quarta-feira, agosto 10, 2011

Eu fujo de mim para não te encontrar

eu fujo de mim

O par de tênis no canto da sala, inerte, era apenas um objeto decorativo do nada. Um objeto, um calçado se assim for de melhor compreensão, deixado em um canto escuro. Prova de um nada, referência de passos nunca dados.

Caminhando descalço a tatear no escuro da solidão interior, enxerguei lá no fundo uma ponta de esperança e a ela me agarrei. Foi inútil eu sei e por isso continuei a caminhar, descalço, e a buscar por algo que nunca vou achar.

Eu fugi dos meus medos, não encarei a realidade como deveria, fui vencido por algo menor. É triste eu sei, não a coisa como um todo, mas o fato de você estar lendo estas linhas. Elas não deveriam ter sido escritas. Foram como uma tentativa vã de me guiar, mas tão somente serviram para me desviar.

Explicações de papel assinadas em duas vias carimbadas não solucionam o real motivo, muito menos aliviam o peso que a carga emprega sobre o peito. Ele ainda bate, devagar, mas constante e ritmado.

É tão difícil correr assim, sem ar, sem poder gritar. Eu fujo de mim, mesmo sem conseguir, para não te encontrar.

Como eu gostaria de poder chorar.

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