domingo, janeiro 26, 2014

Pedaços de papel 2

pedacos de papel 2

Mostrei os pedaços do papel rasgado a tantas pessoas nesse mundo, que nem sei mais o que poderia acontecer de errado com o documento. Registrei em cartório minhas alegações, modifiquei meus votos e conclui que não há mais nada a ser feito, pelo menos não enquanto eu ainda for um rebelde sem causa ou um desafortunado.

Não tive muita sorte nesta vida, nem para escolher a roupa certa para cada ocasião. Casei-me de branco, fui batizado de vermelho e encarei minha primeira reunião importante de bermudas e chinelo de dedo. Fui demitido tantas vezes quantas foram necessárias, nunca fiquei tranquilo recebendo ordens de pessoas com menos capacidade, seja técnica ou intelectual, do que eu. Mandei muitos chefes à merda e outros tanto para outros lugares que vocês já devem saber quais.

No dia em que sai da concessionaria com meu carro novo, o primeiro dos três que tive, bati em um poste logo na primeira curva e tive minha primeira perda significativa, nem seguro eu tinha. Dois meses depois comprei outro carro e com ele fiquei por cinco anos até decidir que precisava de mais espaço. Comprei um SUV bem grande e permaneço com ele até hoje, mesmo que encostado na garagem.

Namorei a Lucia por tantos anos que quando rompemos tive que contratar um caminhão para levar as coisas dela. Como ela conseguiu deixar tantas coisas no meu espaço minúsculo isso eu não sei, mas quando o caminhão retirou todos os itens senti que poderia esticar as pernas quando sentasse no sofá.

E foi assim, de tanto esticar as pernas, que acabei casando com uma moça de longas pernas. Vivemos bem por uns anos, melhor por outros tantos, mas um dia não deu mais e cada um seguiu seu caminho. Melhor assim para mim, para ela e para todos aqueles que sempre foram a favor da felicidade que eu tento alcançar.

Hoje recolho os pedaços de papel rasgado e tento apenas continuar aquilo que comecei.

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