quarta-feira, junho 03, 2009

Inspiração

 

privada

 

Tem dias em que você acorda inspirado, em especial naqueles dias em que no anterior você foi inventar de comer aquele angú à baiana na barraca que fica próximo a sua casa. Nada contra a barraca e nem contra a “tia” que prepara o angú, mas sim contra o raio do tempero do tal angú, que detonou o seu estomago e te deixou no “trono” o dia todo.

Bom, eu um dia desses resolvi fazer isso e no dia seguinte qual não foi a minha surpresa ao constatar que aquele produto que o Pedrinho usa na propaganda, não funcionava lá em casa ou que eu devia estar em estado de putrefação. Nossa, o cheiro era tão ruim que eu mesmo queria ficar longe de mim, o problema é que eu não conseguia e tinha de aguentar.

Abri todas as janelas e maldisse os filhos da pu**ta dos engenheiros que colocam aqueles basculhantes pequenininhos nos banheiros e não colocam logo uma janela bem grande e um imenso depurador de ar em cima da privada.

Depois que consegui sair do “trono” eu estava bem mais aliviado mas não podia prever por quanto tempo minha paz ia durar e por isso tratei logo de tomar um desses remédios para mal estar. Eu sei que esses remédios em sua maioria não servem para os casos extremos como o meu, quando se come angú à baiana na barraca que fica próxima de casa, mas como eu não tinha outra solução, eles tinham de resolver ou servir para alguma coisa.

Tudo pronto, calça preta para evitar sustos, fui para o trabalho lépido e faceiro, confiando no tal remédio milagroso e nas orações que fiz antes de sair, mas foi só entrar no trem lotado que comecei a sentir pontadas agudas la no fundo e percebi que as coisas não estavam bem, mas era tarde demais para descer e procurar um banheiro. Segurei no semblante, fiz cara de paisagem e fui em frente, crente que nem pão quente, pelo menos até o momento que o primeiro “silencioso” resolveu sair e inundar o vagão do pobre trem com uma “suave” fragância de podre.

Nunca vi tanta gente se abanando, correndo para as janelas, com lágrimas nos olhos, cara de desespero e outras reações tipicas de quem está em estado de desespero. Alguns gritavam palavrões, as mulheres estavam horrorizadas e os homens se olhavam como que procurando um culpado e eu, olhava à todos em volta de mim, como se também estivesse procurando o “porco” “nojento” que teve coragem de fazer uma coisa dessas.

Eu sabia que até chegar na estação final o risco de outros “silenciosos” daquele ou piores eram imensos e por isso, decidi que ate chegar ao fim da viagem, em cada estação, eu iria compartilhar com os companheiros dos outros vagões, o sofrimento e a dor que os passageiros do vagão que eu estava, haviam sentido. E assim, a cada estação eu mudava de vagão e com a minha mudança mais um “silencioso” ia junto e com ele mais desespero e sufuco das pessoas do vagão. O que eu podia fazer se a droga do remédio não estava ajudando e se nem a minha concentração em pensar em outras coisas, como a loira do segndo andar estava funcionando?

Rezei para sair dali e encontra um banheiro pois depois do décimo “silencioso” eu já estava sentindo que o próximo seria algo mais próximo de um sólido. Banheiro localizado, sentei na primeira privada que encontrei e lá coloquei para fora tudo aquilo que ainda restava dentro de mim e como restava coisa, fiquei lá por mais de quarenta minutos, isso porque os bombeiros usando mascaras de gás, arrombaram a porta para me salvar ou achando que tinha alguém morto há dias lá dentro.

Explicações dadas, os bombeiros disseram que iam mandar a vigilância sanitária na barraca onde eu comi o tal angú e ela nunca mais iria fazer mal a sociedade e me recomendaram voltar para casa de táxi, pois além de ser mais rápido, menos gente sofreria, apenas o motorista. Mas como eu tinha reunião importante no trabalho, o máximo que eu fiz foi passar na farmacia e tomar mais um desses remédio para gases e para o estomago. Sim, eu sabia que podia não funcionar, mas antes isso do que deixar de entregar os relatórios da reunião e ser mandando embora.

O caminho até o trabalho foi tranquilo pois eu fui a pé e por isso aproveitei para liberar o máximo de gases que eu pude, assim quando chegasse lá, o estoque já estaria acabado ou pelo menos no fim. As plantinhas iam morrendo pelo caminho e eu realmente não tinha a noção do quanto ruim eu estava. Um cachorro tentou me morder, mas aí eu soltei um do tipo metralhadora e o bichinho desmaiou. Me deu um pouco de pena, mas eu já estava atrasado demais para o trabalho e não pude parar para ajuda-lo.

Resolvi que o melhor a fazer era me concentrar no trabalho que com o pensamento focado, as chances de alguma coisa de ruim acontecer eram bem menores. Sentei na minha cadeira, nem comprimentei ninguém e fui mandando brasa no trabalho.

Depois de mais de duas horas eu não havia soltado nenhum “silencioso” e muito menos de outro tipo e nem tive vontade de me ausentar para usar o banheiro, eu estava curado, graças a Deus. Mas foi só eu começar a relaxar que a porra da rolha que eu providencialmente havia colocado lá, se soltou e aí fudeu de vez.

Hoje, eu trabalho como ajudante na barraca que vende angú à baiana e que fica próximo a minha casa, eu nuca mais comi o angú que é preparado lá e sempre que posso tento avisar aos incautos sobre os efeitos do dia seguinte. Como ajudante na barraca eu ganho apenas um salário minimo, mas depois que comecei a vender rolha para os que comem o angú, fiz uma fortuna.

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