toda uma vida plena de emoções. E foi isso o que ela fez em nove de abril de mil novecentos e noventa e três.

Gente que conhece gente que conhece gente que conhece gente

gente que conhece gente

Um grande amigo me disse em um dos “eventos” que ele promovia, que o motivo da realização dos mesmos, era porque ela acreditava em gente que conhece gente. Apenas isso, pessoas se conhecendo, fazendo amizade, descobrindo novos rostos e novas histórias. Nenhum segredo na coisa, apenas pessoas interagindo, isso era o que importava, era o principal motivo para a realização dos “eventos”.

Como é bom saber que ele estava certo e que isso funciona. As pessoas se conhecem, conversam, trocam experiências e seguem. Algumas demoram, outras vão mais rápido e no fim todos participam da grande roda.

Executivos conhecem hippies, ecologistas conhecem vegetarianos, meninas conhecem outras meninas, jovens interagem com mais velhos, tímidos conversam animadamente e vão surgindo novos “eventos” onde mais combinações vão acontecer. Dessas combinações surgirão amizades duradouras, romances passageiros, casamentos, viagens e o mais importante, gente que conhece gente que conhece gente que conhece gente.

Dupla de dois

dupla de dois

- Do que você está rindo? De mim?
- Não, de nós.
- De nós? Por acaso viramos palhaços agora?
- Não, mas formamos uma bela dupla de dois.
- Sim, isso sim, mas não existe dupla de mais de dois.
- Exato, somos uma excelente dupla de dois. Não diria perfeita, mas uma dupla bem original.
- É, mas porque isso agora?
- Porque percebi que a vida é isso, os momentos alegres e divertidos que passamos ao lado das pessoas que consideramos especiais. Não tem essa coisa de dinheiro, carro, viagens e outras bobagens. O que realmente importa é o que vamos levar para sempre, as risadas sinceras, os abraços calorosos e a certeza de que deixamos o sentimento fluir.

quarta-feira, abril 08, 2015

Motivos

motivos

Você vai ser um cara como eu de verdade e vai andar por toda a cidade sem se preocupar.

Você vai ter motivos para amar de verdade e mesmo sob a tempestade ainda sorrir.

Você vai ver que tudo tem motivo e razão, mesmo que não tenha explicação, você vai entender.

Inconsistente de tudo o que ainda não existe, pensando em ser alegre e não triste, sonhando com o mar. Alma serena, pois tudo o que é viver vale a pena, não importa se janeiro ou dezembro, se cedo ou tarde demais, o importante é ter paz.

Direto ao ponto 3

direto ao ponto

Patavinas que não entendi nada vezes nada de tudo aquilo que você me explicou e ainda tenho algumas duvidas a respeito do que possivelmente você vai me dizer mais tarde. Sabe aquele sol bonito lá fora? Então, ele está assim porque também, com certeza, não entendeu a sua prosa e nem conseguiu decifrar o enredo da história toda.

Você veio com esse papo furado, falou montes, horas a fio sem parar e não disse nada. Olhou-me os olhos como quem olha a presa prestes a ser abatida, torceu por dentro, muito, eu sei, para que eu caísse no seu conto, mas não funcionou. Vai ter que fazer melhor, vai ter que ser bem mais claro e preciso. Sugestão para evitarmos a perda de tempo, seja direto!

Isso, ao ponto! Não o da carne, que gosto mal passada, mas o do dialogo, que foi apenas um monologo. Vá em linha reta, poupe-me das firulas e das figuras de linguagem, abrevie o drama e acho que o entendimento será satisfatório. Tudo bem tentar ser cordial, cavalheiro e sincero. Gostei de toda a preparação, o lance das flores, os chocolates e o vinho, mas na maioria dos casos menos é mais.

Falar que não estamos em Barretos acho que soa menos agressivo do que dizer que não sou uma égua a ser domada, portanto, se quer ficar comigo, não precisa de rodeios. Não sou fácil como muitas e nem difícil como as hipócritas. Tenha atitude e diga com todas as letras o que deseja, porque enrolar demais só vai te levar para bem longe de mim.

O que há entre nós

o que ha entre nos

- Trato feito e não mais desfeito!
- Não há tratos no amor.
- Vai dizer que há apenas aquilo que o coração mandar?
- Não serei tão piegas.
- Então o que há entre nós?
- Tudo, nada e exatamente aquilo que permitirmos. Sem medos, sem culpas, sem rótulos, sem convenções, regras e muito menos cobranças. Você é livre para ir e voltar se achar que vale a pena, assim como eu sou livre para ficar e para ir quando achar que não vale mais a pena.

terça-feira, abril 07, 2015

Tentativa e erro

tentativa e erro

Sempre quis beijar a sua boca, passar a noite inteira com você e quem sabe até acordar em seus lençóis. Sempre quis inventar as rimas, fazer meus versos com o seu sorriso e combinar o seu olhar com o meu. Sempre quis tudo ao mesmo tempo, mas agora eu só quero você. Não preciso de mais nada.

Não beijei a sua boca, não passei a noite inteira com você e muito menos acordei em seus lençóis. Não inventei as rimas, não fiz meus versos com o seu sorriso e o seu olhar não combinou com o meu. Quis fazer tudo ao mesmo tempo, quis você e não tive nada.

O naufrágio tende a ser inevitável quando se navega em aguas turbulentas. O fim é doloroso quando o começo é simples demais, quando tudo acontece sem cuidado, sem vontade.

Sempre quis, não fiz. Não tentei, portanto, não perdi o que nunca tive.

segunda-feira, abril 06, 2015

O que me basta

o que me basta

Quis escrever alguma coisa sobre nós, não consegui, mas não desisti. Quis escrever algo que me lembrasse do quanto foi bom, mas as lembranças teimam em ficar na mente, não querem ser transposta para o papel. Quis anunciar pro mundo inteiro ouvir que o nosso amor não vai morrer, perdi a voz e me calei diante da incerteza.

Tentei fazer de tudo para não chorar, tentei até deixar de lado o que passou, mas foi inútil insistir, tentar sorrir. Tentei colorir o céu, mudar o foco, o tom, o ritmo, a estrutura. Tentei o que pude e o que não pude, arrisquei perder o que não tinha e ganhar o que não se pode ter. Arrisquei mais do que imaginei e menos do que desejei. Sonhei.

Hoje a incerteza do que já não mais existe é o que me faz acreditar que em algum lugar, você ainda está a esperar por mim, que não vou chegar. E nesse lugar, onde você está a me esperar, é que encontrarei o que procuro, não o essencial, mas sim o que me basta para ser feliz.

 

Contos e encantos Copyright © 2007 - |- Template created by O Pregador - |- Powered by Blogger Templates