quinta-feira, julho 24, 2014

O que sobrou

o que sobrou

Sobraram tantas migalhas de pão na mesa de jantar que até os pombos se convidaram para uma xicara de chá. A casa ficou cheia, não tínhamos chá suficiente para todos, mas eles não puderam reclamar das migalhas de pão, essas não faltaram, todos se alimentaram bem. Vendo os pombos ali, em nossa mesa de jantar, comendo as nossas migalhas de pão, lembrei-me de alguns de nossos momentos, quando usávamos aquela mesa não só para as refeições do dia a dia. Lembrei-me do dia em que a compramos e você sentou sobre ela, assustando o vendedor, apenas para saber se ela resistiria as nossas loucuras.

Ela resistiu, está aqui até hoje, infelizmente você não. Fizemos loucuras demais, acho que foi isso, nossas loucuras acabaram com o que tínhamos de melhor, a nossa sanidade. Enquanto estávamos sóbrios a vida era exatamente como descreviam os livros, mas quando nos embriagávamos de amor às coisas saiam do controle.

Brigamos demais por ciúmes, sofremos demais por excesso de vontade, alimentamos uma obsessão quase que doentia por nós, por aquilo que representávamos quando estávamos juntos e por mais que quiséssemos não conseguíamos aceitar viver nossas vidas em separado.

Ainda tenho as migalhas, os pombos se foram. Ainda tenho as lembranças, os retratos, os guardados, você se foi.

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