Leia antes: Teoremas de uma busca anunciada I | Teoremas de uma busca anunciada II
Cá estou eu de novo e outra fila com um monte de gente que não saca nada de nada. Ainda tô no mês de maio e nada aconteceu ainda. "Bisonhos" sempre existem.
Penso comigo: Porque esperar tanto? Deixa para lá.
O que me consola nessa fila é a menina a minha frente, ela é linda. O resto é o resto.
Que porra! O que me mata nessas filas interminaveis que sobem escadas e dão voltas em ruas, praças e esquinas, é que você nunca sabe o que acontece e a cada momento chegam mais e mais pessoas ávidas por informação.
"É aqui a fila da inscrição?"
Novamente, é sempre assim quando começo a escrever, sempre querem saber o que escrevo e a menina à minha frente continua linda e maravilhosa.
Abre-se a porta do elevador e sai mais um àvido por informação. Que chato! Pessoas se entreolham querendo informação, todos se olham. Babacas fazem graça, querem ser comediantes. Que chato de novo!
Tô maluco, por ser maluco de verdade. Os caras mais acima de mim sabem de tudo, são uns entendidos, pelo menos acham que são. Não vou decepciona-los, coitados.
Aparecem pessoas que são do negócio, mas só aparecem e nada mais. Tô curiosissimo. Tem bebedouro aqui e um cara que pensa que é o rei da cocada preta. O bicho vai pegar.
O que mais odeio nesses caras é que eles acham qie podem tudo. Só acham, porque pelo menos comigo, eles não podem e não vão poder nada. Que chato novamente!
Começam a aparecer explicações e eu tô quase tendo a certeza de que o negócio é vendas. Que porre! A menina à minha frente continua linda e é uma pena que a sua beleza seja desperdiçada numa fila como essa.
O cara já me notou escrevendo, que legal!
Os caras fazem gracinhas, são uns humoristas natos! Gente chega e já é dispensada. O cara não para de me olhar, ta curioso de saber o que eu escrevo. Vou mandar ele para aquele lugar. Eu gosto disso.
Fichas sobem e descem, pessoas vão e vem.
A menina à minha frente entra sala adentro, que pena, vou ficar sem a sua beleza. Uma menina sai e diz que pode ser arte ou cinema, que loucura! As pessoas interpelam a menina, querem saber de tudo. Eu vejo pessoas entrarem mas não vejo sair.
Aparecem mais pessoas com crachás, sem crachás, só pessoas que não enriquecem nada. Que chato mais uma vez.
Já vejo daqui a menina que estava na minha frente, sentada em uma cadeira e sem nada a fazer. O carinha metido, me olha insistente enquanto chama um tal de Marcelo e segura carteiras de trabalho. Tô causando preocupação.
Parece que é venda de assinaturas. Começam a me perguntar coisas que eu não sei. A menina que estava à minha frente, agora está sentada perto de mim, eu tô, parece, esperando para entrar em outra sala e preencher uma ficha.
Perguntam pro carinha como é que ele está. Ele diz que está mal, dor de cabeça mata. Ele grita o nome de um cachorro e diz que precisa dele. A linda menina à minha frente entra na sala para preencher uma ficha. Que chato! Essa expressão está ficando chata.
Reunião da cupula, a coisa está ficando feia. Tô bolado, um porta retrato em preto e branco com a foto de vários artistas me faz acreditar na história da menina que saiu de lá de dentro.
Já vi que vou esperar horas sem nem ter tomado café. Saem as mulheres, ficam os homens, o nervoso começa a me bater. Quem tem conchavo se dá bem. O cara só sabe gritar o nome dos outros, que cara mala.
Me levaram os documentos todos, já preenchi a ficha e tem um cara estranho de crachá e uma mulher fatal na mesma sala que eu, selecionando o pessoal. A menina linda que estava à minha frente, agora está sentada longe de mim, mas pelo menos a sua beleza eu ainda posso ver e admirar.
A sala estava muito boa sem o cara e a mulher fatal, que voltaram mas já sairam de novo. Vai ter festa!
Fogos na saída de um candidato que esperava demais, que sorte para ele. Pessoas ao meu lado preenchem fichas, a minha já foi e só para não dizer que não falei, a menina que estava à minha frente e que continua sendo linda, continua sentada longe de mim, mas isso em termos, pois meus olhos a alcançam muito bem. Aguardo melhoras.
Continua...
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