sábado, fevereiro 14, 2015

A dor do parto

a dor do parto

Fui fazer balé. Balé, com sapatilha, meia calça e saia prensada. Nem sei para que a saia prensada se já tem o collant, pois no final das contas a saia atrapalha mais do que ajuda. Nunca fiz balé na vida, nunca fiz exercício algum, nunca fiz nada. Sempre fui daquelas de não fazer porcaria nenhuma nem para mim e muito menos para alguém. Louça, roupa, nunca lavei nada, nem um copo ou uma calcinha. Sou mulher, não nasci para os serviços do lar.

Balé, bendito balé. Posições impossíveis de serem executadas por uma pessoa normal. Ana Maria Botafogo é um ser de outro mundo, ela e todas aquelas do Bolshoi, como elas conseguem ficar na ponta dos pés daquele jeito, sem cair. No primeiro dia de aula já estou com os pés cheios de bolhas e não estou nem a meia hora andando de um lado para o outro. É sapatilha apertada, meia calça apertada, collant apertado, tudo apertado, como se consegue respirar usando isso tudo?

Começamos com o Placement, passamos para o Plié e seguimos para o Pointe. Quando cheguei no Pointe Tendu já não sentia as pernas, os braços e nem sabia onde estava. Pensei muito em como o mundo era injusto, em como as pessoas eram ingratas e pensei também em todo o trabalho que minha mãe teve para me por no mundo. Ela deve ter sofrido bastante, coitada e eu aqui reclamando de um simples Penché. Rasga daqui, puxa de lá, vira, revira e sai de dentro dela uma pessoa como eu, enorme, magra e chorona. Ela sim pode reclamar de alguma coisa. Eu no máximo posso largar esse troço de balé e pensar em tomar rumo na vida.

Imagem do post: Google

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