sexta-feira, outubro 09, 2009

Eu posso tocar o céu

 

rosto13

 

Descobri as nuances de muitas das coisas que eu achava estarem inertes em mim. Descobri, na verdade me dei conta, de que é possível amar e ser amado quando se está em paz consigo mesmo, com seus sentimentos em relação a seus semelhantes e com relação a tudo à sua volta.

Descortinei as janelas da minha alma, vislumbrei o céu azul e pude tocar nele. Você estava lá a minha espera como no primeiro dia em que nossos olhos se cruzaram e eu vi que você não fazia parte de mim como um todo, mas estava inserida dentro de mim como nunca alguém esteve.

Um sorriso apenas, naquela instante, fez toda a diferença entre o que realmente estava acontecendo e o que aconteceu. Eu descobri você. Olhei as estrelas da última noite como quem admira o desconhecido, com os olhos cheios de curiosidade e espanto. Elas com seu brilho intenso me transmitiam a paz necessária para me trazer a serenidade e a calma para pensar nos momentos em que sozinho passei noites em claro sem ter com quem dividir minhas angustias, os meus medos e o meu sofrer.

O som do silencio, meu único companheiro de solidão, até hoje me faz companhia quando preciso desabafar comigo mesmo meus sonhos mais pueris. Sonhos de criança, sonhos de um menino com medo de voar, de um homem com medo de não saber como pousar, sonhos de uma noite de luar.

Quando o sol se põe e aquece meus sentidos, já estou inerte em minhas obrigações mentais, minhas elucubrações diárias de uma vida cotidiana.

Apenas uma taça, uma misera taça derramada sobre os lençóis, um pedaço de mim escorrendo por entre tramas de tecido e sendo absorvido por instantes de loucura, tédio e desilusão. É assim que tudo termina e é assim que chego ao fundo. Não vejo a luz do fim do túnel, não vejo saída e não tenho esperança. Viver me basta, mas eu não sou feliz.

Vagando entre as sombras de um passado ausente, eu construo um futuro distante da realidade, mas próximo daquilo que me tornei, um pequeno fragmento de nada.

Preciso apenas de mim e de quem me queira, preciso estar cercado de vontades e verdades diretas, de desejos concretos e de brilho nos olhos. Talvez eu não precise de você. Eu não preciso de você, se for apenas para ser mais uma no curto espaço de tempo em que me permito ser usado. Não preciso de você e nem precisarei se você comigo não puder partilhar o seu melhor, o seu todo.

Eu não estava pronto, assim como nunca vou estar, mas ainda assim eu ousei fazer de conta que ainda podia ser de alguma forma, especial para os seus olhos e para os olhos mais brilhantes que já conheci. Eu vi o céu, eu vi as estrelas, contemplei o luar e me permiti sorver a última gota da taça enquanto ela ainda existia.

Com a generosidade de uma verdadeira dama e a ousadia de uma devassa, você cruzou o meu caminho. Seus olhos ávidos por uma nova descoberta, encontraram os meus e assim nos olhamos por alguns segundos. Você se foi mas o ar impregnado pleo seu perfume, ainda me enebria e pelo simples fato de sentir a sua presença em todos os lugares, é que ainda continuo existindo.

Com o sorriso mais intenso que já vi, uma simples palavra sua foi o suficiente para me levar as nuvens e tê-la em meus braços é o sonho que acalento até hoje.

Mas simplesmente como se não fizesse sentido, acordei no meio da noite com o seu gosto e a lembrança das frágeis capsulas de sentimento que ainda guardo em mim.

Mais uma garrafa e cá estou de novo com a minha solidão. Como captar e acender a centelha de esperança que ainda me dá forças para mais um gole? Abrindo mais uma garrafa ou desabafando comigo mesmo os meus delírios de contentamento?

Quem sabe você não vem me resgatar do meio desse vazio de idéias e ideais. Quem sabe você apenas não me dá a mão e juntos vamos caminhar.

Eu posso ter as estrelas, me iluminar com o brilho do luar, mas não posso sofrer em vão.

Eu posso tocar o céu!

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