domingo, fevereiro 21, 2016

Hoje é dia de sorrir

hoje e dia de sorrir

Você quer falar de amor comigo. Você quer vivenciar o que eu digo, mas ao mesmo tempo não quer correr perigo. Será que você quer exatamente o que eu quero?

Você quer vivenciar de tudo, ter novas experiências, mas a vivencia não se adquire assim. Você não sabe, mas está caminhando do lado errado, do modo errado e com as pessoas erradas. Você ignora fatos, você não resiste ao meu passado, me persegue e esquece, que não sou seu brinquedo.

Você tem medo dos meus segredos e eu tenho desejo de te descobrir, mas você foge de mim. Porque age assim?

Vários meses eu passei esperando te encontrar e agora que achei quero continuar a procurar, não por você, mas por mim. Quando pensei que lhe encontrei me perdi de mim e já não sei se é tão legal viver assim. Preciso de tempo, preciso de ar, preciso de algo que me faça voltar a sonhar.

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sábado, fevereiro 20, 2016

A morte e um balde de pipocas 3

a morte e um balde de pipocas 3

Morreu porque sempre foi frouxo. Bicho sem sangue, sem alma e sem coração. Morreu porque tinha mesmo que morrer.

O fato é que a historia começou quando decidi escrever este texto e não tinha a menor noção do que ia escrever. Abri o editor de texto, comecei a digitar e pronto. No final das contas até que não ficou tão ruim.

Morreu porque sempre foi frouxo... Eu já digitei isso, acho que sim...

É isso, tenho que parar de digitar coisas aleatórias e me concentrar em um ponto especifico. Que tal na morte?

Vou me concentrar no cara frouxo que morreu porque não quis viver. Morreu porque simplesmente preferiu deixar a vida leva-lo ao invés de fazer suas escolhas. Ele não era uma má pessoa e isso também o ajudou a morrer mais rápido. Pessoas boas ou más, ambas morrem igualmente, sem distinção, até porque não existem pessoas boas ou más, existem apenas pessoas e cada uma é do jeito que é.

Há muitas questões a serem respondidas por alguém que neste momento está pensando sobre a vida, sobre o que está lendo e sobre suas escolhas. A morte é só uma fase dentre tantas outras pelas quais passamos durante o período em que habitamos esse mundo. O medo é compreensível, mas deve ser evitado.

Em algum momento, em um dia qualquer, alguém vai perceber o real sentido da coisa toda e nesse dia, esse alguém, vai compreender o quão importante é não se limitar por seus medos.

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sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Viviane 3

viviane 3

Pequenos, bem pequenos, fragmentos, micro fragmentos e só. Isso tudo das coisas se bastarem, do tempo não passar, do ano não acabar e da vida continuar é o que nos move em direção as coisas que não conhecemos, mas imaginamos dominar. Não temos controle sobre os sentimentos e nem devemos ter, pois é essa falta de controle que nos torna verdadeiros. Uns são verdadeiros na hora da raiva, outros na hora da dor, mas de uma forma ou de outra todos acabam sendo verdadeiros quando os sentimentos afloram.

Pensar na vida nunca foi meu forte, nunca me vi perdida em sonhos e elucubrações a cerca do nada. Prefiro deixar acontecer, ver passar e se der ir junto. Surfista, carroceira, aproveitadora e o que mais couber, pode falar, eu não ligo, sou assim. Quem muda com o tempo são as marés, fico na mesma para não cansar a minha beleza e a dos outros. Esse papo de quem sempre dá é história para enganar trouxa e não estou mais na idade de ser enganada.

Faz muito bem quem se alimenta do que pode consumir e não quem corre como um louco atrás de algo que é sabido que não vai conseguir. Caso consiga, o que pode acontecer, vai sofrer a ponto de não aproveitar o grande momento e aí do que adiantou todo o esforço? De nada. Isso de ter o prazer de esfregar na cara dos outros que chegou lá é típico dos derrotados de plantão, aqueles que sabem que não vão manter a posição. A minha é muito outra, estou de boa com meus senões e nem tenho muitos porquês, só quero o que der com um pouco de tempero para não ficar sem graça.

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quinta-feira, fevereiro 18, 2016

Vanessa 3

viviane 3

- Dou para quem eu quiser e pronto! Vai encher a porra do saco de outra!
- Mas Van...

Tá bom que vai tirar onda com a Vanessa. Está para nascer homem que vai mandar nessa mulher. Você não vai vê-la chorando por ai, não vai vê-la se lamentando, não vai vê-la esperando uma oportunidade, porque ela não é esse tipo de mulher.

Vanessa sempre fez o que quis e sempre pode o que quis. Estudou economia, mudou para jornalismo e acabou engenheira. Passou um tempo dando consultoria em um escritório de renome até que cansou e foi dar aulas em uma faculdade. Ficou dois anos naquele esquema de aplicar provas e torturar jovens universitários. Reprovou tantos quanto pode e sempre fez questão de deixar claro que eles teriam que se esforçar em dobro para chegarem à média.

Quando foi chamada por uma grande construtora resolveu que era hora de voltar às obras e mudou-se de mala e cuia para a Espanha. Construiu um museu, um restaurante e um condomínio de casas. Conheceu o Pablo, começou a namorar, passou a sair também com o Afonso e de quando em vez com o Juan. O trio amoroso durou até o Juan descobrir e dar uma surra no Pablo, fazendo com que ela desse exclusividade ao Afonso.

Veio o inverno ela se entediou, voltou para o Brasil, o Afonso quis vir junto e ela disse que no Brasil as coisas seriam diferentes, ele não seria mais exclusivo. Foi aí que ele resolveu mostrar o seu lado macho e conheceu a Vanessa com quem ele dormia todos os dias.

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quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Suzana 3

suzana 3

Fitinesses, fit, light, essa coisa de geração saúde. Eu sigo isso aí, estou nessa vibe. Todos os dias na academia suando e pegando pesado, não tão pesado assim, mas pegando. O personal, Carlinhos, diz que estou com o shape quase no esquema e que mais uns quilos a menos chego ao ápice. O foda dessa historia é que não topo frango com batata doce e muito menos esse lance de arroz integral, tomate cereja, suco detox. É tanta frescura que chega a dar enjoo só de ver aquele bando de marmanjo levando marmita com ovo cozido para a academia.

Sou da turma do Chopp nos finais de semana, do café da manhã com bacon e ovos e da boa feijoada das sextas feiras. Já gasto uma grana com a mensalidade da academia, perco uma hora ou mais todo dia suando naqueles aparelhos e ainda vou ter que comer coisa dessas. Sai de mim assombração.

Ficar bonita eu quero e até já sou, mas acho que o povo se tortura demais por isso, se machuca demais por um corpo esbelto. Tudo tem que ser com calma senão não encaixa, não entra, não orna, não faz bem. Meu nome mesmo, mamãe e papai tiveram a sabedoria de não alongar, de não encher de sobrenome e ficou só Suzana Alencar. Simples e direto como a vida tem que ser.

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terça-feira, fevereiro 16, 2016

Simone 3

simone 3

Simone sonha que é bonito.

Simone pensa que está no paraíso.

Simone quer um mundo melhor.

Simone quer paz.

Ela não pensa que o bonito pode não ser tão bonito assim. Ela não sabe o que é o paraíso. Ela quer um mundo melhor para ela, só para ela. Ela quer paz a qualquer preço, não importa qual.

Simone é uma mulher simples que deseja coisas, que pensa alto demais e que tem alguém para caminhar ao seu lado.

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segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Renata 3

renata 3

- E com vocês, Renata bole bole!
- Mattos, é Mattos e não bole bole.
- Ok minha filha, mas isso aqui é um programa de tv e no meu programa você é a Renata bole bole.
- Não, eu me chamo Renata Mattos, com dois t’s, por favor.
- Produção!

- Menina presta a atenção em uma coisa, mas presta bem a atenção porque não vou repetir. Aqui estamos na Tv e na tv as pessoas não são o que são, você é um personagem, uma representação e por isso, pode e vai ter o nome que acharmos melhor. Você pode se chamar Mattos, Almeida, Cunha, Souza ou Silva, mas se te chamarmos de bole bole, gracinha, boazuda, guti guti, você vai se chamar assim e pronto.
- Não, meu nome é Renata Mattos e não vou ser chamada de bole bole, gracinha, boazuda, guti guti ou sei lá o que.
- Então você não está disposta a participar.
- Vocês é que não querem que eu participe.
- Legal, pode trocar de roupa, pegar suas coisas e ir embora, para você o show acabou senhorita Mattos, com dois t’s.

Programa de Tv uma ova, eles querem é mulher bonita em cima de um palco rebolando a bunda. Eu não sou dessas, eu sou uma Mattos. Minha família tem nome, todos advogados de prestigio. Escolhi não seguir a carreira da família para virar atriz e é isso que me acontece, vê se pode.

Passei na OAB, sou advogada formada e registrada, mas nunca quis ficar dentro de um tribunal aturando juiz metido a besta e advogadinho carente que acha que pode te conquistar com palavras difíceis. A maioria nem sabe o significado de metade das coisas que fala, mas acha bonito e por isso repete como se fosse um mantra. O juiz com aquela cara de babaca fica ali olhando como se fosse um ser supremo, a vitima faz-se de indefesa e o circo está armado.

Entre essa baboseira toda e as encenações das novelas eu fico com as novelas. Só acho justo e digno que me chamem pelo meu nome e não por um apelido qualquer.

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domingo, fevereiro 14, 2016

Milena 3

milena 3

Mosca na sopa de abobora com gorgonzola é o fim da picada. Mosca em qualquer tipo de prato, sopa, carne e o que mais, é o fim da picada. Milena era desleixada e só foi promovida a chef porque cozinhava como ninguém, tinha mãos treinadas para temperar na medida certa e dar sabor até a um pedaço de tijolo. O que ela fazia ninguém conseguia reproduzir. Ganhou um concurso culinário com uma folha de repolho. Todo mundo fazendo pratos “gourmet” e ela só temperou uma folha de repolho, cortou em quatro e serviu com umas gotas de azeite.

Fez estágio nos maiores restaurantes do país até abrir o seu próprio espaço, um restaurante contemporâneo de pratos simples com o máximo de sabor. A tal folha de repolho do concurso era um dos pratos e custava míseros oitenta e quatro reais. Míseros porque os outros pratos eram bem mais caros, passavam dos dois dígitos. O bacalhau custava duzentos e quinze reais. O risoto de cogumelos frescos cento e trinta e três reais. O corte de costela quatrocentos e cinco. Tirando o couvert que saía por cinquenta e oito reais e oitenta centavos para uma pessoa, a folha de repolho era o prato mais barato.

Mesmo com preços acima da média todas as mesas estavam reservadas até junho deste ano e ainda estariam se não fosse a mosca na sopa de abobora com gorgonzola. Um cliente com muita falta de sorte achou a tal mosca, reclamou, ouviu que a mesma fazia parte do prato, não gostou, chamou a chef, foi destratado por ela, sacou uma pistola, disferiu dois disparos e pronto. Milena caiu ao solo segurando uma colher de pau. Um tiro pegou na cabeça e o outro acertou o braço direito.

Milena morreu, o restaurante fechou e tudo o mais se acabou. Quem comeu a folha de repolho garante não haver nada igual e quem não comeu lamenta não ter mais a chance de comer.

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sábado, fevereiro 13, 2016

Mariana 4

mariana 4

O entregador de sonhos não veio mais e Mariana parou de sonhar. O entregador de sorrisos abandonou a função e Mariana parou de sorrir. Quando ela se perdeu ninguém sabe, mas ela nunca mais se encontrou. O lobo mau sempre a espreita, o bicho papão que não dá trégua e toda a sorte de perigos sempre foram constantes em sua vida. Mariana nunca foi de chorar, de deixar que a tristeza fizesse morada, mas de repente aconteceu que não teve jeito.

Girassóis azuis enfeitam o jardim em tempo integral quase que da mesma maneira que Mariana fazia quando reluzia. O passado duro ficou para trás, o futuro desconhecido nunca a incomodou, mas o presente de uma hora para outra ficou cinza. Em um piscar de olhos, verdes, tudo mudou.

Mariana entrou em depressão, saiu da depressão, surtou, foi internada, liberada, curada e novamente entrou em depressão. O ciclo virou rotina, os remédios controlados sua ruína e toda a sua beleza foi desaparecendo lentamente enquanto a chuva caía. Mariana hoje é só mais uma mulher como tantas outras perdida em pensamentos desconexos a respeito do nada, vive agitada em seus pesadelos matinais e não pensa em outra coisa que não seja a hora do próximo comprimido.

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sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Maria 3

maria 3

Nasci prematura, uma barra. Minha mãe nunca suportou muito essa coisa toda, sempre teve um pé atrás com o meu desenvolvimento. Os médicos a tranquilizaram com relação a tudo, mas ela até hoje acha que sou diferente e quando fiz quinze anos decidiu que eu havia morrido. Sim, ela achou que deixei de viver, que parei no tempo, que não evolui. Ela se auto intitula uma pensadora dos tempos modernos, uma visionária.

Assim que pude, com dezessete anos sai de casa e fui morar com meu pai. Ele não aguentou a barra de ficar com ela e largou tudo quando eu tinha sete anos. Na época não entendi muito bem. Eu já achava que a dona Elisabeth era maluca, mas não tinha a noção do quanto e, portanto, pensava que ele estava sendo dramático demais. Depois que ganhei entendimento é que dei razão a ele e aos quinze anos me fechei, fiquei focada nos estudos e batalhei para sair de casa o quanto antes.

Parei de ir a festas, deixei de ver minhas amigas, passei a ir de casa para a escola e da escola para casa. Aos dezessete assim que entrei para a faculdade de direito pedi asilo ao meu pai e me mandei. Ele só me disse assim: “Maria e a sua mãe? Quem vai cuidar dela?”

Falei para ele não se preocupar, afinal agora ela era uma pensadora, uma mulher que conhecia os mistérios ocultos entre o céu e a terra e por isso não precisava da ajuda de ninguém.

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quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Fernanda 3

fernanda 3

- Quarenta reais por um pedaço de pão com uma carne vagabunda dentro? Você só pode estar de sacanagem comigo!
- A senhora não é obrigada a escolher este prato, nosso menu tem diversas outras opções que podem ser de seu agrado. Temos pratos vegetarianos, light, massas e saladas.
- Não tem jeito vocês não podem ver uma mulher que acham que somos frágeis, que estamos sempre de dieta, que só comemos folhas e coisas light. Eu sou mulher, gosto de uma boa picanha mal passada. E não me venha com piadas de duplo sentido e muito menos com o seu cardápio variado de coisas sem graça e caras.
- Senhora em nenhum momento quis ser indelicado.
- Mas foi quando veio me cobrar quarenta reais por um pedaço de pão com uma carne vagabunda.
- Esse é apenas um dos itens do nosso menu e um dos mais pedidos.
- Mais pedido por quem? O pessoal do hospício come aqui?
- Senhora nosso menu esta a sua disposição, eu estou a sua disposição, nosso gerente pode ser acionado a qualquer momento, mas tenho que atender outras mesas enquanto se decide.
- Já me decidi, vou embora comer qualquer porcaria na esquina, que de certo não me custara quarenta reais e nem será um pedaço de pão com uma carne vagabunda.

- Matias!
- Sim senhor.
- A Fernanda esteve aqui?
- A senhora Fernanda veio sim.
- E aí, como foi dessa vez?
- Igual a todas as outras. Olhou o cardápio, reclamou do preço do sanduiche de filé, fez algumas observações desnecessárias, levantou e saiu.
- Porque ela sempre faz isso? Acho que é uma forma de se sentir bem. Ela é a dona desse restaurante, sabe quanto custa cada prato e mesmo assim vem aqui só para fazer cena.
- Realmente intrigante senhor.
- Obrigado Matias. Quando eu chegar em casa converso com ela mais uma vez e vejo se ela não parou de tomar os remédios.

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quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Ester 3

ester 3

Está para nascer um sorriso tão lindo quanto o dela e isso não é um elogio barato. Ester sempre sorriu de forma magistral, sempre fez do seu sorriso um evento. Esqueça a coisa dos dentes brancos, do encaixe perfeito e outras bobagens, pense apenas um sorriso mais bonito do que os de comercial de creme dental.

Ester não é modelo de beleza, não é rainha das passarelas, mas tem um puta sorriso e na sua família não tem nenhum dentista. Sorriso é algo que nasce com a pessoa e ela nasceu com um fantástico. Perguntei outro dia se já haviam feito entrevistas com ela sobre o seu sorriso ou algum tipo de pesquisa cientifica, estudo e ela disse que não. Estranho algo tão sublime nunca ter sido motivo de curiosidade.

Mesmo com o tal sorriso de ouro Ester nunca foi namoradeira. Casou cedo, teve dois filhos e vive bem como administradora da imobiliária da família lá em Contagem. A conheci quando morei uns anos lá transferido de Belo Horizonte e nos tornamos amigos, porque a imobiliária dela é quem cuidava da casa que morava. Desde a primeira vez que a vi pirei em seu sorriso, mas nunca pensei em namora-la ou outra coisa, só fiquei mesmo admirado com o sorriso.

Voltei para Belo Horizonte em Janeiro desse ano e trouxe comigo uma foto daquele sorriso. Não sei se mando emoldurar e por na sala ou se guardo na carteira para olhar quando der saudade, mas sei que sorriso como o dela não verei jamais.

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terça-feira, fevereiro 09, 2016

Elisabeth 3

elisabeth 3

Só morre quem está vivo, quem já morreu ou deixou de viver não morre mais. A questão não é filosófica, religiosa ou de cunho moral, a questão é física. A morte tem várias faces, varias interpretações, mas no fundo é uma só independente do jeito que se encare o ato em si. Maria morreu cedo, aos quinze anos só respirava, ia para a escola e voltava, todos os dias, religiosamente. Quando não estava nessa rotina entediante ficava em casa lendo livros de autoajuda. Morreu cedo porque quis, porque resolveu deixar de viver. Poderia ter ressuscitado? Não sei, nunca vi isso acontecer.

Para os que não me conhecem meu nome é Elisabeth e sou pensadora, não filosofa ou poeta. Os filósofos não têm noção de realidade e os poetas só pensam na coisa do amor e das palavras bonitas que não dizem nada. Eu penso na vida como um todo, vislumbro o que a maioria ignora e com isso consigo entender muitas das coisas que se escondem por trás de ações consideradas inofensivas, mas que possuem alto poder destrutivo. Alguém já ousou imaginar o perigo de um sorriso ou um afago? Creio que não.

Foi só depois da Maria que comecei a pensar na vida porque antes dela eu era quase uma dessas que só quer saber da casca. Vi a Maria nascer, crescer e morrer, aos quinze anos ela se foi dessa para outra que alguns dizem que é melhor, mas eu tenho duvidas de que seja. Maria não morreu fisicamente, não foi posta em um caixão e coberta com flores, ela só decidiu não mais pertencer.

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segunda-feira, fevereiro 08, 2016

Elaine 3

elaine 3

Correu o mais rápido que pode e mesmo assim não chegou. Chorou bastante antes de pegar no sono e no dia seguinte, quando acordou já não se lembrava de mais nada. Elaine era uma esquecida mesmo, uma estabanada de marca maior com uma memoria péssima. Ela conseguia lembrar o minuto passado e só, mais do que isso e ela já rateava.

Casou com o Lauro em abril, teve o Guilherme em março, reatou com o Carlos em maio e perdeu o emprego em agosto. Estava correndo para mais uma entrevista quando deu de cara com o Lauro e a memória que não ajuda, resolveu lembra-la que ele era o pai do seu filho.

- Você ainda existe?
- Você também.
- Eu fiz uma pergunta. Acho que o Guilherme ainda se lembra de você pelas fotos que estão espalhadas pela casa.
- Como ele está?
- Você quer saber do seu filho? Quer saber se ele tirou dez em matemática?
- Para Elaine. Sem drama.
- Não sou atriz de novela mexicana.
- Novela nacional também tem drama.
- Foda-se! É o seu filho Lauro! O menino não tem culpa da nossa insensibilidade.
- E eu não tenho culpa desse seu mal humor.
- Quantos anos? Minha memoria é uma merda. Cinco? Sete?
- Treze!
- E aos sete anos o Guilherme pediu que o pai fosse visita-lo e o pai não foi. Triste isso não é Lauro. Onde estava o pai dele? Com qual vagabunda estava o pai dele?
- Eu não pude ir.
- Você sabe onde seu filho mora?
- Ele mora no mesmo endereço que a mãe dele e o amante dela.
- Amante? Por acaso ainda temos alguma coisa? Você é corno e eu não sei.
- Não dá para trocar duas palavras com você sem que me agrida, sem que tente me diminuir. O Carlos atura isso?
- Deixa o Carlos em paz. Ele é homem, mais homem que você. Ele é o pai que o Guilherme não pediu, mas tem.
- Eu sou o pai dele.
- Você é só o merda que colocou ele no mundo, só isso!

Lauro deu as costas saiu caminhando e ela foi para casa. Chorou bastante antes de pegar no sono e no dia seguinte, quando acordou já não se lembrava de mais nada.

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domingo, fevereiro 07, 2016

Débora 3

debora 3

- Meu nome? Alguém chamou? Ninguém?

Não sei por que me importo, ninguém me chama pelo nome mesmo. Sou Débora Nascimento Silva, mas todos me conhecem como Tigresa. Trabalho na noite sou da noite.

O termo prostituta não me representa. Ninguém me representa. Puta não tem representatividade. Pau quando sobe não quer saber disso.

O lençol quase nunca é lavado, só trocado. Vira o lado e chama o próximo cliente. Não dá para usar com muitos, acho que uns três ou quatro, porque depois tem que mandar para outro lugar. Um dia lavam, um dia, não sei quando.

Querer essa vida todas dizem que não querem, mas a maioria não larga, mesmo depois que na teoria dá. Umas gostam, outras acostumam e tem também as que não sabem fazer outra coisa, a maioria delas.

Vou aposentar quando ninguém mais quiser, mas isso vai demorar. Com sessenta e cinco anos faço de três a quatro programas por mês e para mim está bom. Querer demais atrapalha, ter demais atrapalha, ser demais atrapalha.

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sábado, fevereiro 06, 2016

Daniela 3

daniela 3

Queria poder descansar sem precisar olhar para o céu a cada vez que pensasse em nós. Queria só descansar mesmo sem preocupação, sem nada de dia seguinte ou próximo feriado. Só descanso. Sombra e agua fresca? Dispenso. Isso é bom ou ruim? Isso é necessário.

Quem precisa de dia marcado tem algum problema e se gosta disso, tem mais problema ainda. Eu sou chegada à simplicidade das coisas mais simples do mundo. Andar descalça, tirar a roupa, rir de bobagem, dormir sem hora para acordar, sonhar. Sou realmente a favor daquilo que me faz bem.

Terapia já fiz bastante e nunca gostei, não me adaptei, não funcionou. Agora eu faço o que me dá na telha e mando a merda quando me enchem o saco, que eu nem tenho e não quero ter. Homem é um porre quando quer e quando não quer. Tenho noivo que vai virar marido em breve e não estou com pressa. Já compramos as alianças, meu vestido é lindo e só. Ele quer demais, minha família quer demais, meus amigos querem demais. Eu quero, mas só o suficiente para não ser a diferentona da turma, a antissocial do bairro Peixoto.

Foda que quando eu nasci ninguém me disse que tinha isso, que tinha essa coisa de escolha e toda a dificuldade que é ter que fazer carão de quem está gostando. Acho toda essa hipocrisia uma coisa chata demais, algo que não tem explicação. Eu me chamo Daniela, não sou obrigada, mas estou aí para o que der e vier.

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sexta-feira, fevereiro 05, 2016

Claudia 3

claudia 3

- Tem medo não mulher que morrer faz parte, não dói e está no pacote.
- Que pacote
- No pacote da vida.
- Não comprei ou pedi pacote nenhum, quero não.
- E tem querer?
- E tem quem obrigue?
- Menina é a vida, não é novela. Não pode pegar o controle remoto e desligar, tem que viver, tem que sofrer, tem que chorar, tem que ganhar, tem que perder, tem que se emocionar e no fim de tudo tem que morrer.
- Eu quero fazer tudo isso e mais um pouco, mas não quero morrer. Porque mesmo é que tem que morrer?
- Porque não podemos ficar para semente, não podemos criar raiz como arvore.
- Não sou arvore, só quero permanecer.
- Você já pertence, não precisa permanecer. Tenta apenas sentir, sonha com algo bom e deixa fluir. Para de se apegar e só faz o que tem que ser feito. Vai por mim, vai ser melhor assim.

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quinta-feira, fevereiro 04, 2016

Dias el sol

dias el sol

Está perto de mudar
Só um pouco pra esperar
Não custa acreditar
No que pode ser verdade
Baby, é só querer
E ter tempo pra esquecer
Mesmo se você
Duvidou
Está perto de mudar
Só um pouco pra esperar
Não custa acreditar
No que pode ser verdade
Baby, é só querer
E ter tempo pra esquecer
Mesmo se você
Duvidou
E se sentiu só
Tudo o que está por vir
Virão, virão, virão
Dias de sol
Dias de sol, virão dias de sol

Patricia Marx

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