sábado, dezembro 27, 2014

O inexplicável homem de amarelo

o inexplicavel homem de amarelo

Vestia amarelo e não cinza porque lhe era mais conveniente. Vestia amarelo também porque gostava e se impressionava com o efeito que os raios de sol, refletidos em sua roupa, causavam nas pessoas. O inexplicável homem de amarelo era solitário, apesar dos sorrisos, do jeito amável de ser e das flores que cultivava no jardim.

Difícil entender um homem que vestia amarelo da cabeça aos pés, recitava Drummond e ouvia Hendrix. Curioso pensar que ele morava na ultima casa da rua, ao lado de uma frondosa arvore, com uma vista divina para as montanhas. Recebia poucas cartas, nenhuma visita, mas saia com frequência. Caminhava todos os dias pela manha acompanhado de seu indefectível moletom amarelo, jornal debaixo do braço e um sorriso no rosto.

O homem de amarelo não tinha amores, pelo menos não que as pessoas conhecessem. Nunca foi visto acompanhado de uma bela dama, mas sempre era pego a admirar as que passavam pela avenida. Talvez fosse um sonhador, desses que pensa encontrar a princesa na torre mais alta do castelo ou talvez fosse apenas tímido demais para investir em uma conquista.

Hoje, dois dias após o natal, o homem de amarelo foi visto colhendo flores. Girassóis. Estava sorrindo e cantarolando uma canção do Roberto. Cumprimentou quem passava, suspirou e antes de entrar abriu os braços como que em saudação ao sol. O homem de amarelo, por mais enigmático que possa parecer, é um sujeito simples, desses que vemos todos os dias por aí. A maioria não veste amarelo, mas é igualmente renegada a seu próprio universo particular.

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