sexta-feira, novembro 06, 2009

In-fideli-cidade – Re-postagem

Este post foi feito originalmente em 15 de julho de 2007, mas está tão atual que resolvi fazer algo que não gosto, re-postá-lo e você pode ver o original aqui: In-fideli-cidade

 

casal30

 

No post anterior eu falei de vida de novela, daquela vida que as pessoas levam como se estivessem no horário nobre, são infelizes e assim o permanecem porque é assim que as outras pessoas as querem ver. Nas ruas, nas festas e em todos os outros locais de convivência, eles são o casal 20, homem nota 10 com a mulher nota 10, mas depois que se trancam em seu mundo eles voltam a realidade e são o homem -5 e a mulher + 1 ou coisa do tipo.

Isso é assim porque as pessoas querem que seja assim e permitem que seja assim, não querem e nem tem a intenção de desfazer essa suposta harmonia familiar. Quando se tem filhos, as coisas complicam ou melhoram um pouco, mas não passa disso. Os filhos crescem, o casal envelhece e a vida acaba.

Nem todos os casais são assim, antes que me atirem pedras e me coloquem na forca, alguns conseguem aliar todas as coisas boas e ruins de um relacionamento e constrõem algo mais forte e solido, algo real. Esses casais são felizes e se completam, sabem os limites de uma vida de novela e de uma vida de verdade, uma vida que vai ao supermercado de bermuda, que lava a louça com bombril, que anda descalço em casa, enfim uma vida normal sem efeitos especiais.

Eu disse no post anterior que não acreditava em infidelidade e na verdade eu não acredito mesmo, eu acredito sim é na desosnestidade e na falsidade. Não posso ser taxado de infiel se eu não gosto de você ou se não mais lhe quero como minha, mas posso ser taxado de desosnesto e de falso se não lhe digo isso com todas as letras.

Quando ela conheceu o Luiz ela não esperava que fosse se apaixonar por ele assim de primeira, ela achou que o Luiz seria apenas mais um carinha com jeito de homem que sairia com ela e ficaria por isso mesmo. Ledo engano porque eles sairam uma, duas e diversas vezes até que resolveram namorar, noivaram em menos de 1 ano e depois de 2 anos já estavam casados e felizes, instalados em uma nova casa com vista para o mar. O apartamento era o sonho de qualquer casal, tinha suíte privativa e amplo salão, academia, vizinhos barulhentos e maniacos-obsessivos e porteiros curiosos.

Luiz ganhava bem e trabalhava muito, ela trabalhava normal e ganhava na média, conseguia pagar por seus absorventes e peças intimas. Luiz dava conta do resto e ainda bancava as orgias de fim de semana: Pizza de sábado e lasanha de domingo.

Um dia ela descobriu que queria mais alguma coisa e percebeu que o Luiz não podia comprar esta coisa para ela e nem tinha como lhe dar esta coisa e o que ela fez? Se resignou, convencendo-se de que isso era normal e que nem todos podiam ter tudo aquilo que desejavam. Se por um lado ela estava certa, por outro o seu intimo continuava a lhe dizer que ela ainda precisava dessa coisa.

Anos se passaram e o Luiz conheceu a Glória, não o bairro e nem a apresentadora, mas a moça de olhos azuis e cabelos alvos como a luz do sol com quem ele começou a sair depois do trabalho para um chopp, uma passada no motel, uma transa sem compromisso e um sexo casual. Nada demais, todo homem faz isso de vez em quando.

Mas o Luiz não era um homem comum e por isso não deixou de dar assistencia a casa, comparecia quase todos os dias e não dava espaços para a concorrência. Mas isso já não estava funcionando pois desde o dia em que ela descobriu que queria uma coisa que o Luiz não podia comprar e nem lhe dar, ela não dava a mesma importancia para as coisas, tudo passou a ser apenas tudo o que ela já estava cansada de conhecer e de saber como seria antes mesmo de começar.

Foi quando o Igor, dono de um quiosque na praia, na verdade ajudante do dono de um quiosque na praia, olhou para ela e ela olhou para ele, que as coisas começaram a mudar pois ela viu que o Igor não poderia lhe comprar o que ela tanto queria, mas podia lhe dar o que ela tanto queria. Seus olhos brilharam e ela aventou a real possibilidade da felicidade, mas esta felicidade estava diretamente ligada a vontade do Luiz e será que ele permitiria que ela fosse feliz?

Depois do escandalo feito e das palavras carinhosas proferidas pelo Luiz para ela, a relação acabou e o que havia começado como um caso de amor eterno, se tornou mais um caso de traição conjugal. Ela, a infiel, foi banida da sociedade e não teve direito nem a defesa. O Luiz, se juntou a Glória e o Igor, nem quis saber porque para ele, só servia sair com uma mulher sem problemas, em suma, resolvida na vida, com marido, familia e que tais.

Ela, sem nome, representa todas as mulheres espalhadas por esse mundo, que desejam ser felizes e não sabem como, representa a luta dessas mulheres por um lugar ao sol e pelo direito de poderem dizer que amam, são amadas e se sentem felizes por isso.

Será que se ela não tivesse sido honesta com o Luiz, seria chamada de infiel? Será que se ela mantivesse um caso extra-conjugal ela seria taxada de impura? Apenas por não querer ser desonesta com o Luiz, ela resolveu contar a ele o que sentia e o que desejava, nada demais, ela quis apenas lhe dizer que apesar de estar bem ao seu lado ela não era feliz pois algo lhe faltava.

Ela pagou por ter coragem.

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